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Abacate Hass: exportações são marcantes no Brasil

A cultivar ‘Hass’ é a mais valorizada no mundo. O fruto possui alta concentração de lipídeos e pode pesar entre 149 e 300 gramas. Essas cultivares são reconhecidas pelos altos níveis de óleo e este fator tem uma forte influência na conservação do sabor.

Foto: Pixabay

Lígia Falanghe Carvalho
Sócia diretora da Jaguacy, presidente da Associação Abacates do Brasil e da Comissão Nacional de Fruticultura da (CNA)
ligia@jaguacy.com.br

No Brasil, até meados da última década, o abacate era visto como uma fruta adocicada, consumida tradicionalmente com açúcar ou no preparo de vitaminas, tendo pouca expressão na gastronomia brasileira.

Com o aumento da busca por alimentos saudáveis devido à pandemia, o abacate, considerado um superalimento também ganhou ainda mais destaque.

Características

A denominação ‘avocado’ tem sido utilizada no Brasil para identificar as cultivares de abacate ‘Hass’ e ‘Fuerte’ (esta última, no Brasil, não é produzida desde 2010), que são valorizadas pelo seu tamanho diferenciado e alto teor de lipídeos, apesar de suas reduzidas dimensões.

Estas cultivares têm grande aceitação do mercado consumidor pelo tamanho e também por terem menor teor de água em sua composição, o que representa um fruto com características ideias para pratos culinários salgados. Além disso, enquanto os abacates tropicais são produzidos em temperaturas mais altas, o avocado prefere climas mais amenos.

A variedade ‘Hass’ possui casca áspera e formato arredondado. Quando está madura, sua casca apresenta uma coloração arroxeada. Já a variedade ‘Fuerte’ possui casca verde brilhante e lisa, com formato alongado.

A cultivar ‘Hass’ é a mais valorizada no mundo. O fruto possui alta concentração de lipídeos e pode pesar entre 149 e 300 gramas. Essas cultivares são reconhecidas pelos altos níveis de óleo e este fator tem uma forte influência na conservação do sabor.

Por possuir pouca água, tem grande concentração de nutrientes, como gordura monoinsaturada, vitamina E, luteína e fibras alimentares. É considerada pelo Guiness Book a fruta mais nutritiva da natureza.

Exportação

A Jaguacy, empresa com sede em Bauru (SP), lidera no País a produção do abacate do tipo Hass, conhecido popularmente como avocado, e produz cerca de 70% de toda a fruta exportada atualmente.

A expectativa da Jaquacy é de exportar, em 2023, uma média de sete mil toneladas de avocado. Atualmente, a empresa possui 1.200 hectares de produção próprios e de parceiros, produzindo avocado de fevereiro a agosto.

Como são produzidas as frutas

As mudas de abacate Hass são desenvolvidas em viveiros, levando em torno de nove meses para atingir o tamanho ideal para ser plantada. A Jaguacy possui a capacidade de produção de 100 mil mudas/ano.

A empresa trabalha com o desenvolvimento de porta-enxertos diferenciados e com pesquisa, em conjunto com a Westfalia, da África do Sul, para sistema de clonagem resistente a pragas e doenças.

Valor agregado

 A produção do avocado deve ser orientada para exportação. Assim, o produtor deve se assegurar de obter as principais certificações internacionais como Global Gap e Grasp.

O Brasil é um país continental, com diferentes microclimas. As principais regiões produtoras de avocado são o Sudeste, com destaque para São Paulo e Minas Gerais. Porém, existem vários produtores explorando novas regiões, como Nordeste e Sul do País, buscando alternativas para produção o ano todo.

Tecnologias

A Jaguacy sempre busca parcerias com universidades e empresas para o aprimoramento das tecnologias de plantio, manejo e controle de pragas e doenças. Atualmente, está desenvolvendo novos sistemas de irrigação e controle da temperatura da planta com o intuito de mitigar o problema da crise hídrica sofrida de 2018 a 2021.

Ainda, o controle biológico no campo está em constante desenvolvimento, buscando as melhorias no manejo.

Colheita

A época de colheita varia de acordo com a região e variedade cultivada. Para a melhoria e aumento da vida útil pós-colheita da fruta, pode ser realizado um tratamento de imersão em solução contendo fungicida.

Atualmente, o cultivo de abacate se mostra uma alternativa ao pequeno produtor, pois é uma cultura que requer poucos tratos culturais, o que demanda também mão de obra reduzida, e possui um mercado promissor e em desenvolvimento.

Contudo, o Brasil só poderá se tornar referência em produção e exportação de abacates com investimentos em marketing interno e externo, gestão da qualidade da produção, investimentos em pós-colheita, mitigação de riscos de produção, além de melhoria na logística e infraestrutura de toda a cadeia de produção de frutas no País.

Foto: Pixabay

Curiosidades

Há cerca de quatro anos o avocado (variedade Hass) vem sendo avidamente consumido com torradas em cafés hipsters e exibido em contas de influenciadores digitais pelos quatro cantos do mundo. Este aumento de consumo, associado a dois anos de baixa produtividade dos pomares, resultou em aumento dos preços e menor disponibilidade do produto.

Até mesmo o mercado brasileiro, de modo geral alheio ao sucesso da fruta, tem sofrido com os reflexos da crise do avocado.

No México o problema é social. No país, que produz quase um terço de todo o abacate consumido no mundo, o fruto ganhou o nome de “ouro verde”. Com clima e características perfeitas para o crescimento dos abacateiros, a produção se tornou um negócio extremamente lucrativo. Para se ter ideia, cartéis de droga começaram a fazer parte da concorrência, abrindo novas áreas para produção de abacate em meio à floresta.

No Chile, com o aumento da demanda externa, produtores também começaram a utilizar formas criminosas para manter o fluxo de produção em alta. Na província de Petorca, na região de Valparaíso, o governo encontrou diversas tubulações subterrâneas projetadas para desviar o fluxo de rios e irrigar plantações de avocado.

As condições climáticas do Chile exigem mais água para a produção das frutas e o uso ilegal da água para irrigação já está causando uma grave crise de abastecimento para a população.

No Brasil, apesar de o consumo desta variedade ser pequeno, muitos restaurantes que têm a guacamole como carro-chefe também estão tendo problemas com abastecimento e precisaram substituir o cardápio ou misturar polpa de abacates tropicais ao avocado, que não é o ideal.

Portanto, este é um mercado em expansão e ainda não possuímos produção relevante para exportar. Neste caso, não atendemos nem mesmo o mercado interno, já que em alguns momentos importamos abacate Hass (avocado) do Chile.

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