Bruno Nicchio
Engenheiro agrônomo e doutorando em Produção Vegetal, ICIAG-UFU
José G. Mageste
Engenheiro florestal, Ph.D. e professor ICIAG-UFU
Ernane Miranda Lemes
Engenheiro agrônomo, mestre e doutor em Produção Vegetal, ICIAG-UFU
A região do Cerrado brasileiro possui em torno de 150 milhões de hectares (25% do território nacional), o que representa um importante papel na produção agroflorestal do País. A madeira, matéria-prima utilizada pelo setor florestal, é adquirida a partir de plantios homogêneos realizados principalmente com as espécies de eucalipto, não obstante a contribuição de outras espécies, como pinus, seringueira, mogno, teca, gliricidea, acácias (mangium e negra), etc.
A silvicultura nacional tem grande base no cultivo do eucalipto, principalmente dado o seu potencial de produção (altos volumes por área), e o seu rápido crescimento. Além do mais, é uma excelente matéria-prima para diversos produtos de primeira necessidade, bem como geradora de inúmeros postos de trabalho (HIGA, 2006; SILVEIRA & GAVA, 2010; BASSACO&WALCZAK, 2014).
Benefícios do eucalipto
A elevada utilização do eucalipto nos reflorestamentos ocorreu pelo seu rápido crescimento e por sua boa adaptação às nossas condições edafoclimáticas. Os plantios de eucalipto no Brasil ocupam uma área acima de 7,0 milhões de hectares (ano de 2016), sendo que aproximadamente 70% estão concentrados nos Estados de Minas Gerais e São Paulo, em solos sob vegetação de Cerrado.
Os povoamentos brasileiros estão localizados em solos com baixa fertilidade natural (pequena reserva de nutrientes essenciais), acidez elevada e altos teores de alumÃnio. Além disso, possuem baixos teores de fósforo, nutriente essencial para o crescimento das árvores, pouco móvel no solo. Essa última característica indica que ele deve ser fornecido o mais próximo possível das raízes. Nesta condição, existirá um aumento e/ou manutenção de boas produtividades nos povoamentos.
EquilÃbrio nutricional
O déficit nutricional para o eucalipto pode ser de muitos nutrientes, como o nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, boro, cobre e zinco. A falta acentuada destes pode comprometer seriamente a produtividade inicial ou a manutenção desta após várias rotações.
Há mais de 30 anos, já se teve ideia da extração de nutrientes pelo eucalipto. Assim, Bellote (1979) avaliou provoamentos de Eucalyptusgrandis aos seis anos de idade, e mostrou os seguintes acúmulos de nutrientes: Ca (518 kg ha-1), N (472 kg ha-1), K (245 kg ha-1), S (160 kg ha-1), Mg (125 kg ha-1) e P (30 kg ha-1), também corroborando com os dados de Barros & Novais (1996).
A demanda de nutrientes para o eucalipto aumenta com a produtividade esperada e, em geral, para uma produtividade de 40 m3 ha-1 ano o conteúdo na biomassa aos sete anos de idade é: 360 kg ha-1 de N, 24 kg ha-1 de P, 195 kg ha-1 de K, 400 kg ha-1 de Ca e 85 kg ha-1 de Mg (NEVES, 2000; GONÇALVES & MELLO, 2004).
Além disso, a necessidade de adubação decorre do fato de que nem sempre o solo é capaz de fornecer todos os nutrientes que as plantas precisam para um adequado crescimento.Por isso, o manejo da adubação estará relacionado com as necessidades nutricionais, com a fertilidade do solo, com a eficiência dos fertilizantes, com a forma de aplicação e eficiência econômica do uso e da aplicação do adubo.
Recomendações
As recomendações de adubação devem ser definidas a nível regional para as espécies e classes de solo de maior utilização. Assim, pode-se obter a otimização dos retornos financeiros (GONÇALVES, 1995; BASSACO&WALCZAK, 2014). Portanto, uma maior produtividade deve ser consequência de maior aquisição de recursos pela cultura, como carbono, proveniente da atmosfera, e nutrientes, provenientes do solo (NEVES, 2000).
Por outro lado, a produtividade será maior com uma maior eficiência na aquisição de água e nutrientes pelo sistema radicular desenvolvido adequadamente (BASSACO&WALCZAK, 2014).
O fósforo
Com relação ao fósforo, a cultura do eucalipto é altamente exigente nesse nutriente, principalmente na fase inicial de crescimento.O elemento é móvel nos tecidos e, com isso, os sintomas de deficiência surgem nas folhas mais velhas e no estádio inicial da carência as folhas mais velhas ficam com coloração verde escura, mostrando-se arroxeadas próximo às nervuras e com pontuações escuras ao longo do limbo foliar.
No estádio final, as pontuações progridem em tamanho e tornam-se necróticas (SILVEIRA & GAVA, 2010). No campo, em condições de deficiência severa, ocorre drástica redução do tamanho das plantas, que ficam completamente arroxeadas e, geralmente, observa-se no final das linhas de plantio, onde muitas vezes o adubo fosfatado acaba não sendo aplicado.