Talis Melo Claudino – Engenheiro agrônomo e mestrando em Energia na Agricultura– UNESP/FCA – Botucatu-SP – t.claudino@unesp.br
Rodrigo Ferrari Contin – Engenheiro agrônomo – Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) – Bandeirantes-PR – rodrigo_12@hotmail.com
Murillo Pegorer Santos – Engenheiro agrônomo – UENP – murillo@rosalito.com.br
O milho safrinha vem se destacando no cenário nacional por ser uma cultura semeada após a soja, trazendo grande rentabilidade ao produtor rural devido aos altos preços encontrados no ano de 2021.
Para isso, altas produtividades necessitam ser atingidas para que a rentabilidade do agricultor compense o risco que pode haver diante das situações climáticas em diversas regiões onde acontecem estresses hídricos intensos e geadas.
A cultura do milho é altamente responsiva à adição de insumos, principalmente o nitrogênio, sendo a eficiência desse nutriente diretamente relativa à produtividade de grãos (Martin et al., 2011).
Importância do nitrogênio
Em vários estudos foi destacada a importância do nitrogênio na cultura do milho, ligado diretamente ao crescimento, desenvolvimento e aumento da produção de grãos. Fisiologicamente, o N é fundamental para a síntese de clorofila da planta, ou seja, ele age diretamente na eficiência da planta em utilizar a energia solar para as suas funções essenciais para o crescimento e desenvolvimento, resultando em maior biomassa e, consequentemente, maior potencial da lavoura.
Além disso, é um elemento fundamental para a composição de aminoácidos, os quais são constituintes das proteínas, formação de clorofila e enzimas necessárias para o crescimento das plantas.
O nitrato é um elemento altamente assimilável pelas plantas, fornecendo grande quantidade de nutrientes. É encontrado no solo por participar das transformações do nitrogênio aplicado no solo. Absorvido por fluxo de massa, as raízes têm a capacidade de absorvê-lo e transportar para planta para que ocorra a redutase do nitrito e do nitrato, e desta forma, fornecendo o nitrogênio da forma assimilável para a planta.
Poder no solo
Como se conhece, o N no solo tem um alto poder de volatização ocorrido pelas ureases presentes no solo, e desta forma, não absorvido pelas plantas. A utilização de ácidos húmicos pode contribuir altamente para a melhor aproveitamento deste nutriente de duas formas, realizando o condicionamento do solo, ou até mesmo por alterações nas fisiologias, que ocorrem quando aplicados via foliar.
As substâncias húmicas são uma estrutura supramolecular, dividida em ácidos húmicos, ácidos fúlvicos e huminas, com algumas características, como (Sposito, 2004):
• Polifuncionalidade: existem grandes grupos funcionais, proporcionando amplo espectro de reatividade.
• Carga macromolecular negativa: tem alta reatividade com outras moléculas.
• Hidrofilicidade: a substância húmica uma alta tendência de formar fortes pontes de hidrogênio com a água.
• Maleabilidade estrutural: alta capacidade de associação intermolecular e mudança na conformação molecular em função da mudança de pH, dos valores redox, da concentração eletrolítica e ligações a diversos grupos funcionais.
Culturas beneficiadas
As substâncias húmicas são solúveis em água e apresentam alta bioatividade, tanto no solo quanto nas plantas, quando aplicadas via foliar nas culturas, tendo sido observadas respostas nas culturas da soja, cana-de-açúcar, milho e demais culturas.
No solo, como condicionadores de solo os ácidos húmicos têm a função como coloides, com alta CTC e CTA, realizando a complexação de elementos, assim como o nitrogênio. Desta forma, o aproveitamento dele é elevado, pois este insumo alternativo em diversas culturas realiza mudanças químicas, microbiológicas e físicas, podendo resultar em incremento de produtividade em decorrência do resultado que os ácidos húmicos promovem para a estrutura física e química do solo e para o metabolismo da planta.
A ligação do ácido húmico no solo ao nitrato faz com que ele tenha maior disponibilidade e de forma mais gradativa as plantas, e assim leva a maiores produtividades. Já foi observado que fertilizantes nitrogenados com substâncias húmicas têm maior aproveitamento, e assim elevam a produtividade das culturas.
Além disso, as substâncias húmicas apresentam efeitos auxínicos, em contato com a planta, tanto na raiz quanto nas folhas, estimulando o maior crescimento radicular e assim aumentando a área de superfície para a absorção do nitrato e de demais nutrientes fundamentais para a maior produtividade.
Via foliar
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A aplicação via foliar tem grande interferência no metabolismo da planta. Já foi pesquisado que a concentração de 3,2 mmol de C por litro de calda aumentou drasticamente o sistema radicular, principalmente de pelos radiculares, responsáveis pela absorção de nutrientes.
Além disso, o transporte via xilema e floema é acelerado devido ao grande potencial no metabolismo da planta, fazendo com que a substância húmica aproveite da melhor forma os elementos, entre eles o nitrato, que é levado até a mitocôndria da raiz ou a clorofila da planta, para haver a redutase do nitrito e, após, a redutase do nitrato, e assim a assimilação dela.
Quanto custa?
O custo ao produtor é muito variável, dependendo da empresa que ele realiza a compra. É importante se atentar à fonte de substâncias húmicas, dando preferência às mais jovens, como vermicomposto, turfa e leonardita, respectivamente.
Assim, pode-se concluir que o ácido húmico traz diversos benefícios à cultura do milho safrinha, fazendo com que uma planta vigorosa pelo grande acúmulo de N seja mais resistente, produtiva e rentável.