Ernani Clarete da Silva
Professor da Universidade Federal de São João del-Rei – UFSJ
Em produção vegetal, o parcelamento das adubações em cultivos convencionais é um procedimento indispensável denominado tecnicamente de adubação em cobertura.
Um correto programa de adubação deve levar em consideração, dentre outros fatores, as condições climáticas, bem como as exigências nutricionais da planta em cada momento de seu ciclo de vida ou estádio fenológico. Essas informações são de grande utilidade para o manejo do cultivo, já que os fertilizantes têm uma dinâmica e um comportamento diferenciado quando colocado no solo e à disposição da planta.
O ideal seria que os fertilizantes fossem aplicados de uma só vez quando do plantio e em quantidades suficientes para atender as necessidades da planta do início ao final do seu ciclo. Essa prática resultaria em redução do custo da produção, já que haveria redução na mão de obra e um melhor aproveitamento pela planta.
Em olericultura, essa possibilidade é relevante, uma vez que se preconiza um grande número de adubações em cobertura, dependendo da espécie olerÃcola explorada. Para alguns fertilizantes, a exemplo dos fosfatados, a aplicação toda no plantio é utilizada em função de não haver restrição técnica para este procedimento.
Entretanto, para fertilizantes potássicos e, principalmente, os nitrogenados, o parcelamento das aplicações é prática obrigatória devido a razões técnicas amplamente divulgadas e conhecidas.
O nitrogênio
O nitrogênio é o nutriente exigido em maior quantidade. Embora seja um dos nutrientes que proporciona maior resposta das plantas, em termos de produção de frutos, pouco se conhece, ainda, a respeito das melhores doses e época certa de utilizá-lo em cobertura, que permitam a obtenção de rendimentos satisfatórios. Por outro lado, o alto nível de nitrogênio no solo resulta em grande desenvolvimento vegetativo em detrimento do reprodutivo.
Especificamente para o cultivo de batata, a Comissão de fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, 5a Aproximação, recomenda a aplicação de 190 kg ha-1 de N, orientando que seja parcelado em, no mÃnimo, duas aplicações: 20% do total no plantio e o restante aos 35 dias do plantio em cobertura.
Fertilizantes de liberação lenta
Em termos de cultivo de hortaliças, os fertilizantes de liberação lenta podem ser uma alternativa viável no sentido de suprimir as adubações em cobertura (parcelamento) e, consequentemente, reduzir o excesso de adubação.
Os fertilizantes de liberação controlada já existem comercialmente há mais de 35 anos nos Estados Unidos da América. No entanto, devido aos altos custos e à falta de experiências nos processos de produção, apenas recentemente, com o aumento das práticas de conservação do meio ambiente, começaram a ser utilizados na agricultura em grande escala.
Os primeiros fertilizantes de liberação controlada introduzidos no mercado eram fontes de nitrogênio, como, por exemplo, a ureia revestida de enxofre. Os fertilizantes nitrogenados revestidos com enxofre contêm de 30 a 42% de N e de 6% a 30% de S, além dos selantes e condicionadores.
Com a expansão da tecnologia, existem hoje fertilizantes de liberação controlada que são fontes de potássio, fósforo e alguns micronutrientes. Entretanto, os que são fontes apenas de nitrogênio ainda dominam o mercado, porque este é um nutriente de grande mobilidade e possível de ser perdido por lixiviação.
O que são
Um fertilizante pode ser descrito como de liberação lenta se o(s) nutriente(s) que o compõem, declarados como de liberação lenta, sob condições definidas, inclusive sob temperatura de 25°C, seguir cada um dos seguintes critérios:
– Menos de 15% for liberado em 24 horas;
– Menos de 75% em 28 dias; e
– Pelo menos 75% ao final do tempo indicado para liberação.
Não existe nenhuma diferença oficial entre fertilizantes de liberação lenta e de liberação controlada. A Associação Americana Oficial de Controle de Nutrição de Plantas (AAPFCO) usa os dois conceitos em seus termos e definições oficiais.
Entretanto, os produtos de decomposição microbiológica do nitrogênio, tais como ureia-formaldeÃdos, são geralmente referidos no comércio como fertilizantes de liberação lenta, e os fertilizantes revestidos ou encapsulados, como fertilizantes de liberação controlada.