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Controle fitossanitário do maracujá

Abel Rebouças São José

Doutor em Agronomia e professor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

abeljose3@gmail.com

 

Controle fitossanitário do maracujá - Crédito UFRGS
Controle fitossanitário do maracujá – Crédito UFRGS

A cultura do maracujazeiro possui diversos problemas fitossanitários que se fazem presentes desde a fase de formação de mudas, passando pelo plantio no campo, condução da cultura, florescimento, frutificação até a pós-colheita. É possível identificar insetos e microrganismos provocando danos no maracujazeiro e em seus frutos. Entre as pragas podem-se destacar os insetos, ácaros, nematoides, fungos, bactérias, vírus, etc.

Doenças

O maracujazeiro pode ser atacado por diversos patógenos de origens fúngicas, bacterianas, viróticas e micoplasmáticas. Tais microrganismos originam doenças que são limitantes em algumas zonas produtoras.

As principais doenças são:

– Fúngicas: antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides, é uma das principais doenças em todas as regiões produtoras dessa passiflorácea. Atinge toda a parte aérea da planta (flores, frutos, ramos e folhas), principalmente em épocas de elevada temperatura associadas à alta umidade. Em épocas chuvosas os danos são maiores nos frutos e folhas e o controle se torna mais difícil.

Os principais fungicidas recomendados para o controle dessa doença são: tebuconazol + trifloxistrobina, difenoconazol. As pulverizações são realizadas a intervalos de cinco a 15 dias nos períodos mais úmidos, podendo ser ampliados para mais 30 dias para períodos mais secos.

 

Controle fitossanitário do maracujá - Crédito UFRGS
Controle fitossanitário do maracujá – Crédito UFRGS

– Murcha ou Fusariose: provocada pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp. passiflorae, é uma doença que causa a morte repentina da planta, retendo todas as folhas. Observa-se um apodrecimento das raízes e cascas, não permitindo a passagem de seiva, levando as plantas à morte.

Sua incidência é maior nas zonas de clima semiárido e em épocas chuvosas, podendo atingir de 60 a 100% de mortalidade das plantas. A morte ocorre em focos isolados e posteriormente se espalha pelo pomar.

Controle: porta-enxertos resistentes: são promissores os porta-enxertos das espécies Passiflora setacea e P. nitida. Ultimamente têm se obtidos bons resultados de controle com a aplicação via irrigação de outro fungo do gênero Trichoderma que atua como antagônico sobre o Fusarium.

Os melhores resultados têm sido obtidos com a aplicação mensal de 6 kg por hectare do produto comercial (multiplicado em arroz) à base de Trichoderma longibrachiatum, T. viridi e T. harzianun.

Foto 01 C  Controle fitossanitário do maracujá - Crédito UFRGS
Controle fitossanitário do maracujá – Crédito UFRGS

Verrugose ou cladosporiose: doença causada pelo fungo Cladosporium herbarum, que pode atacar ramos, folhas, gavinhas, botões florais e frutos. Nos botões e flores atacados surgem lesões alongadas de cor parda, que podem levar à queda dos botões no caso de elevada incidência.

No fruto, observa-se a formação de um tecido corticoso, dando o aspecto de verruga, daí o nome da doença. É uma doença que ocorre sob condições de alta umidade e temperaturas amenas. Geralmente, na região de clima semiárido quase não ocorre essa doença, em função das condições climáticas não propícias ao desenvolvimento do fungo.

Produtores têm obtido bom controle desse patógeno com fungicida à base de tiofanato metílico, mas esse fungicida não é registrado para o maracujazeiro. O fungicida tebuconazole está registrado e proporciona bom controle do patógeno, mas apresenta fitotoxicidade para a o maracujazeiro.

 

Controle fitossanitário do maracujá - Crédito UFRGS
Controle fitossanitário do maracujá – Crédito UFRGS

– Bacteriose: importante doença causada por uma bactéria denominada Xanthomonas axonopodis pv, passiflorae, também conhecida com o nome de mancha oleosa, provoca perdas importantes na cultura, como desfolhamento precoce, principalmente em épocas de verão, com elevada temperatura associada a alta umidade.

O melhor controle tem sido obtido pela mistura de oxicloreto de cobre com mancozeb e aspersões foliares a cada 5 a 15 dias, a depender das condições climáticas. O uso de antibióticos não tem mostrado bons resultados em regiões de clima quente.

Os cuidados devem começar já na fase de mudas - Crédito Luize Hess
Os cuidados devem começar já na fase de mudas – Crédito Luize Hess

Doenças viróticas

 

As principais doenças provocadas por vírus são:

  • Woodiness ou vírus do endurecimento do fruto: disseminada em quase todas as regiões produtoras do país. A principal forma de disseminação da doença é por mudas contaminadas e operações de podas com ferramentas contaminadas. Plantas com essa virose apresentam folhas com bolhosidades e deformações do limbo foliar.

Os frutos apresentam deformações em diferentes graus e ficam endurecidos, com redução na quantidade de polpa e sementes. As perdas na produtividade podem atingir até 80%. Quanto mais cedo as mudas forem infectadas, maiores serão os danos.

Ultimamente, tem-se procurado conviver com essa virose, já que a mesma encontra-se disseminada em quase todas as regiões, e para o seu transmissor, um pulgão, não é viável o controle químico.

O monitoramento é essencial para evitar prejuízos - Crédito José Carlos Cavichioli
O monitoramento é essencial para evitar prejuízos – Crédito José Carlos Cavichioli

Como recomendação ao produtor: nunca formar mudas de maracujazeiro próximo a pomares em produção; nunca plantar um pomar novo perto de outro mais velho; adquirir mudas junto a viveiristas idôneos e registrados no Ministério da Agricultura.

Essa matéria completa você encontra na edição de fevereiro/2015 da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira a sua para leitura completa!

 

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