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Algas incrementam tamanho e uniformização do repolho

O manejo correto garantirá enraizamento mais eficiente, melhor desenvolvimento vegetativo e cabeças maiores, mais uniformes, e, também, maior resistência às pragas e doenças.

Nilva Teresinha Teixeira
Engenheira agrônoma, doutora e professora de Bioquímica, Nutrição de Plantas e Produção Orgânica – UniPinhal
nilva@unipinhal.edu.br

A produção mundial de repolho é de cerca de 72 milhões de toneladas por ano, sendo a China o maior produtor do mundo, com 33.881.515 toneladas ao ano, vindo a Índia em segundo lugar, com 8.755.000 toneladas. Esses países produzem quase 60% do total mundial, segundo o Atlas Big.

Foto: Shutterstock

No Brasil, o repolho é, entre as brássicas, a olerícola que mais vem se destacando em área cultivada e comercialização, ocupando cada vez mais espaço, pelo volume produzido e importância econômica, principalmente para a agricultura familiar.

Como as algas entram no processo

Com a expansão da área cultivada e a preocupação com a qualidade do produto cada vez mais presente entre os consumidores, a lavoura de repolho mostra tendência à aplicação de ferramentas que melhorem o desenvolvimento, produção e qualidade do produto.

Entre elas, estão os formulados à base de algas marinhas, hoje empregados como biofertilizantes para reforçar a resistência das plantas aos agentes bióticos e abióticos.

As algas marinhas, por seu habitat natural, desenvolveram a capacidade de sintetizar e armazenar os mais variados compostos orgânicos, como vitaminas, aminoácidos, hormônios semelhantes aos produzidos pelos vegetais superiores, com as auxinas, giberelinas, citocininas e ácido abscísico (ABA), além da glicoproteína alginato, que é capaz de reter grande quantidade de água.

Contém, ainda, nutrientes de plantas e antioxidantes, substâncias produzidas a partir do metabolismo secundário das algas que estimulam a proteção natural dos vegetais contra pragas e doenças e às variáveis abióticas, como temperatura, raios ultravioletas, salinidade e seca.

Efeitos diretos

O emprego de formulados compostos de algas marinhas no sistema produtivo pode, também, induzir a produção de fitoalexinas, flavonoides, compostos fenólicos e terpenoides (indutores de resistência das plantas às doenças e pragas), fortalecendo os mecanismos de resistência das plantas.

Pesquisas mostram que os extratos de algas, se associados a adubos minerais, podem melhorar a absorção dos mesmos e seu aproveitamento dentro das plantas.

Portfólio amplo

Há uma grande diversidade de opções, destacando-se as chamadas macroalgas, que englobam as algas verdes (divisão Chlorophyta), marrons ou pardas (Phaeophyta) e algas vermelhas (Rhodophyta), de acordo com os pigmentos que possuem. Os principais produtores são a China e o Japão, seguidos pelos Estados Unidos e Noruega.

Entre as algas marinhas as mais utilizadas na agricultura, estão: Ascophyllum nodosum, Ulva sp., Kappaphycus alvarezi, Ecklonia maxima e as algas calcárias, como a Lithothamnium calcareum.

Lembrando que existem, no mercado brasileiro, muitos formulados comerciais compostos com extratos das espécies citadas.

Qualquer espécie de algas marinhas pode agir na proteção das plantas às pragas e doenças. Porém, nesse particular destacam-se as algas verdes do gênero Ulva, por apresentarem expressivas quantidades de um polissacarídeo, a ulvana, que estimula os mecanismos de defesa vegetal.

Culturas beneficiadas

Extratos de algas marinhas vêm sendo empregados na agricultura como bioestimulantes nas mais variadas culturas. Isso porque beneficiam a disponibilização e eficiência no aproveitamento de nutrientes, pela melhoria do enraizamento dos vegetais, a resistência e tolerância aos estresses bióticos e abióticos, as características qualitativas, o desenvolvimento e a produtividade.

São inúmeras as vantagens dos bioestimulantes à base de algas em relação aos sintéticos. Beneficiam os cultivos quanto à produtividade, qualidade do produto, resistência às pragas e doenças, estresse hídrico, sem causar danos ao meio ambiente.

Ainda, são fontes de nutrientes e podem ser aplicados em cultivos tradicionais e orgânicos. Seu uso se estende a qualquer fase da cultura, da germinação à maturação, o que não ocorre com os sintéticos.

É bom lembrar que as algas não são fertilizantes e não o substituem (embora possam reduzir a quantidade aplicada de adubos).

Recomendações

A introdução das algas marinhas via parte aérea estimula a respiração, por ativar o Ciclo de Krebs e a fotossíntese, por aumentar a síntese da clorofila, pigmentos fundamentais para a atividade fotossintética.

A disponibilidade e aproveitamento de água e nutrientes e os processos da respiração e fotossíntese são fundamentais para a produtividade e qualidade dos produtos derivados das espécies vegetais.

Assim, como em toda espécie vegetal, a inclusão de formulados contendo algas marinhas pode estimular o enraizamento das mudas recém-transplantadas, o desenvolvimento vegetativo e a formação da cabeça do repolho, em peso e qualidade.

Seu emprego pode se dar logo após o transplantio (cerca de uma semana depois da instalação das mudas, repetindo o uso a cada 14 dias. A dose aplicada depende do produto escolhido (ou indicado por técnico especializado).

O manejo correto garantirá enraizamento mais eficiente, melhor desenvolvimento vegetativo e cabeças maiores, mais uniformes, consistentes e, também, maior resistência às pragas e doenças.

O tempo de prateleira do repolho também se beneficiará com o emprego das algas marinhas, pois o produto ficará mais consistente e com formação mais adequada.

Pesquisas

Não apenas a produtividade e a qualidade do repolho podem se beneficiar da inclusão dos formulados com algas marinhas. Resultados de pesquisas deixam claro as possibilidades de efeitos positivos da inclusão de tais insumos na quantidade e qualidade produzida.

No curso de Engenharia Agronômica do UniPinhal, em Espírito Santo do Pinhal (SP), a equipe do setor de Nutrição de Plantas obteve excelentes resultados com o uso de algas marinhas, em algumas espécies vegetais.

Em ensaios com feijão e milho, o emprego de tais insumos promoveu melhoria na germinação de sementes e na produtividade. Já em batata, observou-se excelentes resultados na brotação de tubérculos, com brotos vigorosos, que originaram plantas bem desenvolvidas e produtivas.

Em tomate cereja observou-se maior produtividade, resistência às pragas e doenças e qualidade dos frutos. Em alface, houve maior produtividade e qualidade do produto, e em cafeeiro melhor qualidade de bebida.

Assim, o emprego das algas marinhas pode ser estendido a todas as espécies vegetais. O importante é conhecer as doses e formas de aplicação corretas para cada espécie e usar com critério.

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