Antônio Rafael Neri dos Santos – rafaelnsantos29@gmail.com
Lucas Guilherme Araujo Soares – lucasifpa@gmail.com
Graduando em Agronomia – Universidade Federal da Amazônia (UFRA), Campus Capitão Poço – Pará
Antonio Santana Batista de Oliveira Filho – Mestre em Agronomia e tutor presencial – UNOPAR – Balsas – a15santanafilho@gmail.com
O mamoeiro é uma planta de crescimento, florescimento e frutificação constantes e, por conseguinte, a partir do início de produção demonstra que é constante a demanda por água e nutrientes frequentes, permitindo o fluxo contínuo de produção de flores e frutos (Trindade et al., 2000; Crisóstomo, 2009).
A nutrição mineral e a adubação do mamoeiro vêm sendo abordadas como prioridade nos sistemas de produção do mamão, pela utilização da análise de solo e da análise foliar para a diagnóstico da disponibilidade de nutrientes e o seu equilíbrio nutricional, para obtenção de alta produtividade e qualidade dos frutos (Alves et al, 2003).
A amostragem de solo da área, é feita normalmente na profundidade de zero a vinte centímetros, três a seis meses antes da implantação da cultura (Trindade et al., 2000). A diagnose foliar, baseada em métodos padronizados de amostragem, é o critério mais eficaz na avaliação do estado nutricional do mamoeiro, com a grande vantagem de se considerar a própria planta como um extrator dos nutrientes do solo, permitindo a avaliação direta de seu estado nutricional, constituindo, assim, uma forma indireta de avaliação da fertilidade do solo (Alves et al, 2003).
Identificação visual
O Incaper – Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural, realizou um estudo sobre a deficiência e excesso de macro e micronutrientes. A deficiência de nitrogênio se manifesta nas folhas mais velhas na forma de clorose foliar devido à redução da formação de clorofila, enquanto o excesso pode causar o amolecimento da polpa do mamão, característica indesejável para a qualidade do fruto.
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O fósforo, quando encontrado em poucas quantidades, é identificado com o aparecimento de manchas púrpuras no limbo das folhas maduras. Já a deficiência de potássio pode ser identificada pela necrose ou pelo escurecimento das folhas mais velhas.
A deficiência de cálcio pode ser vista pelo encurvamento das margens das folhas, prejudicando a expansão foliar. Para o magnésio, a deficiência é identificada nas folhas maduras pelo aparecimento de manchas amareladas entre as nervuras da folha do mamoeiro.
A deficiência de enxofre é caracterizada nas folhas novas em expansão, pois ficam com tonalidade verde-clara até quando completamente expandidas. A deficiência do ferro causa manchas verde-claras nas folhas mais novas e clorose nas folhas maduras.
Para o zinco, a deficiência causa a redução do tamanho da folha e o encurtamento dos internódios. No manganês, sua deficiência pode ser vista pelo aparecimento de manchas verde-claras entre as nervuras laterais.
Com o boro, a deficiência se revela com a forma dos frutos, que tendem a ter protuberâncias, causando deformação. Para o cobre, a deficiência é identificada nas folhas novas, onde há coloração amarelada nas margens da folha (Alves et al, 2003).
Recomendações
Estudos com a cultura do mamoeiro para determinar a absorção de nutrientes demonstraram que a planta absorve quantidades relativamente elevadas de nutrientes e apresenta exigências contínuas, atingindo o máximo aos 12 meses (Crisóstomo, 2009). Dessa forma, é notável a preocupação que se deve ter com a nutrição correta e eficaz do mamoeiro para garantir um desenvolvimento adequado.
Segundo Faria, 2000, a calagem deve ser realizada entre dois e três meses antes do plantio do mamoeiro. Também, deve ser avaliada a opção de substituir 25% do calcário por gesso, com o objetivo de aumentar a saturação por bases nas camadas mais profundas do solo, onde, se houver a necessidade de fazer uma aração no solo, deve ser aplicada a primeira metade antes dela, e a segunda metade antes da gradagem, para garantir uma melhor incorporação.
Pode-se efetuar uma adubação foliar das mudas no viveiro com uma solução a 0,1% de ureia se as folhas velhas se apresentarem amarelas e a 0,5% de ureia, quando o amarelecimento é generalizado (Faria, 2000).
Na adubação de cobertura é recomendada a utilização de 10 g de N/cova e 15 g de K2O/cova. O fósforo deve ser aplicado uma vez, misturado com terra para o enchimento da cova, com os micronutrientes. A recomendação deve ser feita com base nos resultados da análise de solo, sendo, normalmente, utilizada duas a três adubações por ano (Alves et al, 2003).
Os micronutrientes
Para os micronutrientes, deve-se aplicar na cova de 50 a 100 g de FTE- Br-8, FTE Br-9, baseando-se sempre na concentração de boro do produto (de 1 a 2,5 g de B/cova) (Trindade et al., 2000). A adubação de cobertura deve ser feita com frequência, em intervalos mensais ou bimensais, ou de acordo com o regime de chuvas da região, com adubos preferencialmente solúveis e que contenham enxofre (Faria, 2000).
Na adubação de produção, a relação N/K do fertilizante não deve ser menor do que um, ou seja, na adubação do mamoeiro o potássio deve ser usado em quantidade menor ou no máximo igual a de nitrogênio (Alves et al, 2003).
Os micronutrientes podem ser fornecidos via solo e/ou via foliar. Via solo a dose é constituída de 5,0 kg de zinco/ha, 2,0 kg de boro/ha, 2,0 kg de cobre/ha e 4,0 kg de manganês/ha. Quando necessária, a correção de micronutrientes poderá ser feita com pulverização via foliar, mantendo-se as seguintes concentrações: sulfato de manganês a 1%, sulfato ferroso a 1%, sulfato de zinco a 0,6%, ácido bórico a 0,3% e oxicloreto de cobre a 1% (Alves et al, 2003).
Forma orgânica
Se o agricultor optar pela adubação orgânica, encontrará grandes vantagens. Apesar da possibilidade de redução da adubação química, quando se utiliza matéria orgânica, deve-se entender a sua função, principalmente como condicionador do solo, melhorando suas propriedades físicas, químicas e biológicas (Alves et al, 2003).
O mamoeiro responde bem à adubação orgânica, que traz como vantagens a melhoria das condições físicas, químicas e biológicas do solo. Recomenda-se, portanto, sempre que possível, a utilização de adubos como tortas vegetais (mamona, cacau etc.) estercos (bovino e de galinha), compostos diversos e outros (Trindade et al., 2000).