Compartilhar informações sobre como o meio ambiente pode ser autossuficiente e equilibrado para que os próprios agentes naturais se encarreguem de combater possíveis pragas da lavoura. Saber como chegar a este ponto é a proposta da pesquisadora da Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais), Madelaine Venzon, durante o III Simpósio Brasileiro do Manejo Biológico do Café, realizado nos dias 5 e 6 de outubro, na cidade de Franca (SP). As inscrições podem ser realizadas pelo link.
Com o tema ‘Manejo Agroecológico de Pragas na Cultura do Café’, o painel realizado no dia 6, a partir das 8h, terá também a participação das pesquisadoras Elem Martins e Jéssica Martins.
O manejo agroecológico, diferente do manejo integrado ou do controle de pragas em si, considera o manejo como um todo e não somente a praga e o seu inimigo natural, mas também as plantas, o ambiente e a paisagem agrícola. Madelaine explica que apresentará aos participantes o controle biológico conservativo e as medidas curativas até que o sistema seja equilibrado.
“Vamos falar sobre as bases do controle, como funciona o processo, resultados mais recentes que temos acompanhado, quais plantas devem ser introduzidas neste ambiente e, se for preciso adotar alguma medida de combate às pragas do café, que seja utilizado o bioinsumo”, explica a pesquisadora.
E para os produtores que desejem mudar do manejo com os químicos para o biológico, a pesquisadora explica que, primeiramente, é preciso mudar a estrutura nas plantações. “É preciso que o ambiente volte a ter diversidade de plantas, com cobertura verde e arborização, árvores e arbustos, características que mantém e atraem os insetos”.
Mas Madelaine adianta que há um período de transição, momento em que será preciso usar algum produto biológico para combate de pragas. “Depois de equilibrado, a tendência é reduzir ou eliminar os bioinsumos”.
Madelaine ressalta que esse compartilhamento de práticas sustentáveis é importante para que o produtor conheça e estimule as mudanças, com novos métodos de manejo no café. “Além da questão ambiental, que é o principal motivo dessa mudança de postura do produtor, mas também há uma redução de custos, tendo em vista que o produtor não vai adquirir os produtos químicos, não há gastos com maquinário, mão-de-obra e toda a cadeia operacional que envolve a utilização dos insumos químicos”, pontua.
Madelaine também destaca que muitas pragas do café já não estão sendo controladas com os produtos químicos disponíveis hoje no mercado, já que os insetos não estão mais respondendo aos princípios ativos desses produtos, mas em contrapartida, esses mesmos ativos estão acabando com os organismos benéficos ao ambiente (como abelhas e demais organismos naturais), além da toxidade ao ser humano. “Além disso, há muitas restrições de mercado, já que vários países já não permitem resíduos químicos no café. Por isso, há sim uma necessidade de mudança”.
Produtor mais consciente – “Houve muita mudança no produtor do café, que foi percebida com a maior demanda por pesquisa, especialmente nos últimos dois ou três anos, além do crescimento do mercado de produtos biológicos no Brasil, motivado pela maior procura do produtor”.
E completa: “Este é um evento diferenciado, porque é focado. São dois dias intensos de debates e compartilhamento de experiências, com profissionais que trabalham na pesquisa e o produtor, que nas edições anteriores sempre foi muito participativo”, salienta Madelaine.