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Calcário no solo

Lucas Guilherme Araujo SoaresGraduando em Agronomia – Universidade Federal da Amazônia (UFRA) e técnico agrícola – Instituto Federal do Pará (IFPA)lucasifpa@gmail.com 

Igor dos Reis OliveiraGraduando em Agronomia – Universidade Estadual do Maranhão (UEMA)reisigor07@gmail.com

Thiago Feliph Silva FernandesEngenheiro agrônomo e mestrando em Agronomia/Produção Vegetal – FCAV/UNESPthiagofeliph@hotmail.com  

Calcário – Crédito Luize Hess

O solo agricultado é dinâmico e, por isto, deve estar em condições de suprir as exigências da cultura que será implantada na área. Dessa forma, sua textura e estrutura necessitam ser adequadas para que as plantas se desenvolvam.

Ocorre que, apesar de naturalmente estarem presentes ou introduzidos pela aplicação de fertilizantes, os nutrientes carecem de certas condições físico-químicas deste solo para estarem disponíveis para as plantas. Nesta perspectiva, a acidez do solo é um importante fator que interfere nessas condições. A correção utilizada para solucionar essas interferências é a calagem. Por este motivo, ela é uma das primeiras práticas de operações no preparo do solo para o plantio de uma lavoura.

A correta correção da acidez do solo é um fator determinante para a sustentabilidade agrícola do uso do perfil. Isto porque um solo ácido afeta o desenvolvimento das culturas, contribuindo para a redução da produtividade. Poucas são as práticas agrícolas que dão respostas tão elevadas como o reparo da acidez do solo, no que se refere ao acréscimo da produtividade dos cultivos agrícolas.

Essencialidade

A calagem se faz indispensável para aumentar a saturação por bases (V%) a valores que ultrapassem os 60% e para conservar o potencial hidrogeniônico (pH) do solo com índices acima de 5,5, favorecendo a neutralização do alumínio trocável (Al3+) e promovendo a acessibilidade das bases trocáveis no solo (Alcarde, 2005).

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Atualmente, algumas empresas negociam corretivos de solo no estado líquido e, de acordo com elas, a resposta é mais rápida e duradoura, em relação ao calcário na forma de pó. À vista disso, ao realizar a prática da calagem, ocorrerá diminuição do alumínio trocável e elevação do pH, disponibilizando cálcio e magnésio e promovendo o aumento da disponibilidade de fósforo, nitrogênio e potássio e contribuindo para a eficiência de uso da água e dos nutrientes no solo.

Vamos à prática

Na prática, a aplicação de calcário no solo contribui para que as plantas adquiram fósforo com maior facilidade (Kostic et al., 2015). Isto em razão de que a neutralização do solo provocada pela calagem possibilita aumento da capacidade de utilização dos fertilizantes fosfatados.

Tais contribuições desempenham papel importante no crescimento de inúmeras espécies de plantas. Ademais, a calagem favorece a melhoria nas atividades biológicas, promovendo incremento de matéria microbiana (Narendrula-kotha; Nkongolo, 2017).

Antes de dar início a qualquer operação de correção da acidez (calagem e/ou gessagem) e nutrição do solo, é preciso realizar análise de solo. Com esse procedimento, é possível determinar parâmetros químicos de acidez, como também a acessibilidade de nutrientes disponíveis para as plantas. 

O ideal, para realização da análise, é antes da implantação da área agrícola, podendo ser feito no período de entressafra das culturas de ciclo anual. Além disso, o calcário precisa ser aplicado como o mínimo de 45 dias ou ideal de três meses antes da semeadura. Dessa forma, tendo umidade no solo ocorrerá reação do calcário com o solo e, assim, reduzirá a acidez.

Resultados reais

É extremamente importante efetuar uma boa interpretação de análise de solo para averiguar a necessidade da realização ou não da calagem e qual a quantidade a ser utilizada.  Para tanto, existem dois métodos de cálculo de determinação da calagem que são bastante utilizados no Brasil: o método da saturação por bases e o método baseado nos teores de cálcio (Ca) mais magnésio (Mg) trocáveis e Al (Chinelato, 2019).

No que se refere aos tipos de calcário, eles variam de acordo com o percentual de cálcio e magnésio que os constituem, sendo o tipo calcítico, aquele que apresenta menor teor de magnésio e alto de cálcio (45 a 55%), o magnesiano que possui teor mediano de magnésio (5 a 12%) e o dolomítico, o qual retém baixo teor de cálcio e maior teor de magnésio (superior a 12%). 

Para escolha da opção de calcário mais adequada às necessidades do produtor, é preciso observar e interpretar na análise de solo a quantidade de magnésio e cálcio. Assim, será possível optar pelo melhor custo-benefício do corretivo.

Recomendações

A técnica de aplicação de calcário no solo deve ser baseada em resultados de análise do solo, em que o produtor deve contratar um profissional técnico da área para realizar a coleta da amostra. O profissional deve respeitar a profundidade de coleta para cada cultura a ser implantada, pois a depender da cultura, deve-se coletar o solo em certa profundidade para posterior correção do solo, utilizando corretivo.

A coleta do solo para envio ao laboratório de análises químicas deve ser realizada em zigue zague em torno da área a ser realizada a calagem. A acidez do solo limita a produção agrícola em consideráveis áreas no mundo, em decorrência da toxidez causada por Al e manganês (Mn) e da baixa saturação por bases (Caires, 2013).

Ao realizar a calagem do solo deve-se atentar para a incorporação do calcário no solo em profundidade, pois a lanço o calcário não surtirá efeito, tornando o produto ineficiente, resultando em gastos para o produtor. O manejo convencional da fertilidade do solo se baseia na utilização de teores médios de referência dos nutrientes para o cálculo de doses de fertilizantes e corretivos a serem aplicados, onde são selecionadas glebas e consideradas homogêneas entre si, o que pode levar a superestimar ou subestimar a real necessidade de insumos na área (Sanchez et al., 2012).

Em equilíbrio

Carneiro et al. (2018) destacam que se a quantidade de corretivo utilizada for insuficiente, a cultura pode não atingir o efeito desejado, por outro lado, se o teor do corretivo for muito alto, causará um desequilíbrio dos elementos básicos do solo, o que afetará negativamente o desenvolvimento da cultura.

A calagem é um método indispensável na correção da acidez do solo, pois reduz a acidez potencial do solo e eleva o pH a um nível adequado ao cultivo, aumentando assim as bases trocável (SB), a capacidade de troca catiônica (CTC) e a saturação básica do solo (V%), e outros benefícios que auxiliam no aumento da produtividade das lavouras, como soja e milho, principais grãos produzidos no País.

Ao realizar a coleta do solo para envio ao laboratório, o técnico responsável deverá misturar as amostras em um balde plástico limpo até homogeneizar bem, em seguida deve separar  entre 200 e 300 g da amostra em um saco plástico e identificar com as informações necessárias, antes de enviar ao laboratório de análises químicas, como o nome completo do produtor, idade do plantio a ser corrigido, em caso de plantios perenes, município, profundidade da coleta, e podendo acrescentar informações como o tipo de vegetação, topografia, adubação e calagem realizadas anteriormente.

Correção do solo

O uso de corretivos é muito importante em termos de produtividade, pois quando não se realiza a calagem do solo, o produtor tende a jogar dinheiro fora, pois não se sabe a quantidade de nutrientes que se tem disponível, acarretando em gastos desnecessário na compra de insumos.

A economia de insumos, aumento da produtividade e melhor custo-benefício na produção agrícola são alguns dos fatores que têm aumentado a pesquisa nesta área e a implantação da AP no Brasil e no mundo (Campos et al., 2012; Matias et al., 2015).

Quando se realiza a calagem do solo, a produção tende a aumentar significativamente, pois a planta apresenta maior produtividade em solos corrigidos, tendo uma resposta satisfatória aos nutrientes empregados na lavoura.

No sistema de plantio direto a calagem se apresenta bastante eficiente, diminuindo a acidez do solo, o que resulta em aumento de produtividade, o que é esperado pelos agricultores, ressaltando que cada cultivar reage de uma maneira à técnica de calagem, já que cada uma tem uma demanda de nutrientes e hídrica diferente, dependendo também do tipo do solo que a mesma está sendo cultivada (Astera, 2014). 

Produtividade a caminho do lucro

É notório que solos corrigidos com base em resultados de análise laboratoriais irá gerar maior lucratividade ao produtor, pois estará empregando insumos na lavoura com base em cálculos científicos, onerando gastos desnecessários.

Aplicar um produto correto trará um retorno mais rentável, comparado a um produtor que não realiza o planejamento de sua propriedade, investindo em produtos incertos que ocasionarão em prejuízos futuros e, muitas vezes, não obtendo o valor empregado quando não se realiza a correção baseada em análises químicas do solo. 

Ao receber o resultado da análise do solo, é hora de o produtor se planejar com a escolha do método de aplicação do calcário no solo que, primeiramente, deve ser feito por uma calcariadeira a lanço, e logo após deve ser incorporado ao solo em profundidade adequada, por um período de dois a três meses para que as reações ocorram de forma satisfatória e os nutrientes estejam disponíveis.

Desafios

Um dos maiores erros está em realizar a calagem sem antes fazer a coleta do solo para saber a real necessidade do produto empregado, resultando em solos inférteis para culturas de interesse econômico e baixas produtividades, ocasionando grandes gastos e baixos retornos financeiro.

Outro erro é quando o produtor aplica calcário em grandes quantidades no solo, ocasionando em super calagem do solo, que é prejudicial tanto quanto a acidez elevada e de difícil correção.

Uma forma de evitar erros frequentes de calagem do solo é realizar o correto manejo da aplicação, sempre baseado em análises químicas do solo, fazer um breve estudo dos principais insumos que irá utilizar, além da escolha de um profissional capacitado para orientar nas diversas fases da realização de calagem.

Ao se planejar a calagem, o produtor deve fazer uma breve pesquisa dos insumos e equipamentos a serem utilizados e os possíveis gastos para se realizar a correção do solo.

Custo envolvido

A tonelada do calcário calcítico e dolomítico custa de R$ 280 a R$ 549, podendo variar para cada região, além da hora-máquina para preparo de solo e incorporação de calcário, que varia em torno de R$ 150,00 a R$ 200,00 e a análise de solo que, dependendo da região, o produtor pode conseguir sem nenhum custo, ou enviando a um laboratório particular com preços que podem variar, de acordo com frete, entre R$ 70 e R$ 150, com frete incluso. 

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