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Dessecação pré-plantio é essencial no planejamento agrícola

Anna Carolina Abreu Francisco e Silvaannacabreufs@gmail.com

Igor Botega Junqueiraigorbotega@gmail.com

Graduandos em Agronomia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)

Letícia Silva Pereira BasílioDoutoranda em Agronomia/Horticultura – UNESPleticia.ufla@hotmail.com

Crédito Leandro Paiola Albrecht

O planejamento agrícola é uma etapa essencial no processo de produção, realizado com base na avaliação de fatores que possam interferir na produção, sendo necessário planejar todos os insumos necessários para o pleno desenvolvimento da cultura, como as operações, adubos e defensivos agrícolas, sementes e maquinários.  

A dessecação pré-plantio é uma técnica agronômica de manejo realizada com o intuito de eliminar toda a vegetação ainda presente em uma área, como plantas daninhas e restos culturais da safra anterior, antes da semeadura da cultura de interesse. Quando bem realizada e no momento correto, garante melhores resultados de produção, além de uma maior eficiência no uso de defensivos agrícolas.

Esta operação tem por objetivo facilitar o plantio, promover um melhor desenvolvimento para as plantas, aumentos na produtividade e o controle de plantas daninhas.

Danos

A presença de plantas daninhas e restos culturais na lavoura pode funcionar como hospedeira de pragas, pois atacam as culturas no início do ciclo, além de apresentarem a capacidade de sobreviver aos períodos de entressafra e competir junto à cultura principal por água, luz e nutrientes durante todo o desenvolvimento das plantas. 

A dessecação pré-plantio é realizada a partir do uso de um ou mais herbicidas, sistêmicos ou de contato, responsáveis por realizar a secagem das plantas daninhas e remanescentes. A aplicação deve ser realizada em torno de 30 dias antes do plantio, de forma que seja respeitado o período residual do herbicida, evitando assim danos à cultura seguinte.

Para a realização da dessecação, deve-se ter conhecimento do tipo de vegetação presente na área, a partir da identificação das espécies e o estágio de crescimento das plantas, determinando assim o tipo de defensivo químico a ser utilizado.

Técnicas para evitar a resistência

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É de suma importância rotacionar técnicas de manejo, com o intuito de evitar a seleção de plantas daninhas resistentes aos herbicidas, o que pode acarretar em grande problema futuro para a lavoura. Como exemplo de herbicidas pré-emergentes, é possível citar alguns de grande importância no cenário agrícola brasileiro e que estão disponíveis no mercado.

São eles: o diclosulam, um herbicida utilizado para o controle do banco de sementes que apresenta ação residual. Sua aplicação deve ser realizada no manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato), sendo recomendável a aplicação com o solo úmido; o flumioxazin, um herbicida com ação residual utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado juntamente a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato); o S-metolachlor, utilizado no sistema de aplique-e-plante da soja, com ação residual, não sendo recomendado para solos arenosos; e o trifluralina, herbicida com ação residual, também utilizado na primeira aplicação do manejo outonal juntamente com herbicidas sistêmicos (ex: glifosato).

Cuidados

As aplicações devem ser realizadas utilizando equipamentos de proteção individual (EPI’s) e seguindo todas as normas de segurança durante todo o processo. O acompanhamento de um técnico durante todas as etapas do planejamento e execução da dessecação é extremamente importante.

As aplicações dos defensivos químicos devem ser realizadas com umidade relativa do ar superior a 55% e nos horários mais frescos do dia. Quando realizada com baixa umidade relativa do ar, a qualidade de aplicação e a absorção pelas folhas são afetadas, e em altas temperaturas ocorre uma rápida evaporação das gotas aplicadas nas plantas.

O vento pode ser um grande vilão no momento da aplicação dos defensivos, uma vez que pode provocar a deriva, responsável pelo deslocamento do produto para locais fora do alvo de aplicação. Aplicações realizadas quando há previsões para chuva correm o risco de serem totalmente perdidas pela lavagem do produto recém aplicado.

Viabilidade

O uso de pulverizadores adequados e que proporcionem uma boa cobertura de cada planta é de suma importância, uma vez que dessecação pré-plantio está diretamente ligada a tecnologia de aplicação. Além disso, é necessário o uso de água e equipamentos limpos e livres de contaminação. 

Em termos de produtividade, com a presença de plantas daninhas e restos culturais na área de plantio, competindo pela sobrevivência, e com a capacidade de hospedar pragas, as perdas podem chegar a 40%, podendo ainda inviabilizar o plantio, gerando grandes perdas ao produtor.

Pesquisas

Como resultado prático, é possível citar o estudo publicado recentemente na Revista Brasileira de Herbicidas, em outubro de 2020 e realizado por Quadros e colaboradores, que analisou as associações de herbicidas na dessecação pré-semeadura da soja. Na cultura da soja transgênica as espécies de plantas daninhas buva (Conyza spp.) e azevém (Lolium multiflorum L.) são de difícil controle e apresentam resistência à ação do herbicida glifosato.

O estudo teve como objetivo avaliar a influência da associação dos herbicidas para o controle de plantas daninhas que são resistentes à ação do glifosato na dessecação pré-semeadura na cultura da soja e o desenvolvimento e produtividade da cultura.

O experimento foi realizado na safra de 2018/19 e as associações utilizadas foram glifosato + setoxidim, glifosato + 2,4-D + setoxidim e glifosato + 2,4-D aplicados 40 dias antes da semeadura da soja TMG 7062 IPRO.

A associação do glifosato ao herbicida 2,4-D proporcionou maior controle de plantas daninhas de folha larga. Já a associação de glifosato ao herbicida setoxidim proporcionou o melhor controle de plantas daninhas de folha estreita. Não foi identificada a presença de efeitos de sinergismo ou antagonismo no combate à buva e ao azevém ao utilizar juntamente os herbicidas glifosato, 2,4-D e setoxidim, acarretando apenas o efeito de adição.

Já na produtividade de soja não houve diferença significativa na produção após a associação dos herbicidas utilizados na dessecação pré-plantio (Quadros et al., 2020). Por fim, é de suma importância a execução de todas as técnicas de forma conjunta, a fim de maximizar os efeitos da dessecação no campo, o que proporcionará um ambiente livre de plantas invasoras para a cultura principal, promovendo assim uma maior produtividade final.

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