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Algas estimulam o crescimento do milho safrinha

Nilva Teresinha Teixeira

Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora do Curso de Engenharia Agronômica do Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal (UNIPINHAL)

nilvatteixeira@yahoo.com.br

Crédito Miriam Lins
Crédito Miriam Lins

Milho safrinha é aquele semeado de janeiro a abril, após a cultura de verão, normalmente a soja precoce na região Centro-Sul do Brasil. Essa época de plantio do milho surgiu no Paraná, e como não é a mais adequada para a cultura, alcançava-se baixas produtividades – daí o termo milho safrinha.

O milho safrinha foi, por muito tempo, considerado a segunda opção para o cultivo da espécie em questão. Entretanto, hoje se conseguem altas produtividades para esta nova safra de milho devido à tecnologia empregada.

Regiões de destaque

O cultivo de milho safrinha ocorre, principalmente, no Paraná e em São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e, mais recentemente, em Minas Gerais. Um fator que tem contribuído para o aumento da área de milho safrinha é a adoção do sistema de plantio direto na palhada da soja, que permite redução do tempo entre a colheita da lavoura de verão e a semeadura do milho safrinha.

Importância econômica

A importância da safrinha pode ser facilmente constatada pelos números: cerca de 70% da produção de grãos de milho no Brasil, segundo a CONAB, é safrinha.

Por ser plantado no final da época normal, o milho safrinha tem sua produtividade afetada pelas chuvas, pela radiação solar e temperatura no final do ciclo. Sabe-se que, ao atrasar a semeadura, se diminui o potencial produtivo e se assume maiores riscos de perdas na lavoura. Assim, o uso de ferramentas que permitam melhorar o enraizamento das plantas é interessante. Entre tais ferramentas tem-se as algas marinhas.

Os extratos de algas melhoram a absorção dos fertilizantese - Crédito Shutterstock
Os extratos de algas melhoram a absorção dos fertilizantese – Crédito Shutterstock

As algas

Algas marinhas são organismos vegetais, unicelulares ou pluricelulares, que fazem fotossíntese. Nutrem-se dos elementos ativos do mar e contêm altíssimos níveis de substâncias bioativas.

As algas são fontes de várias vitaminas e outras substâncias, como glicoproteínas, a exemplodo alginato e dos aminoácidos, que podem funcionar como bioestimulantes vegetais.

Ainda, as algas marinhas são ricas em estimulantes naturais como: auxinas (hormônio do crescimento que governa a divisão celular), giberelina (que induz a floração e o alongamento celular), citocininas (hormônio da juventude, retardamento da senescência).

São fontes de antioxidantes, substâncias produzidas a partir do metabolismo secundário das algas, que estimulam a proteção natural dos vegetais contra pragas e doenças. O emprego de formulados compostos de algas marinhas no sistema produtivo pode proporcionar a produção de fioalexinas (indutoras de resistência das plantas às doenças e pragas), fortalecendo os mecanismos de resistência vegetal e a vida microbiológica do solo. As algas tornam as plantas menos vulneráveis às variáveis abióticas, como temperatura, raios ultravioletas, salinidade, seca, etc.

Agregado de fertilidade

Os extratos de algas, se associados a adubos minerais, podem melhorar a absorção dos mesmos e seu aproveitamento dentro das plantas.Como as algas marinhas favorecem a divisão celular, por serem ricas em estimulantes naturais e nutrientes, o emprego melhora o enraizamento dos vegetais, o que possibilita o melhor uso do solo, de água e de nutrientes: assim o enraizamento será mais abundante e eficiente.

Entre as espécies de algas, a mais pesquisada é Ascophyllumnodosum, que se apresenta com excelente bioatividade.

A alta concentração de alginato, um polissacarídeo que compõe a estrutura da parede celular das algas e que faz com que elas armazenem água nas células e permaneçam hidratadas por todo o período que passam expostas ao sol, também é um aspecto interessante.

O alginato desempenha no solo o papel de reter água e agregar as partículas do perfil, proporcionando um ambiente ideal para o desenvolvimento das raízes e a absorção dos nutrientes.

Em resumo, pode-se considerar que as algas marinhas são portadoras de estimulantes e substâncias naturais indutoras de crescimento, complexo fornecedor de nutrientes e vitaminas que são cofatores de processos metabólicos vegetais.

As algas tornam as plantas menos vulneráveis às variáveis abióticas - Crédito Shutterstock
As algas tornam as plantas menos vulneráveis às variáveis abióticas – Crédito Shutterstock

Mais que benefícios

Assim, formulados contendo algas marinhas, quando incluídos no processo produtivo, contribuem para a maior resistência a condições adversas (frio, salinidade, estresse hídrico, pragas e doenças, etc.), devido ao efeito de sua presença na formação de fitoalexinas e no enraizamento.

Outro aspecto interessante é a influência das algas na atividade fotossintética vegetal: a sua aplicação, pela riqueza em estimulantes naturais, aumenta os teores de clorofila, pigmento responsável por tal processo. Lembre-se que as algas são ricas em estimulantes e hormônios naturais que promovem a divisão celular.

Ainda, as algas melhoram a agregação do solo, minimizando a erosão e otimizando a aeração, aumentando a capacidade de retenção e de movimentação da água, desenvolvimento de raízes, além de fertilizá-lo. O seu elevado teor de hidrocoloides também permite às algas condicionarem propriedades do solo que permitem a liberação lenta de minerais e moléculas ativas e manter a umidade do solo de acordo com a necessidade das plantas

Essa matéria completa você encontra na edição de fevereiro 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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