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Cultivo orgânico de tomates

Synara SilvaMestranda em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)synarasilv@gmail.com

Marcelo Antônio de Sousa GouvêiaEngenheiro agrônomo – Instituto Federal de Minas Gerais, campus Bambuímarcelogouveiatc@gmail.com

Tomate – Crédito: Shutterstock

O tomate está entre as hortaliças de maior importância mundial. Características como ciclo de produção relativamente curto e alta produtividade por unidade de área conferem o alto valor comercial e grande relevância mundial, especialmente devido à geração de divisas nos países produtores.

Segundo dados da FAO, na produção convencional o cultivo de tomate é realizado em uma área de 5,0 milhões de hectares, com produção de 180 milhões de toneladas, no ano de 2019. O Brasil é o 10° maior produtor mundial de tomate, com 3,9 milhões de toneladas.

Em torno de 63,4% da produção de tomate é destinada ao consumo in natura (tomate de mesa) e 36,6% possui finalidade de processamento de polpa (tomate industrial).

Agricultura orgânica

A agricultura orgânica preconiza a conservação dos recursos naturais, redução do impacto da ação do ser humano no ambiente e o desenvolvimento das espécies sem a adoção de defensivos químicos.

A produção de orgânicos nos últimos anos tem aumentado de forma expressiva no mercado nacional. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Brasil possui em torno de 16.000 produtores orgânicos cadastrados e o segmento movimentou R$ 5.8 bilhões no ano de 2019.

É importante salientar que a maior parte das hortaliças foram domesticadas em países de clima temperado e a partir da introdução no Brasil tiveram que se adaptar às condições edafoclimáticas brasileiras, com maior temperatura, alta umidade e elevada pluviosidade.

O desenvolvimento de cultivares resistentes às pragas e doenças e que sejam adaptadas ao ambiente deve ser uma preocupação constante neste segmento, visando não só o aumento da produtividade, mas especialmente a qualidade fisiológica e sanitária das sementes produzidas no sistema orgânico.

Desafios

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O tomate é uma das hortaliças mais consumidas pela população brasileira, porém, é uma das culturas mais desafiadoras de produção, com alto número de pragas e doenças que acometem a espécie. Desta forma, estratégias que permitem a produção desta cultura no sistema de produção orgânico são essenciais para atender a demanda do mercado, sendo que o primeiro insumo para o sucesso da produção são as sementes.

Sementes

As sementes são um recurso primordial no êxito do cultivo de hortaliças, seja na produção convencional ou orgânica. A escolha do tipo da semente pelo agricultor é uma etapa essencial dentro de todo o processo da agricultura orgânica, devendo ser de boa qualidade para gerar bons frutos.

A legislação nacional recomenda que as sementes sejam oriundas de sistemas orgânicos, porém, quando a espécie não possui sementes direcionadas ao cultivo orgânico, há a liberação para a utilização de materiais existentes no mercado. Entretanto, não é desejável que a semente tenha sido tratada com defensivos químicos ou, se houver, que respeite o período de carência.

Na produção de hortaliças, boa parte do cultivo é feita utilizando sementes de produção convencional, uma vez que não há a disponibilidade de sementes orgânicas no mercado em quantidade e qualidade suficientes para atender toda a demanda das principais espécies olerícolas.

Genética

Os híbridos de tomate são comumente utilizados nas lavouras, devido à baixa disponibilidade de sementes destinadas à produção orgânica. O fomento das pesquisas de melhoramento genético no tomateiro provoca a competitividade do mercado com a maior disponibilização de híbridos a cada ano.

Contudo, para o produtor orgânico a dependência da utilização de insumos externos, neste caso, das sementes híbridas, não é benéfico diante da dependência de empresas privadas, além de serem materiais com maior custo de aquisição e não estarem adaptados à produção orgânica.

Desta forma, o desenvolvimento de uma cultivar de tomate que seja direcionada à produção orgânica pode gerar maiores ganhos produtivos com uma cultivar adaptada ao microclima da propriedade, que seja produtiva e, consequentemente, proporcione retorno financeiro do cultivo.

Rentabilidade

Os produtos orgânicos são geralmente comercializados com maior valor agregado, por diversas razões, tais como o elevado custo de produção devido à maior exigência de trabalho por unidade de área.

Além disso, a certificação é um processo extremamente caro. Para o produto orgânico ser certificado, deve atender a diversos critérios ambientais e sociais. O investimento para a obtenção do selo orgânico é elevado, em especial para a realidade de agricultores familiares, e como consequência, os produtores elevam o preço durante a comercialização para a recuperação deste custo.

Dentre as hortaliças, o tomate orgânico pode ser comercializado, comparado à produção convencional, em 76%. Vale destacar que este percentual depende da região de cultivo, dos recursos naturais disponíveis e das técnicas de cultivo empregadas na área.

A partir da utilização de sementes orgânicas no cultivo de tomate ocorre a maior facilidade dos agricultores atenderem a legislação para a certificação da produção orgânica, minimiza os custos de produção, e consequentemente, favorece na maior rentabilidade do produtor rural. 

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