Inúmeras doenças podem incidir sobre a cultura da soja durante seu período de desenvolvimento, resultando em perdas quantitativas e qualitativas. Uma dessas doenças é a Cercospora kikuchii, também conhecida popularmente como crestamento foliar de cercóspora ou mancha púrpura. Segundo Henning et al. (2014), condições de temperaturas amenas, variando entre 23 a 27°C e alta umidade favorecem o desenvolvimento da doença.
Dentre os principais sintomas da doença podemos destacar pontuações escuras, castanho-avermelhadas, com bordas difusas, as quais coalescem e formam grandes manchas escuras que resultam em severo crestamento e desfolha prematura. A doença também pode atacar a soja, atingindo as sementes e causando manchas púrpuras no tegumento (Henning et al., 2014). Em casos mais severos, reduções de até 30% de produtividade podem ser observadas na cultura da soja (Grigolli, 2015).
Embora o fungo Cercospora kikuchii por si só não cause redução da qualidade fisiológica das sementes de soja (Henning et al., 2019), é constante o questionamento dos efeitos dessa doença na qualidade de grãos de soja.
Por ser conhecida mundialmente como uma commodity fonte de óleo e proteína, a perda ou redução de uma dessas características da soja em virtude da ocorrência da mancha púrpura pode implicar em redução do preço de comercialização da soja.
Disseminação
A Cercospora kikuchii está disseminada por todas as regiões produtoras de soja do Brasil (Grigolli, 2015), sendo assim, reduções de óleo ou especialmente de proteína dos grãos em virtude da ocorrência da doença podem refletir nos preços da soja brasileira.
O professor e pesquisador Marcelo Madalosso demonstra que, separando sementes visualmente infectadas com o fungo (sintomas de mancha-púrpura) de sementes aparentemente sadias e analisando-as, é possível observar significativa redução do teor de proteína em grãos da soja com sintomas da doença, podendo essa redução ser de até 4%.
Essa redução significativa da porcentagem de proteína dos grãos de soja brasileiros pode refletir em redução do preço pago pela produção, entretanto, ainda são necessários estudos mais aprofundados para quantificar e afirmar o real impacto desse dano.
No entanto, fica o alerta aos sojicultores brasileiros, sendo essencial realizar um adequado manejo fitossanitário da cultura, dando atenção para o controle da mancha púrpura visando reduzir o impacto negativo dela na rentabilidade da cultura.
Fonte: Equipe Mais Soja