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Gesso: Quanto aplicar na formação e produção do cafeeiro?

Autores

Mariana Thereza Rodrigues VianaEngenheira agrônoma e doutora em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)marianatrv@gmail.com

Harianna Paula Alves de Azevedo Engenheira agrônoma e mestra e doutoranda em Fitotecnia – UFLAharianna_tp@hotmail.com

Plantação de café – Crédito: Ana Maria Diniz

A indicação de uso do gesso muitas vezes superestima seus efeitos, fazendo crer que o produto resolve ou traz vantagens para todos os casos. No entanto, na sua recomendação devem ser observados os resultados experimentais do uso em cafezais.

O uso do gesso agrícola nos cultivos brasileiros hoje já está bastante difundido. Os produtores, que antes não acreditavam nos seus benefícios, têm visto na prática todas as vantagens de utilizar este insumo nas lavouras.

A maioria dos solos brasileiros que são utilizados nos cultivos, atualmente, são ácidos e bastante pobres em alguns nutrientes, principalmente nas camadas subsuperficiais. E o gesso tem auxiliado no manejo dessas camadas mais profundas do solo.

Antes de tudo, análise de solo

A utilização do gesso agrícola deve ter por base a análise de solo na camada de 20 a 40 cm ou 30 a 60 cm. Assim, se apresentarem teores de Ca2+ menor ou igual a 0,4 cmolc/dm3, ou teor de Al3+ maior que 0,5 cmolc/dm3, ou saturação por Al3+ maior que 30%, deve-se proceder com a aplicação.

Para a aplicação é necessário utilizar alguns critérios, levando em consideração a textura do solo (Tabela 1) e o teor de fósforo remanescente (Tabela 2). Outro meio bem simples que pode ser utilizado é com base na necessidade de calagem, incorporando 25% da NC. Deve-se sempre lembrar de fazer a correção para a espessura da camada que se deseja corrigir, quando houver a possibilidade de incorporar ao solo.

Tabela 1. Necessidade de gesso (NG) de acordo com o teor de argila de uma camada subsuperficial de 20 cm de espessura.
Argila (%) NG (t/ha)
0 a 15 0,0 a 0,4
15 a 35 0,4 a 0,8
35 a 60 0,8 a 1,2
60 a 100 1,2 a 1,6

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Tabela 2. Necessidade de gesso (NG) de acordo com o valor de fósforo remanescente (P-rem) de uma camada subsuperficial de 20 cm de espessura.
P-rem NG
Ca1/ Gesso2/
mg/L Kg/ha t/ha
0 a 4 315 a 250 1,680 a 1,333
4 a 10 250 a 190 1,333 a 1,013
10 a 19 190 a 135 1,013 a 0,720
19 a 30 135 a 85 0,720 a 0,453
30 a 44 85 a 40 0,453 a 0,213
44 a 60 40 a 0 0,213 a 0,000
 1/ Valores de NG adaptados e aproximados dos de Souza et al., dados não publicados, citados por Souza et al. (1992), para que o Ca2+ retido em camada de 20 cm de espessura esteja em equilíbrio com a concentração de 0,394 mmol/L de Ca na solução do solo. 2/ Gesso agrícola (15 dag/kg de S e 18,75 dag/kg de Ca).

Atenção

O gesso é uma substância pouco solúvel, então a liberação na solução do solo acontece de forma contínua por longos períodos de tempo. É bastante móvel no solo, por isso a capacidade de atingir maiores profundidades no perfil.

Embora não substitua a calagem, é fonte de Ca e S. O gesso agrícola neutraliza Al3+ em profundidade, melhora o ambiente radicular, e com isso induz as raízes mais profundas. Com raízes mais profundas, o cafeeiro é capaz de resistir a danos causados por veranicos e secas prolongadas. Devido a isso, em solos de Cerrado a utilização dessa técnica tem se mostrado muito viável.

É imprescindível a realização da análise de solo antes da implantação da lavoura cafeeira, e anualmente nas camadas mais profundas do solo. O ideal é realizar a primeira aplicação de gesso na formação da lavoura, incorporando nas covas de plantio.

Quando a lavoura já está implantada e produtiva, impossibilita a incorporação, e assim deve-se aplicar em cobertura, na projeção da copa das plantas.

Mais produtividade

Em termos de produtividade, não há grandes ganhos diretamente, porém, com as constantes mudanças climáticas e as secas que têm sido cada vez mais frequentes nas regiões cafeeiras, as plantas em que se utiliza o gesso são menos abaladas pelos danos causados por esse mal, se recuperando melhor que lavouras cafeeiras onde não se utiliza da gessagem.

Em ensaios de campo, a aplicação de gesso tem se mostrado eficiente na melhoria do ambiente radicular no subsolo, aumentando a concentração de magnésio e cálcio na solução do solo.

Vale ressaltar que a utilização do gesso na cultura do café é uma prática muito importante, e por isso deve ser planejada, principalmente em solos que apresentam alto teor de alumínio.

Erros

Um dos erros mais frequentes cometidos pelos produtores é utilizar o gesso sem saber se realmente é necessário. Para isso, é importante que o produtor conte com o auxílio de um profissional para coletar e analisar o solo, e verificar se a área apresenta necessidade de aplicação.

Outro ponto importante é se atentar a todas as práticas de manejo de adubação, pois o uso do gesso isoladamente, ou seja, na ausência de calagem simultânea, pode provocar perda de bases, especialmente magnésio (Mg) e potássio (K), devido ao seu carreamento para camadas mais profundas, fora do alcance das raízes do cafeeiro.

Além disso, não é recomendável a utilização de gessagem em solos muito pobres, pois pode ocasionar a lixiviação dos poucos nutrientes para camadas mais profundas do solo, contribuindo para enfraquecer ainda mais a camada superficial do solo, onde se concentra a maior parte das raízes do cafeeiro.


Viabilidade

A gessagem é uma tecnologia relativamente barata. Uma tonelada de gesso custa, em média, de R$ 50,00 a R$ 100,00, dependendo da região. Em algumas regiões o maior custo é o do frete. De acordo com algumas pesquisas recentes, para a cultura do café a relação custo-benefício desse subproduto é muito alta, ficando em torno de R$ 25,00 de ganho para cada real investido no uso do gesso em um período de oito anos.

A utilização incorreta do gesso em lavouras de café em formação ou produção pode causar problemas em vez de benefícios, e prejuízos em vez de lucros. No entanto, quando há um correto manejo do solo, a aplicação de gesso tem se mostrado fundamental para que sejam alcançados bons resultados na cafeicultura.

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