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Alface para hidroponia

Emanuel Bonfim de Abreu FrancaEngenheiro agrônomoemanuel.agro@outlook.com  

Lucas Guilherme Araujo SoaresTécnico agrícola – Instituto Federal do Pará – IFPA e graduando em Agronomia – UFRA/Capitão Poço lucasifpa@gmail.com  

Thiago Feliph Silva FernandesMestrando em Agronomia/Produção Vegetal – FCAV/UNESPthiagofeliph@hotmail.com  

O primeiro passo a caminho da escolha das melhores sementes é a definição da variedade – Crédito: Ricardo Rotta

Sua hidroponia está pronta, e com todos os problemas sanados, e tudo estava pronto para funcionar, você se depara com sementes que não germinam, plantas estioladas, ou pior, baixa aceitação de seu produto no mercado.

Esses e muitos outros problemas podem ser contornados com uma boa escolha de sementes. Para lhe ajudar nessa escolha, a seguir listamos inúmeras dicas e recomendações com base na experiência de um agrônomo produtor hidropônico.

O primeiro passo a caminho da escolha das melhores sementes é a definição da variedade ou das variedades a serem cultivadas em seu sistema. Essa escolha deve ser feita em resposta aos anseios do mercado. Depois, deve-se definir quais cultivares dentro de cada variedade melhor adaptam-se às suas necessidades, e por fim, deve-se escolher a semente propriamente dita, fabricantes e se nuas ou peletizadas.

Variedades de alface

A escolha das variedades a serem cultivadas deve ser uma resposta direta à demanda do mercado. Geralmente, essa escolha é feita após a pesquisa de mercado juntamente com a projeto de elaboração de todo o sistema, afinal, saber o que se vai plantar é fundamental para a montagem de qualquer sistema hidropônico.

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No entanto, uma boa forma de descobrir quais as variedades mais consumidas na região é por meio de uma simples ida na Ceasa de sua cidade ou mercado de hortifrúti. No Brasil, um levantamento feito por Sala & Costa (2012) indicam que os principais tipos de alface cultivados em ordem de importância econômica são a crespa, americana, lisa e romana, no entanto, a preferência dos consumidores realmente são muito diferentes entre regiões, variedades como mimosa, roxa, repolhuda e frisada também são bem populares.

Se você perceber que em sua região não existe a comercialização de uma variedade, ainda é possível tentar a introdução do produto no mercado. Esse é um assunto delicado, mas pode render bons frutos, se feito de uma forma planejada. Uma boa maneira é produzir a variedade em caráter secundário, e ofertá-la juntamente com a variedade principal e já consolidada na região.

A cultivar ideal

A escolha da variedade talvez seja a etapa mais fácil de todo o processo da escolha da semente a ser utilizada, afinal, depende exclusivamente da vontade dos consumidores.

No entanto, é preciso esclarecer que cada variedade apresenta uma grande quantidade de cultivares diferentes, e a escolha da cultivar não é algo tão simples, se considerarmos o grande número existente, cada qual com características agronomicamente muito importantes, como resistência e uma determinada praga, melhor adaptação a determinadas condições climáticas, incluindo fotoperíodo, tempos variados de ciclo, resistência ao pendoamento precoce, tamanho de folhas e entre outras características.

A cultivar ideal é aquela que atende às necessidades de produtor, e isso envolve desde adaptação às condições climáticas de sua região, como a adaptação ao sistema hidropônico, ao seu sistema de manejo e ainda a questões como o fator preferências pessoais, que geralmente ganha importância à medida que o produtor adquire experiência com diferentes variedades.

Ocorre que a especialização é um fator que conta muito no manejo, e cultivares distintas apresentam respostas distintas ao manejo.

Como escolher

As muitas cultivares presentes no mercado apresentam distinções importantes, pontos fortes e fracos que dependem de cada caso, uma cultivar resistente a temperaturas mais elevadas possui essas características como qualidade importante, mas talvez se revele um ponto fraco em climas frios. Outra cultivar apresenta elevada resistência a uma praga, sem incidência registrada na região, logo, tal qualidade perde importância. Portanto, dificilmente uma cultivar atenderá 100% das necessidades dos produtores, e às vezes as especializações no manejo é a melhor saída e se faz necessária.

Alternativas

Há também as de uso específico em campo aberto, e as desenvolvidas exclusivamente para sistemas hidropônicos, o que geralmente envolve sementes mais caras e que nem sempre atendem o produtor de forma satisfatória, como as cultivares mais difundidas no mercado no quesito custo-benefício.

Algumas dicas para quem busca escolher a melhor cultivar para seu sistema são:

Inicie sua busca pelo quesito clima: esse, talvez, seja o parâmetro mais importante para a adaptação ao seu sistema de uma cultivar. Por isso, talvez seja necessário fazer uso de cultivares distintas para cada estação do ano, uma prática que pode evitar dores de cabeça, se feita com planejamento.

O segundo quesito é o aspecto físico: cultivares que apresentem as características mais desejadas devem ser priorizadas. A escolha de tais características, assim como a escolha das variedades, deve ser feita em conformidade com a demanda de mercado.

Experimente: na busca por melhor resistência climática e aspecto físico, não foque apenas nas teorias e especificações técnicas, experimente as cultivares em seu sistema e, lembre-se, o seu manejo também conta muito. 

Resistência: a utilização de cultivares que apresentam resistência a patógenos e pragas agrícolas se faz interessante diante da incidência, e é uma ferramenta fundamental do manejo integrado de pragas e doenças.

Conhecimento: às vezes uma mesma cultivar é vendida com nomes diferentes, e isso ocorre por questões de registro comercial.

Qual seria a semente ideal?

Uma vez escolhida a variedade e a cultivar, resta-nos fazer a aquisição da semente, mas isso pode não ser muito simples. Os problemas mais comuns nesta escolha são a qualidade das sementes e a disponibilidade das sementes no mercado.

O primeiro ponto é que uma mesma cultivar pode ser comercializada por diversas marcas, e a qualidade e preço das sementes pode variar muito. De maneira geral, o melhor é sempre apostar na qualidade, e para isso, muitas vezes a única forma é testando diferentes marcas.

A diferença entre marcas pode estar na taxa de germinação, no grau de pureza e no tipo de tratamento com agroquímico que recebeu. O tratamento agroquímico recebido pela semente é outro ponto importante, sobretudo para quem opta pelo plantio em fibra de coco, ao invés de espuma fenólica ou outro substrato.

Acontece que sementes orgânicas podem não se sair bem na fibra, pois, em decorrência do armazenamento, esta fibra pode estar hospedando nematoides e fungos. Ainda há a questão entre a escolha de sementes nuas ou peletizadas, mas essa discussão ficará para outro tópico.

De maneira geral, a melhor semente de alface é aquela que germina no período de 24 horas em condições de escuro e com o mínimo de falhas.

Você também pode se deparar com a indisponibilidade de semente da cultivar escolhida em sua região, o que pode ser contornado simplesmente fazendo a aquisição via internet ou entrando em contato com uma das empresas que produz sementes desta cultivar para fazer a compra direta.

Lembre-se, às vezes uma mesma cultivar é vendida com nomes diferentes, então vale a pena pesquisar a respeito.

Manejo

Se você passou por todas as etapas e agora está pronto para plantar, algumas dicas bem úteis são:

ð Se for plantar sementes nuas em espuma fenólica ou substrato em bandejas para mudas, use um palito de dente com a ponta quebrada e úmida para “pinçar” as sementes e semeá-las;

ð Sementes peletizadas são mais fáceis de semear, mas há no mercado semeadeiras que reduzem ainda mais o trabalho.

ð Se optar pelo uso de espuma fenólica e sementes nuas, lembre-se que será necessário a utilização de viveiros ou berçários hidropônicos por mais tempo.

ð Sementes nuas devem passar 24 horas no escuro. Após esse período a germinação já deve ter ocorrido.

ð Coloque um pano molhado sobre cada espuma. Essa técnica é muito utilizada por produtores e ajuda a aumentar a taxa de germinação.

ð Não exagere no número de sementes – a variedade americana, por exemplo, apresenta problemas quando se semeia mais de uma semente por célula. já as crespas funcionam bem com duas sementes; mais que isso também ocorrerá problemas.

Produtividade

A importância da escolha da melhor semente, cultivar e variedade é inegável não só no sistema hidropônico, como em qualquer sistema de produção agrícola. A semente de qualidade evita dores de cabeça e perdas consideráveis de produção.

A insistência em cultivares inadequadas e em sementes de baixa qualidade é um dos principais erros que um produtor hidropônico pode cometer. Este erro é principalmente cometido por iniciantes, que tendem a utilizar as sementes mais populares entre os produtores convencionais de sua região.

Sementes nuas ou peletizadas?

Essa é uma questão fundamental e complexa, mas que muitas das vezes se resume em uma escolha pessoal, mas o ideal é que se faça a relação de custo e benefício. As sementes peletizadas são caras, muito mais caras que sementes nuas, no entanto, apresentam inúmeras vantagens.

• Sementes peletizadas diminuem drasticamente o tempo gasto com o semeio, e ainda facilitam o plantio em substratos;

• Maior precisão no plantio;

• Maior vigor das mudas;

• Não precisam ser levadas ao escuro para a germinação;

• Diminuem o tempo de berçário, que já podem ficar mais tempo nas bandejas de mudas;

• Não se faz necessário irrigar as bandejas com solução nutritiva;

• Sementes selecionadas de forma mais minuciosa;

• Facilitação do manejo por todas as etapas hidropônicas.

Os problemas envolvendo as sementes peletizadas são pouco mais incômodos, o maior de todos, claro, o preço, apenas toma dimensão quando o produtor percebe a quantidade de semente que ele usa mensalmente, se fazendo necessário, em muitos casos, estocar embalagens de sementes peletizadas, o que é oneroso em razão do custo.

Outro problema comum ocorre mais com produtores acostumados a utilizar sementes nuas e migram para as peletizadas. É difícil largar velhos hábitos, e a facilitação do manejo pode parecer, num primeiro momento, difícil. Um exemplo clássico é quando duas sementes peletizadas não cabem na espuma fenólica utilizada.

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