Autor
Jean dos Santos Silva – Engenheiro agrônomo, mestrando em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA) – santos.jean96@yahoo.com.br
O magnésio (Mg) é um macronutriente, e dentre suas funções é constituinte central da molécula de clorofila, sendo de suma importância para a fotossíntese. Além disso tem papel importante na absorção de fósforo (P) pela planta.
Ele é absorvido na forma Mg2+ pelas raízes, principalmente por interceptação radicular e fluxo de massa. O sintoma de sua deficiência se apresenta na forma de clorose internerval em folhas mais velhas, sendo mais comum na época de granação dos frutos.
A faixa crítica do teor foliar de Mg está entre 3,5 a 5,0 g/kg. Já em uma análise de solo é de 0,9 a 1,1 cmolc/dm3. Todavia, deve-se atentar aos níveis de cálcio (Ca) e potássio (K), que podem inibir a absorção de Mg pelas raízes do cafeeiro por competição.
No caso, a proporção de Ca:Mg:K no solo deve seguir 9:3:1. O desequilíbrio dessa proporção por parte de excessos na adubação com potássio é um dos principais problemas que causam deficiência de magnésio nos cafeeiros, devido ao uso desmedido dos formulados NPK 20-00-20 ou 20-05-20 por parte dos produtores, o que eleva o nível de potássio no solo ao longo dos anos, causando deficiência de magnésio por inibição competitiva.
Cultivares x magnésio
A eficiência de absorção e uso de magnésio por cultivares de cafeeiro irá depender do metabolismo específico de cada uma. Um exemplo são cultivares que apresentam maior potencial produtivo – estas são mais exigentes não somente em magnésio, mas também nos demais nutrientes.
Na literatura, é possível encontrar estudos relacionados à produção de mudas de cafeeiro, e algumas relações sobre a diferença por exigência em magnésio de cultivares em produção. Silva, D. M. et al. (2014) em estudos sobre a deficiência de magnésio em mudas de Coffea arabica L. demonstraram que a cultivar Catuaí foi mais sensível à falta do nutriente em relação à cultivar Acaiá.
No entanto, para cafeeiros em produção, essa tendência se inverte, sendo cultivares mais precoces e de porte alto como Acaiá e Mundo Novo mais sensíveis à deficiência de magnésio em relação a cultivares mais tardias e de porte baixo, como Catuaí.
Manzatto, H. R. H et al. (2003) explica esse comportamento se deve ao fato de cultivares mais tardias terem sua concentração do nutriente no fruto aumentada gradativamente, permitindo que a planta não necessite de maior quantidade de magnésio em um curto espaço de tempo, como acontece nas cultivares precoces.
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Neto, J.D. et al. (2014) evidenciou em estudo que mudas de Coffea canephora das variedades Emcapa 8141 e Conillon M.1. são menos eficientes em absorção de Mg em relação à variedade Apoatã e às cultivares de C. arabica: Oeiras, Mundo Novo e Catuaí.
Matiello, J. B. (2020) cita que cultivares de C. arabica que são originadas de cruzamentos com híbridos de C. canephora, que é o caso da cultivar Icatu, são mais exigentes em magnésio, por exemplo cultivares do grupo Catucaí (Icatu x Catuaí).
Como corrigir o magnésio no solo
A necessidade de magnésio no cafeeiro pode ser suprida pela calagem, no entanto, o tipo de calcário deve ser adequado à análise de solo. Quando a correção por meio da calagem não é suficiente, outras fontes sugeridas são o sulfato de magnésio (9% de Mg) e o óxido de magnésio (45 a 54% de Mg), sendo esse último de baixa solubilidade.
Apesar desses detalhes em relação a diferentes cultivares e esse nutriente, a sensibilidade à falta de magnésio não irá causar problemas se o solo do cafeeiro estiver com a fertilidade bem construída. Por isso, é indispensável a orientação de um engenheiro agrônomo, que com o uso de ferramentas como análise de solo e análise foliar irá orientar no fornecimento adequado do nutriente ao solo.