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A aplicação de aminoácidos não é importante somente para a cultura da batata. Os aminoácidos são formadores de proteínas e podem desempenhar, também, uma função de reserva nutritiva, pois na digestão dá-se também o seu desdobramento até os aminoácidos, que são as unidades de absorção.
“Os aminoácidos são moléculas orgânicas formadas por átomos de carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O) e nitrogênio (N), contendo um grupo carboxÃlico (COOH), um grupo amina (NH2) e uma molécula de hidrogênio (H), ligados a um átomo de carbono, chamado de carbono alfa. A esse mesmo carbono também é ligado um radical, genericamente chamado de R. Esse radical varia de acordo com o aminoácido, ou seja, cada um dos 20 aminoácidos existentes contém seus próprios radicais que determinarão sua nomenclatura. Nos organismos aeróbicos (vegetais e animais), a glicose e outros tipos de açúcares, ácidos graxos e a maioria dos aminoácidos são oxidados, em última instância, a CO2 e H2O por meio do ciclo de Krebs. No entanto, antes que possam entrar no ciclo, os esqueletos carbônicos dos açúcares e ácidos graxos precisam ser quebrados até o grupo acetil do acetil-CoA, a forma na pela qual este ciclo recebe a maior parte de sua energia formando ATP ou NADH2 que são transportadores de energia. Portanto, após sua quebra os aminoácidos são fonte de energia“, explica Welington Adolfo de Brito, engenheiro agrônomo e professor do Unicerp (Centro Universitário do Cerrado de Patrocínio).
O aminoácido é rico em carbono orgânico (grupo carboxÃlico COOH ), o qual faz ligações que, após quebradas, podem formar as chamadas reservas nutritivas da planta, queimando etapas na produção de energia. E como a batata tem uma grande fonte de amido, o tubérculo se torna uma reserva, onde o aminoácido contribui para que sejam queimadas etapas na produção desses açúcares.
Produção de aminoácidos
Segundo Welington de Brito, o organismo animal é capaz de produzir apenas 12 dos 20 aminoácidos existentes na natureza, devendo os demais serem retirados da alimentação. Já os vegetais são capazes de produzir os 20 aminoácidos dos quais 12 são considerados não essenciais, e os demais essenciais. “Qualquer vegetal produz sua fonte de aminoácidos, por isso não precisamos acrescentar mais, a não ser em situação de estresse, decorrente da falta de água, ou causado por dano mecânico, o que é normal na bataticultura, que enfrenta a amontoa, por exemplo. Podem ser causados, também, por insetos, doenças ou por aplicação de defensivos, que é o mais comum. AÃ, sim, as aplicações de aminoácidos podem se tornarem necessárias“, diz o agrônomo.
Supondo que a aplicação de algum defensivo tenha queimado a superfície foliar, a planta demandará uma energia muito grande para se recuperar. Por isso, é recomendado que se faça um aplicação de aminoácido juntamente com uma fonte de magnésio, que faz parte da produção de clorofila, a qual atuará na respiração e fotossíntese (Ciclo de Krebs), o que proporcionará uma rápida recuperação da planta.
Sem estresse
O aminoácido também pode ser recomendado em condição de ausência de estresse da planta, quando se torna ainda mais necessário. “Na produção de semente, por exemplo, cujo ciclo é muito rápido, exigindo fontes imediatas de carbono ou de carboidrato, os aminoácidos podem adiantar etapas e resultar em uma semente de bom vigor e germinação. Nesse caso eu recomendo aminoácido com molibdênio, ideal para esse fim“, discorre o agrônomo e professor.
Erros
O erro mais comum é observado na aplicação de aminoácidos sem a necessidade constatada na planta. “Isso acontecendo, não há aproveitamento algum por parte da planta, não resultando no efeito esperado“, alerta o agrônomo.
Ainda segundo ele, as aplicações de aminoácidos na batata são praticamente semanais, e exigem cuidados para não resultarem em fitotoxicidez. Por isso, a indicação é de que as aplicações aconteçam pelo menos a cada 15 dias, preventivamente, pois a batata não aceita erros. A dosagem é em torno de 1,5 a 3,0 L por hectare via foliar.