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Adjuvantes garantem eficiência nas pulverizações

Ana Caroline Scoparokahscoparo@gmail.com

Marcelo Fernando Pimentamarcelofpimenta@outlook.com

Graduandos em Agronomia – Centro Universitário da Faculdade Integrada de Ourinhos (UniFio) Ourinhos (SP)

Adilson Pimentel JuniorEngenheiro agrônomo, mestre em Agronomia e professor – UniFioadilson_pimentel@outlook.com

Aline Mendes de Sousa GouveiaEngenheira agrônoma, doutora em Agronomia e professora – UniFio aline_mendes@fio.edu.br

Pulverizador – Crédito: Jacto

O Brasil é um dos líderes mundiais no uso de defensivos agrícolas, como os herbicidas, inseticidas e fungicidas. O uso de adjuvantes tem se tornado muito popular, impondo a necessidade de uma ampla discussão sobre as reais funções desses produtos.

Nesses últimos anos, houve um aumento de 78% no uso de adjuvantes, para aumentar a eficiência desses produtos fitossanitários, e assim avançar em tecnologia na melhoria do preparo da calda, garantindo melhor distribuição do produto aplicado.

Para atingir o alvo, é imprescindível a formação de uma gota homogênea e sua interligação com a velocidade de trabalho, deriva, volume de calda, condições climáticas e formulações dos defensivos. Durante a aplicação adotam-se características técnicas para evitar perdas, justamente com a intenção de promover ganhos em produtividade.

Ganho de cobertura

Os adjuvantes agrícolas são utilizados para aumentar a eficácia dos produtos fitossanitários aplicados na lavoura, visando facilitar a aplicação ou minimizar possíveis problemas. São divididos em dois grupos: os modificadores das propriedades de superfície dos líquidos (surfactantes: espalhante, umectante, detergentes, dispersantes e aderentes, entre outros) e os aditivos (óleo mineral ou vegetal, sulfato de amônio e ureia, entre outros) que afetam a absorção devido à sua ação direta sobre a cutícula.

Os surfactantes têm como função principal aumentar a área de contato das gotas com os alvos, melhorando o espalhamento da calda e o molhamento da superfície tratada. A maior área de contato é obtida pela redução da tensão superficial, que é a força interna do líquido que mantém suas moléculas unidas, dificultando o seu espalhamento.

Um efeito importante do aumento da área de contato é a maior eficiência de penetração e de absorção, podendo ocorrer, nesse contexto, maior penetração das gotas pelos estômatos. Os surfactantes atuam também nas interfaces entre as diferentes fases de uma calda formada pela mistura de componentes, permitindo a formação de emulsões (misturas de água e óleo).

Recomendações

Assim, como a maioria dos demais adjuvantes, os surfactantes devem ser recomendados pela concentração em relação à calda preparada, e não diretamente por uma dose/hectare, de forma que se possa reduzir a chance de erros por deficiência ou excesso de produto no caso da alteração do volume de calda de uma aplicação.

Outra classe importante de adjuvantes são os óleos para pulverização. Os óleos minerais e vegetais são disponibilizados como produtos puros ou formulados. Estes últimos possuem em sua constituição um percentual de surfactante (que pode variar de 1 a 20%), visando facilitar a emulsificação e a própria redução da tensão superficial.

Os óleos vegetais modificados (MSO) são os ésteres metilados ou etilados obtidos a partir de óleos vegetais que possuem maior poder solvente, e são mais penetrantes do que os óleos vegetais comuns. Os óleos minerais, por serem derivados de petróleo e possuírem maior poder solvente, são recomendados em concentrações menores (até 1% do volume de calda).

Já os óleos vegetais, cujo poder solvente é menor, são recomendados em concentrações de até 20% do volume de calda. Os óleos vegetais possuem a vantagem do ponto de vista ambiental, por serem produtos naturais e biodegradáveis, com menor efeito poluente. Por essa razão, existe uma tendência mundial de substituição dos óleos minerais pelos vegetais nas pulverizações.

Óleos

A adição de óleo na calda tem como função principal melhorar a penetração e a absorção dos ativos nas folhas, bem como, quando em altas concentrações, promover uma relativa redução do potencial de evaporação das gotas.

Os óleos atuam também no processo de formação de gotas, induzindo o aumento no seu tamanho médio e a redução na formação de gotas muito finas no espectro (função antideriva). No caso do risco de evaporação, quanto maior for o percentual de óleo na calda, menor será sua fração sujeita à evaporação durante a aplicação.

O uso de óleo como adjuvante com as funções de adesão e penetração se baseia nas características do óleo como solvente das ceras e das camadas superficiais das folhas das plantas.

Nesse sentido, os óleos minerais são solventes melhores do que os vegetais e, por isso, as concentrações normalmente utilizadas são sempre menores do que para os óleos vegetais. Com relação a essa característica, o tipo de óleo e sua concentração devem ser referenciados por uma recomendação do fabricante do defensivo em questão, pois algumas formulações apresentam recomendações específicas quanto ao uso ou não de óleo adjuvante na calda.

Ao adicionar o adjuvante na calda há uma melhora na homogeneização do defensivo com a água, que acaba por corrigir algumas característica físico-química, como pH, a tensão superficial da calda, uniformidade da gota e aumentar a dispersão e a adesão sobre a superfície foliar.

Dessa forma, há impacto positivo no combate ao alvo, como as plantas invasoras, patógenos e insetos, por acelerar a absorção e translocação na planta, diminuindo a perda por radiação solar e até mesmo lavagem pela chuva, proporcionando uma melhor cobertura, com uma maior concentração e menor perda, atingindo o alvo.

Culturas beneficiadas

Segundo estudos realizados sobre a eficiência dos adjuvantes sobre o controle fitossanitário de plantas, há um amplo leque de culturas que podem ser utilizados, visto que este tem se mostrado um produto essencial na manutenção da qualidade da aplicação e diminuição nos riscos e perdas.

Manejo

Há adjuvantes para diversos tipos de manejos, como para melhorar o espalhamento dos defensivos agrícolas, para a penetração do ativo e até os que reduzem a volatilidade dos herbicidas.

A aplicação de adjuvantes pode ser integrada a pulverizações, obedecendo a ordem correta no preparo da calda de acordo com a função e a recomendação de uso. Um fator importante a ser considerado na definição da técnica de aplicação é a influência dos componentes da calda no processo de formação de gotas a partir da ponta, o qual pode ser significativamente alterado pela modificação de características físicas do líquido em questão.

Assim, fatores básicos, como tamanho médio e espectro de gotas podem ser alterados de maneira significativa tanto por variações na calda quanto pela própria troca das pontas de pulverização. Por isso, o uso de adjuvantes deve ser precedido de um rigoroso estudo das reais necessidades do processo de pulverização.

Produtividade

Adjuvantes aumentam a eficácia dos defensivos e contribuem para o aumento da produtividade. Plantas ficam mais protegidas, o que, consequentemente, favorece a elevação do rendimento nos campos.

Resultados práticos ainda relatam um aumento de 80% na eficiência de aplicações com o uso de adjuvantes, por ocorrer uma melhor homogeneização da calda na hora do preparo, diminuindo consideravelmente a espuma e ajudando no equilíbrio do pH da calda.

Há, também, melhora da dispersão de gotas nas ponteiras, diminuição na deriva (evaporação da calda), e ao se depositarem nas folhas, as gotas irão se espalhar melhor, controlando sua evaporação, tendo função adesivante, promovendo na folha um maior tempo de absorção.

Em experimento realizado a campo com a cultura da soja em 1,0 ha-1 de plantio, foram realizadas três aplicações (herbicida, fungicida e inseticida). Testou-se em 100 m2 os produtos com adjuvantes em todas as aplicações, e em os outros 100 m2 sem uso de adjuvantes.

Foram obtidos os seguintes resultados: o custo do adjuvante foi em torno de R$ 90,00 o litro (preço de revenda do mês de maio de 2020), e com uma dose de 82 ml/ha revelou-se que houve uma melhora significativamente nas aplicações, como a homogeneização da calda (cerca de 90%).

Não houve presença de espumas; a deriva diminuiu cerca de 80% em todas as aplicações; a distribuição das gotas foi mais uniforme e, por fim, houve uma melhor resposta das plantas na absorção dos produtos.

Já na área sem a aplicação do adjuvante houve uma perda de 30% em deriva, ou seja, o ingrediente ativo não atingiu o alvo, causando perda na aplicação e consequente o alvo não foi atingido; a heterogeneidade da calda e presença de espumas. Assim, as gotas, ao caírem nas folhas ,não se dispersaram totalmente, deixando “reboleiras” suscetíveis a ataques de doenças e pragas.

Erros

Muitas vezes a falta de conhecimento técnico e prático dificulta o correto preparo da calda, como a utilização e manutenção de bicos incorretos para cada tipo de defensivo; aplicações em horários inadequados; regulação e calibração do pulverizador; sequência correta ao inserir os produtos no pulverizador, velocidade de trabalho e volume da calda.

O uso incorreto dos adjuvantes no preparo da calda pode afetar a qualidade do mesmo, e colocando em ordem incorreta pode haver rejeição, e alguns produtos “talharem”, dificultando a aplicação e comprometendo a eficiência da pulverização.

Para evitar erros, alguns passos podem ser realizados, como a utilizar uma ponteira correta para cada tipo de produto, calibração do pulverizador na pressão ideal e realização da manutenção corretamente periodicamente.

É importante realizar as aplicações respeitando as condições climáticas, e adicionar o adjuvante em primeiro lugar no pulverizador, o que irá livrar o produtor de vários problemas futuros. Além disso, buscar por informações na bula do produto agrega maior conhecimento e resultados positivos na eficiência da aplicação.

Custo-benefício

No experimento citado anteriormente, o produtor investiu R$ 7,38/ha em uma pulverização com fungicida, por exemplo, em que o litro custa em torno de R$ 133,91, e com uma dose de 289,25 ml/ha.

Assim, o custo total do produto mais o adjuvante foi de R$ 46,11/ha, comparado com a aplicação sem o uso do adjuvante foi de R$ 38,78/ha. Com o pulverizador calibrado corretamente, serão necessários aproximadamente 166 litros de calda por hectare.

Com uma deriva de 30%, equivalente a 49,8 litros de calda perdida, obteve-se uma quebra de R$ 11,60 por hectare. Contudo, além de perder dinheiro com a calda, o produtor também poderá perder em produtividade, devido à deriva.

Dessa forma, com um investimento de R$ 7,38/ha, o produtor economizará R$ 4,22 (dos R$ 11,60 perdidos na deriva) por hectare/cada aplicação, portanto, uma economia no valor de investimento do adjuvante. Assim, além de obter um melhor rendimento de aplicação, as plantas crescerão mais saudáveis, gerando melhor produção e ganho de rentabilidade.

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