
Sinara de N. Santana Brito
Harleson Sidney Almeida Monteiro
harleson.sa.monteiro@unesp.br
Engenheiros agrônomos e mestrandos em Agronomia/Horticultura – Universidade Estadual Paulista (UNESP)
Gean Charles Monteiro
gean.monteiro@yahoo.com.br
Marco Antonio Tecchio
Doutores em Agronomia/Horticultura – UNESP
Giuseppina Pace Pereira Lima
Doutora em Ciências Biológicas/Botânica – UNESP
Antonia B. da Silva Bronze
Doutora em Ciências Agrárias e professora – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
Percebe-se que ao longo do tempo o homem aprimorou seus conhecimentos e buscou alternativas que pudessem melhorar suas lavouras, manejo, técnicas, ferramentas e, desta forma, aumentar sua produtividade.
A partir do processo de domesticação das espécies vegetais, os pesquisadores e produtores, juntamente com a sociedade de cada centro de origem, constatou que as regiões possuíam potenciais para produção de grãos em suas diversas espécies e famílias. Isso fez com que países aprimorassem suas técnicas de produção.
Países agrícolas
Atualmente, a alimentação humana baseia-se em grãos, seja de cereais ou oleaginosas. E, dentre os principais países produtores, destacam-se a China, Estados Unidos, Índia, Brasil e Rússia.
O Brasil, por sua vez, alcançou destaque global, devido ao investimento visionário de tecnologia no campo por meio de adesão de novas ferramentas e materiais que promoviam a eficiência do sistema.
Investiu, também, no aumento da área de produção, conciliando com manejo e conservação do solo, mais precisamente o manejo integrado concomitante ao melhoramento das cultivares, que promoveram a tolerância a problemas fitossanitários, qualidade pós-colheita e, consequentemente, aumento da produtividade agrícola.
Inovação
Observando as estratégias de inovação, existe uma restrita relação entre a qualidade do solo e a produção eficiente e rentável. Para que isso ocorra, é necessário que sejam feitas melhorias nos aspectos físicos, químicos e biológicos do sistema, por meio do aumento da agregação, da porosidade, da capacidade de troca iônica, complexação de íons tóxicos e do substrato para desenvolvimento da fauna e flora do solo, o que pode acontecer por meio das reações dos ácidos húmicos.
Deste modo, é importante conhecer os constituintes da matéria orgânica do solo, ou seja, as substâncias húmicas que possuem elevado peso molecular, divididos em ácidos fúlvicos (AF), ácidos húmicos (AH) e humina (H), de acordo com sua solubilidade em meio ácido ou básico.
Entenda o processo

Os ácidos húmicos são substâncias de cor escura existente na matéria orgânica do solo. Sua estrutura apresenta alto teor de anéis aromáticos e grupos funcionais hidrofílicos contendo oxigênio, e são formados principalmente por modificação de resíduos animais e vegetais via intermédio de microrganismos.
Ou seja, são considerados como frações das substâncias húmicas solúveis em meio alcalino diluído, e seus teores dependem dos fatores de formação e do manejo no solo, indicando efeitos positivos na germinação de sementes, desenvolvimento e crescimento das raízes e biomassa total, cor do solo, capacidade de retenção de água e nutrientes, complexação e quelação, além de ação fitohormonal.
Perante tais benefícios, os AH têm sido muito utilizados como fertilizantes, aplicados diretamente no solo ou via foliar.
Benefícios
A importância dos AH está ligada à sua participação na maioria das reações que ocorrem no solo, que por sua vez contribuem para a estabilidade dos agregados pela formação de complexos organominerais, para a solubilização de fósforo e diminuição da energia de fixação nos óxidos.
Apresentam capacidade de adsorção de metais pesados, além de servirem de forte poder tampão da solução do solo e reserva de nutrientes às diversas espécies vegetais.
Os efeitos positivos dos AH quanto ao enraizamento podem ser estendidos aos efeitos na parte aérea, aumentando o acúmulo de nutrientes foliares da biossíntese de clorofilas e do processo fotossintético. E todos esses elementos elevam a biomassa vegetal, a produção de flores, frutos e de sementes.
Vale ressaltar que a aplicação de doses inadequadas de AH pode promover a fitotoxidez, resultando na inibição da germinação e da expansão radicular e, como consequência, têm-se lesões causadas ao tecido meristemático da radícula ou limitações à respiração celular da cultura de interesse.
Quanto à fonte de extração dos AH, a compostagem é um dos resíduos orgânicos que favorece a extração mais bioativa, quando comparada com a dos não compostados e com maior hidrofobicidade, ou seja, não apenas atentar para a fonte, mas também ao estádio de maturação do composto que possui influência direta na qualidade dos ácidos húmicos.
Para o feijoeiro
Quando se trata da cultura do feijoeiro, o AH possui efeitos benéficos associados à emissão de pelos radiculares, que promovem maior superfície de contato de suas raízes com o solo, elevando o aproveitamento da água disponível, podendo ainda alcançar nutrientes pouco móveis. Em particular para o feijão, esses benefícios podem influenciar de forma positiva a colonização de suas raízes por Ryzobium, que tem papel fundamental em melhorar a fixação biológica de nitrogênio.
As mudanças na arquitetura do sistema radicular também influenciam fortemente a produtividade, devido à formação de raízes laterais. No entanto, deve-se repensar sobre a forma mais adequada de aumentar a eficiência no sistema de produção vegetal e a dose ideal de ácidos húmicos.
Para que haja uma resposta desejável para a disponibilidade dos benefícios que esses ácidos podem promover, é preciso que sejam realizadas mais pesquisas quanto à aplicação, mas não de forma empírica, uma vez que a atividade biológica dos ácidos húmicos nas plantas é dependente da sua fonte de concentração aplicada e do genótipo da planta de interesse.
O resultado desejável quanto à absorção de água, luz e nutrientes, referente à assimilação e ao metabolismo, é melhorado pela bioatividade dos ácidos húmicos, convertendo em diferentes padrões do estado nutricional, ajustando conforme os indicadores produtivos de cada sistema.