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Monitoramento de formigueiros por drones

O monitoramento preciso de formigueiros por drones é a chave para compreender os intricados padrões da vida no solo, promovendo uma agricultura mais eficiente e sustentável.

Cristiane de Pieri
PhD em Patologia Florestal e consultora técnica comercial – Dinagro Agropecuária
cristiane@dinagro.com.br

Eloá Cabrera Machado Mendes
Engenheira florestal, especialista em Economia e representante técnica comercial – Koppert do Brasil

Mais uma inovação já está presente nas florestas: o uso de drones com radares para monitorar formigueiros. A tecnologia sobrevoa as árvores para detectar ninhos de formigas cortadeiras – um grande problema para as florestas plantadas.

Os drones podem ser um poderoso aliado no monitoramento de formigas
Créditos: Depositphotos

Desde 2022, a ferramenta torna mais eficaz o controle dos insetos e possibilita que as mudas de pinus e eucalipto cresçam mais seguras e saudáveis.

De acordo com o relatório da Indústria Brasileira de Árvores (IBA, 2023), a área de florestas plantadas totalizou 9,94 milhões de hectares em 2022, um crescimento de 0,3% em relação ao ano anterior, considerando eucalipto, pinus e outras espécies florestais.

O eucalipto corresponde a 76% da área cultivada, seguidamente o pinus com 19% e outras espécies, como a seringueira, a teca e a acácia, juntas correspondem a 5%. Os plantios de eucalipto estão localizados, principalmente, nas regiões sudeste e centro-oeste do país, com destaque para Minas Gerais (29%), Mato Grosso Sul (15%) e São Paulo (13%).

Fitossanidade

Sabe-se que uma das principais pragas do eucalipto são as formigas cortadeiras. Pertencem a dois principais gêneros: Atta (conhecidas popularmente como saúvas) e Acromyrmex (conhecidas popularmente como quenquéns).

Ocorrem cerca de 21 espécies de quenquéns e nove espécies de saúvas, que estão distribuídas nas cinco regiões brasileiras (sudeste, sul, nordeste, centro-oeste e norte).

Danos

A população em ninhos adultos pode chegar a 7,0 milhões de indivíduos em sauveiros e 175 mil em quenquenzeiros. Os danos causados pelas formigas cortadeiras podem ser notados de um dia para o outro.

Em apenas uma noite elas podem desfolhar uma árvore de eucalipto inteira, levando, com isso, à diminuição anual no rendimento da cultura. Estima-se que a desfolha total de uma árvore de eucalipto corresponda a 13% da perda de volume de madeira ao final da rotação (sete anos).

Perdas podem chegar a mais de 1,2 bilhões de árvores por ano, considerando uma média de quatro sauveiros adultos por hectare. Com isso, algumas medidas de manejo podem/devem ser tomadas para proteger as plantas do ataque, e o monitoramento para correto controle de formigas é uma delas.

Drones como aliados

Como já se sabe, as formigas cortadeiras são responsáveis por grandes prejuízos na agricultura. Os ataques desta praga podem ocorrem principalmente na fase inicial dos plantios florestais e podem perdurar em todo o ciclo da cultura, afetando significativamente no volume final da madeira.

Os drones se tornaram aliados não somente nas atividades agrícolas, mas na floresta também. Comumente, o trabalho de mapeamento dos formigueiros nas plantações florestais é realizado de forma manual, o que demanda grande quantidade de mão de obra. 

Fazer o uso de drones para o monitoramento de ninhos amplia a eficiência do controle, diminui os custos de combate e reduz as perdas com replantio e de produção, promovendo positivamente o desenvolvimento das florestas, desde mudas até plantios adultos.

Os drones com radares trabalham como sistema de varredura, via sinais de baixa frequência, como a banda P pelo sistema SAR, capazes de scanear a subsuperfície do solo e assim identificar os bolsões de gases ou terra revolvida.

Também é possível, com outras tecnologias, medir a temperatura do solo, níveis de gás carbônico, entre outras informações de atividade do formigueiro. Para aumentar a acurácia da análise dos dados, são correlacionadas ao sistema de georreferenciamento de imagens, como “grides” de coloração dos pixels, zoneamento da desfolha, índice spad (nível de clorofila na folha) e inventário florestal com os valores de produtividade em cada unidade de produção.

Todas essas leituras são tratadas em conjunto para a melhor assertividade e identificação do tamanho dos ninhos de formiga e seus respectivos níveis de danos econômico. Após a compilação dessas informações, é são definida a quantidade de insumos e o cronograma para o controle.

Nos mapas com os pontos georreferenciados dos formigueiros é possível fazer a aplicação localizada dos insumos de forma efetiva via drone ou mecanizada, otimizando as equipes para as áreas prioritárias dentro do talhão.

Inovação em teste

Apesar de não estar disponível operacionalmente, a aplicação de insumos por drones tem sido uma alternativa aguardada dentro das empresas florestais.

Isso porque, porque, além de diminuir substancialmente as emissões de gás carbônico, também gera informações mais precisas, amplamente disponíveis no sistema para checagem, devido aos pontos georreferenciados.

Proporciona, também, o uso racional dos insumos, em comparação com o método tradicional de avistamento e medição da área de terra revolvida pelo operador do trator, que na maior parte do tempo tem a visão prejudicada pela presença do sub-bosque na floresta, velocidade do trator ou outras distrações.

Avanços na tecnologia

Como na agricultura de precisão, o avanço do monitoramento por meio de sensores permite o uso racional dos insumos com alta efetividade no controle das pragas no tempo correto.

Os resultados prévios do monitoramento por meio radar embarcado via drone para formigas cortadeiras possibilitou uma maior abrangência da silvicultura de precisão. A tecnologia permite, ainda, substituir equipes inteiras de monitoramento e direcionar essas linhas para execução de outras atividades prioritárias dentro da silvicultura, inventário ou controle de qualidade.

Versatilidade

Os drones apresentam aplicabilidade em várias áreas de estudo e já estão sendo utilizados no mapeamento de relevos em áreas; na aplicação de herbicidas, fungicidas e inseticidas em plantios comerciais agrícolas; na detecção e monitoramento de pragas e doenças agrícolas; nas falhas de plantio; na falta de irrigação ou adubação.

Especificamente em florestas no georreferenciamento para observação de áreas desmatadas, é utilizado no monitoramento de animais, nos estudos ecológicos (mapeamento de áreas de preservação permanente, reserva legal, reflorestamento, etc.), nos incêndios florestais, em zonas de difícil acesso, no mapeamento de clareiras, em inventários florestais e na estimativa de volume de madeira.

Recentemente, em 2022, a ferramenta começou a ser aplicada no monitoramento de formigas cortadeiras com alta porcentagem na localização dos ninhos.

Com uma metodologia de monitoramento de formigueiros definida, poderá se identificar quais áreas precisam de controle, bem como acompanha-las após a realização do controle.

Culturas beneficiadas

Além do eucalipto e pinus, outras espécies florestais, bem como espécies comerciais agrícolas, como o algodão, a mandioca, o milho, a pastagem e diversas frutíferas, como o citrus e a manga e ornamentais, como a roseira, são afetadas pelas formigas cortadeiras.

O monitoramento das formigas cortadeiras via drone auxiliará, além do setor florestal, outros segmentos que impactam a economia brasileira, como a agricultura em geral, floricultura e pecuária.

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