Gabriel Araújo e Silva Ferraz
Engenheiro agrícola, mestre e doutor em Engenharia Agrícola, e professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA)
Carlos Eduardo Silva Volpato
Engenheiro florestal, mestre e doutor em Engenharia Agrícola, e professor da UFLA
![Crédito Shutterstock](https://revistacampoenegocios.com.br/wp-content/uploads/2018/08/Foto-01-Credito-Shutterstock1-300x200.jpg)
A agricultura de precisão, popularmente conhecida por AP, é um conjunto de técnicas e tecnologias capaz de auxiliar o agricultor a manejar sua lavoura, baseando-se na variabilidade espacial, ou seja, em diferenças existentes dentro de um mesmo talhão, quer sejam vistas no solo ou observadas na planta.
Visa-se, com a agricultura de precisão, aumentar a eficiência dos processos de plantio, adubação, pulverização, colheita e manejo em geral, culminando ainda em aumento de produtividade, qualidade final do produto e maior eficiência gerencial.
Etapas da AP
As etapas que podem ser desenvolvidas utilizando a aplicação de técnicas da agricultura de precisão incluem:
â–ºAmostragem do solo, visando a análise da fertilidade e geração de mapas do solo, análise dos atributos físicos e da compactação do solo;
â–ºNutrição foliar e geração de mapas;
â–º Aplicação de fertilizantes a taxas variáveis, por meio de uso de sistemas de posicionamento global via satélite (GNSS) e por máquinas adubadoras com sistemas de controle de taxa de aplicação;
â–ºMapeamento de atributos da planta, por meio da amostragem em campo, via satélite ou aeronaves remotamente pilotadas (drones ou VANT’s);
â–ºAnálise de pragas e doenças, definição de mapa da infestação;
â–º Pulverização, realizada em locais específicos e em dosagens corretas, fechamento de seções para evitar sobreposição de aplicação e com maior qualidade na aplicação;
â–ºColheita, criação do mapa de produtividade em tempo real, que pode ser analisado em conjunto com os demais mapas produzidos para entender melhor o que pode ter gerado menores ou maiores ganhos produtivos;
â–ºSemeadura, definição das linhas de plantio, uso de piloto automático, fechamento de seções para evitar sobreposição de plantio, dentre outras;
â–ºMonitoramento, uso de imagens de satélite e/ou de imagens obtidas por aeronaves remotamente pilotadas;
â–º Gestão da lavoura – a obtenção desta gama de informações supracitadas alimentará o banco de dados da propriedade que fará com que os processos de tomada de decisão sejam mais assertivos.
![Crédito Geoplanta](https://revistacampoenegocios.com.br/wp-content/uploads/2018/08/Foto-02-Credito-Geoplanta-300x122.jpg)
Investimento
Todas as etapas supracitadas requerem certo grau de investimento financeiro que variarão em função do grau de sofisticação e tecnificação desejados. O fato é que podem variar de alguns mil reais, chegando a mais de R$ 200 mil.
Viabilidade
![Agricultura de precisão possibilita tomada de decisão mais assertiva - Crédito Shutterstock](https://revistacampoenegocios.com.br/wp-content/uploads/2018/08/Foto-03-Agricultura-de-precisao-possibilita-tomada-de-decisao-mais-assertiva-Credito-Shutterstock-300x169.jpg)
A agricultura de precisão pode ser uma possibilidade para os mais distintos tipos de produtores rurais, os quais podem, por exemplo, ser divididos em três pacotes tecnológicos.
O primeiro é voltado para a agricultura familiar. Considerando que o tamanho médio de um estabelecimento deste tipo de produtor de soja no Brasil é de aproximadamente 17 ha, sugere-se para este produtor a coleta de amostras do solo, análise em laboratório, criação de mapas de aplicação de fertilizantes e corretivos à taxa variável e contratação de profissionais especializados, além de um curso de capacitação e aquisição de um aparelho receptor GNSS (sistema de posicionamento global via satélite) de navegação.
O segundo pacote tecnológico é mais voltado para a agricultura de médio impacto, e pode ser dado como modelo o estabelecimento médio de um produtor de soja de 72,5 ha. Poder-se-ia indicar para este, além da coleta e análise do solo, a aquisição de equipamentos agrícolas para as diferentes fases de cultivo, semeadura, fertilização, pulverização e colheita, e também notebook, receptor GNSS, barra de luzes, monitor de taxa variável e capacitação de operadores.
O terceiro pacote tecnológico é indicado para grandes produtores, altamente tecnificados, cujo tamanho e modelo pode ser a partir de 249 ha. Para estes, indicam-se os mesmos itens do segundo, porém, com equipamentos mais sofisticados e modernos, acrescentando-se ainda outros equipamentos mais tecnificados e precisos, além da contratação de profissional especializado, aquisição de uma aeronave remotamente pilotada (drone ou VANT), sistema RTK e montagem de central de comando para acompanhamento em tempo real das atividades.