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Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Montes Claros, desenvolveram uma nova técnica que possibilita a redução do desperdÃcio de água na irrigação em regiões que têm grande concentração de calcário
A pesquisa realizada pela UFMG integra os 16 projetos de quatro universidades e centros de pesquisa do Norte de Minas apoiados pelo Programa de Incentivo à Inovação (PII), realizado pelo Sebrae em parceria com a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes).
“O PII estimula a criação de novas tecnologias, produtos e processos inovadores para o mercado, a partir do conhecimento gerado nas instituições de ensino“, explica a analista da Unidade de Acesso à Inovação e Sustentabilidade do Sebrae Minas, Andrea Furtado.
Ao contrário da irrigação por pivôs, no método localizado, a água é dosada de acordo com a necessidade da planta, economizando água e energia. “Na irrigação localizada, de 80% a 95% da água utilizada na irrigação é captada pela planta, ao contrário da irrigação tradicional, que é de apenas 60%. Uma economia de no mÃnimo 20% de água e 30% de energia“, explica a pesquisadora da UFMG de Montes Claros, Francinete Veloso Duarte.
Mitos e verdades
A água calcária não faz mal para a saúde humana, mas pode trazer alguns inconvenientes à agricultura. Isso porque a utilização de águas subterrâneas para irrigação localizada com água calcária, como é o caso de regiões semiáridas e áridas, como o Norte de Minas e Nordeste do Brasil, provoca o entupimento frequente dos bicos de gotejamento. “O sistema fica comprometido. Uma planta pode receber mais água e outra não receber nenhuma. O produtor acaba por ter que trocar os gotejadores com frequência, o que gera uma rejeição por esse tipo sistema“, afirma Francinete.
 Muitos agricultores utilizam ácidos (sulfúrico, clorÃdrico ou nÃtrico) para desobstruir os gotejadores. No entanto, devido à toxicidade, esses ácidos podem ser nocivos tanto para a cultura quanto para o solo e para quem o manuseia. Eles também representam um custo adicional significativo para os produtores.
Novidade
Foi pensando em resolver esse problema que pesquisadores da UFMG de Montes Claros criaram um sistema que injeta CO2 na água durante a irrigação localizada.
Inédita, a tecnologia tem um importante apelo ambiental, por ser mais econômica e eficiente do que a irrigação convencional. Além disso, a injeção sempre é feita em ambiente aberto, oferecendo mais segurança ao agricultor. “O CO2 é adicionado à água utilizando-se uma mangueira que conecta o cilindro de gás à tubulação do sistema de irrigação na saÃda do reservatório. O gás é injetado a uma pressão igual a do sistema de irrigação, dissolvendo os carbonatos. O CO2 é aplicado na água por cerca de 1h durante a irrigação“, diz a pesquisadora.
Outra vantagem da adoção do sistema de injeção de gás carbônico é que, de acordo com alguns estudos da área ciências do solo, ele reduz, em regiões mais áridas, a utilização de água pelas plantas. Além disso, na irrigação localizada o gás não penetra mais que 15 centÃmetros abaixo do solo e, por isso, não provoca o deslocamento de minerais (lixiviação) para o lençol freático.
 O projeto de utilização de CO2 para dissolução do calcário em sistemas de irrigação está na fase de prototipagem. A instalação do sistema de gás a irrigação utiliza materiais já existentes no mercado.
O protótipo é um equipamento que mede a quantidade de CO2 a ser injetada para que não haja o desperdÃcio do gás e seja atingido o objetivo de dissolver os carbonatos. “O serviço que vamos oferecer inclui a análise da água e o controle da dosagem de gás, tudo feito com ajuda de um software especialmente projetado para esse fim“, diz a pesquisadora.
A tecnologia, inédita, vai ser protegida na modalidade segredo industrial. A técnica será direcionada às propriedades com médios e grandes sistemas de irrigação. O modelo de negócio previsto, a partir desse projeto, é a prestação de serviços de consultoria, por meio de uma nova empresa, para propriedades interessadas em aprimorar o sistema de irrigação e evitar o entupimento dos gotejadores.
PII
O Programa de Incentivo à Inovação (PII), criado em 2006, já foi realizado em universidades, faculdades e centros tecnológicos de Lavras, Itajubá, Juiz de Fora, Viçosa, Uberlândia e Belo Horizonte.
Em Montes Claros, o edital de seleção do PII foi publicado em 2011, para pesquisadores da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Faculdade de Ciência e Tecnologia (Facit), Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais (ICA/UFMG) e Faculdades Integradas do Norte de Minas ” Instituto de Ciências da Saúde (Funorte).
 “Esta é a primeira vez que o PII une quatro universidades e centros de pesquisas em um único programa que transforma conhecimento e tecnologia em soluções inovadoras para o mercado“, confirma a analista do Sebrae Minas em Montes Claros, Hebbe Mendes.
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