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Carlos Alexandre Costa Crusciol
Rogério Peres Soratto
Departamento de Produção e Melhoramento Vegetal, Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista/UNESP
Gustavo Spadotti Amaral Castro
Pesquisador da Embrapa Amapá
Claudio Hideo Martins da Costa
Jayme Ferrari Neto
Programa de Pós-Graduação em Agronomia/Agricultura, Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista/UNESP
A aplicação de silício (Si) tem sido benéfica a diversas culturas, principalmente as consideradas acumuladoras de Si, como o arroz, cana-de-açúcar, cevada, milho, sorgo e trigo. Entretanto, plantas dicotiledôneas, consideradas não acumuladoras de Si, como tomate, pepino, girassol, feijão caupi, batata e tremoço também têm respondido à aplicação de Si.
As respostas à aplicação de Si são potencializadas quando as culturas são submetidas a algum tipo de estresse. O Si tem sido associado, indiretamente, ao aumento no teor de clorofila e da capacidade fotossintética, à redução na transpiração e aumento na absorção de nutrientes.
Além disso, o Si proporciona plantas mais eretas, aumenta a resistência mecânica das células e das plantas a insetos e patógenos, diminui o efeito tóxico do B, Mn, Fe e outros metais pesados e aumenta a absorção de nutrientes.
Fornecimento e absorção
Na maioria das vezes o Si é fornecido via solo, por meio do uso de escórias de siderurgia na forma de silicatos de cálcio e magnésio, que são fontes de baixÃssima solubilidade em água e, dependendo da origem, podem apresentar traços de metais pesados.
A absorção do Si é um processo ativo que envolve gasto de energia, mesmo quando as raízes estão em presença de altas concentrações do elemento, pois as plantas absorvem Si exclusivamente como ácido monossilÃcico, também chamado de ácido ortosilÃcico.
Essa forma monomérica de ácido silÃcico é encontrada na água doce e salgada em baixas concentrações (< 10-4 M), e se gelatiniza como sÃlica gel em elevadas concentrações ou baixo pH. Assim, hipoteticamente, fontes que apresentam o Si na forma de ácido silÃcico estabilizado, que formam principalmente ácido ortossilÃcico quando diluÃdas, podem ser alternativa para aumentar a absorção do elemento pelas plantas.
Acúmulo de Si
A diferença na acumulação do Si entre as espécies tem sido atribuÃda às diferenças na habilidade de absorção do elemento pelas raízes. A adubação foliar poderia, portanto, contornar essa deficiência de absorção de Si pelas dicotiledôneas, fornecendo este elemento benéfico de forma mais eficiente.
Pesquisas têm demonstrado que o fornecimento de Si via foliar, com o uso de pequenas quantidades do elemento, pode ser alternativa viável para seu fornecimento às plantas, suprindo a necessidade e/ou estimulando a absorção de Si e outros nutrientes, culminando em efeitos benéficos às culturas.
Portanto, pela eficácia, praticidade, menores doses utilizadas e por ser adaptável aos pulverizadores normalmente utilizados por muitos produtores, a aplicação via foliar de fontes solúveis de Si pode ser uma forma importante de fornecimento desse elemento às plantas.
Pesquisas confirmam
Um trabalho realizado na Faculdade de Ciências Agronômicas – Unesp objetivou avaliar o efeito da aplicação de Si via foliar, na forma de ácido silÃcico estabilizado, na nutrição e na produtividade da soja. Nesta cultura não houve efeito dos tratamentos sobre a nutrição das plantas, sendo que todos os macronutrientes, em ambos os tratamentos, estavam nas faixas consideradas adequadas para a cultura.
Quanto ao teor foliar de Si, esse aumentou de forma significativa com a aplicação de Si via foliar, evidenciando a eficiência do produto em fornecer Si à cultura da soja. Mediante revisão de literatura, pesquisadores descreveram que para a cultura da soja os teores de Si variam de 1,0-3,5 g kg-1 nas folhas, o que permite inferir que os valores encontrados no presente trabalho estão em um nível intermediário e acima, respectivamente, para os tratamentos controle e com aplicação de Si, ou seja, adequados para esse elemento.
A população final de plantas, número de grãos por vagem e massa de 100 grãos não foram alterados pelos tratamentos. Estes não sofreram variações por estarem mais relacionados à densidade de semeadura, às condições ambientais na fase de germinação e estabelecimento da cultura e às características genéticas intrÃnsecas do cultivar.
Apenas o número de vagens por planta aumentou de forma significativa com a aplicação de Si, sendo o incremento da ordem de 11%. Esse resultado refletiu diretamente na produtividade de grãos que foi maior com a aplicação foliar de Si. O incremento foi, aproximadamente, de 353 kg ha-1, ou seja, 14%.