Fábio Olivieri de Nobile – Professor titular do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (UNIFEB) – fabio.nobile@unifeb.edu.br
Maria Gabriela Anunciação – Engenheira agrônoma – UNIFEB
As necessidades nutricionais humanas desafiam a capacidade produtiva das terras cultiváveis. Uma população de 9 bilhões é estimada até 2050, o que coloca uma forte pressão para aumento na produção de alimentos em pelo menos 40%. Obviamente, há um limite nas terras cultiváveis disponíveis, somado à crescente escassez de água.
Assim, as práticas agrícolas precisam obter sustentavelmente maiores rendimentos de produção em vez de expandir para novas áreas agrícolas. No cenário atual, a humanidade já emprega grandes quantidades de fertilizantes: são cerca de 190 milhões de toneladas/ano aplicadas para aumentar a produção agrícola.
Segundo a International Fertilizer Association (IFA), em nível mundial, a aplicação de fertilizantes nitrogenados tem aumentado rapidamente nas últimas décadas, de 32 milhões de toneladas em 1970 para cerca de 100 milhões de toneladas em 2010; espera-se que aumente para 130-150 milhões de toneladas por ano até 2050.
Importação de fertilizantes
No Brasil, em 2020, a importação de fertilizantes totalizou 29,4 milhões de toneladas, volume 11% superior às 26,4 milhões registradas em 2019. Três produtos se destacaram pelos recordes de importação, sendo os maiores volumes dos últimos cinco anos.
A importação de ureia foi 28% superior em 2020 em relação ao ano anterior, com 6,8 milhões de toneladas. Para o MAP, foram registradas 4,8 milhões de toneladas, volume 25% acima do total de 2019. E para o cloreto de potássio, o volume importado em 2020, de 11,4 milhões de toneladas, é 12% superior ao ano anterior e representou 39% do volume total de fertilizantes importados, sendo um dos produtos com maior dependência do mercado internacional devido à baixa produção interna.
[rml_read_more]
Nutrição da batateira
Aproximadamente 78% do fósforo (P), 68% do potássio (K), 65% do nitrogênio (N), 65% do enxofre (S), 33% do magnésio (Mg) e 9% do cálcio (Ca) absorvidos pela batateira são acumulados nos tubérculos.
Quanto aos micronutrientes, cerca de 49% do cobre (Cu), 45% do boro (B) e 41% do zinco (Zn) absorvidos pela cultura ao longo do ciclo são acumulados nos tubérculos, enquanto a absorção de ferro (Fe) e manganês (Mn) representa 20 e 11%, respectivamente, do total absorvido pela planta de batata.
Isso fica claro quando são apresentados os dados extração e exportação das demandas de nutrientes das variedades de batata mais cultivadas no Brasil.
Tabela 1. Extração de macronutrientes pela cultura da batata
Tabela 1. Exportação de macronutrientes pela cultura da batata
Comparando os dois quadros, verificamos que quase todo o fósforo (P) e o enxofre (S) são exportados, seguidos pelo potássio (K) com 80%, nitrogênio (N) com 70%, magnésio (Mg) com 67% e cálcio (Ca) com 9%.
Desafios e soluções
Um grande desafio da bataticultura é fornecer a quantidade de nutrientes necessária e no momento adequado, pois o sistema radicular da batata é considerado superficial e delicado, com baixa eficiência de uso de fertilizante aplicado.
Em batata, as adubações são pesadas, portanto, a adubação precisa ser bem direcionada, pois grandes quantidades de fertilizante N podem ser perdidas, caso não seja realizado um bom planejamento inicial.
E, neste sentido, o uso dos fertilizantes de liberação lenta pode efetivamente aliviar tais problemas, reduzindo a perda de nutrientes e melhorando a utilização dos nutrientes. Pode-se alcançar muitos benefícios como a redução na frequência de aplicação e minimização de potenciais efeitos negativos associados a doses em excesso.
Na literatura, há relatos sobre efeitos benéficos também na retenção de umidade e nas interações da rizosfera, com reflexos positivos em parâmetros produtivos.
Tecnologias
Pensando em reduzir a utilização indiscriminada de fertilizantes em cultivos de batata, está disponível o uso de fertilizante com tecnologias de liberação lenta ou controlada. Essas alternativas são valiosas, pois a liberação dos nutrientes durante todo o ciclo da cultura possibilita aplicar toda a dose de fertilizantes em uma única atividade (plantio), eliminando a aplicação de fertilizantes em cobertura, o que traz substancial eficiência operacional.