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quinta-feira, abril 25, 2024
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Aminoácidos no tratamento de sementes de milho e soja

Autor

Marco Túlio Gonçalves de Paula
Engenheiro agrônomo e mestrando em Qualidade Ambiental – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
mtulio.agro@gmail.com
Fotos: Shutterstock

As raízes, comumente vistas como alicerces da planta, executam funções essenciais ao desenvolvimento e à preservação das espécies vegetais, sendo muito mais que apenas estruturas de fixação da parte aérea ao solo.

São as raízes que garantem a absorção de água e nutrientes, que produzem hormônios necessários para o desenvolvimento da parte aérea e que garantem à planta condição de produzir sementes. Sua morfologia se difere em fasciculada, no caso das gramíneas, ou pivotante, comum ao grupo das dicotiledôneas.

Na agricultura brasileira, dá-se muita importância à qualidade da semente adquirida, principalmente se tratando do cultivo de milho. No beneficiamento, as sementes são selecionadas e submetidas aos testes de vigor e germinação, indo para o campo apenas lotes em boas condições.

No decorrer do processo germinativo, a primeira estrutura apresentada e que dá origem ao corpo radicular é a radícula. Se não ocorre uma boa germinação, por fator intrínseco à semente ou externo, consequentemente há uma má formação e desenvolvimento da radícula, o que reflete negativamente até o fim do ciclo fenológico da planta, resultando em baixa produtividade.

A escolha

Quanto à influência dos fatores externos ou ambientais, pode-se reduzir a chance de erro ao escolher melhores épocas para o plantio, com umidade presente no solo e previsões de chuvas suficientes para concluir o processo germinativo, assim como regular as semeadoras na profundidade e distribuição ideal para cada cultura.

Quanto aos fatores ligados à semente, além de escolher lotes com boa qualidade, podemos também aplicar técnicas que favorecem a germinação e potencializam a produção das raízes.

Os aminoácidos

O processo de germinação se dá por meio de intensas multiplicações celulares. Essas divisões são extremamente dependentes de calor, umidade no solo e energia, gerada pela quebra do amido que constitui parte da semente. As sementes de milho e soja não possuem dormência, então no momento em que encontram as condições ideais, elas germinam.

Inicialmente, a quebra do amido é feita por enzimas denominadas alfa-amilases, presentes na camada de aleurona do tegumento das sementes, e o hormônio regulador para tal processo é a giberelina. Além de consumir as enzimas já presentes, em determinado momento da germinação ocorre a produção de novas enzimas.

Os aminoácidos são precursores para formação destas alfa-amilases e dos hormônios reguladores fisiológicos. Sendo assim, quando são colocados em contato com a semente e absorvidos na fase de embebição, a semente fica rica em “matéria-prima” para produção das enzimas e hormônios necessários para conclusão do processo.

Desta forma, a quebra do amido será feita com total eficiência e não faltará energia para ocorrência das divisões celulares, que formam a radícula, início do corpo radicular.

Além de auxiliar no processo germinativo em si, estes aminoácidos são a base para formação de outros hormônios também, como a citocinina, responsável por estimular a planta a desenvolver sua parte aérea. Nesta parte aérea é que ocorre a produção das auxinas, outro hormônio que induz a formação de novas raízes.

Assim sendo, uma planta com mais raízes iniciais gera uma planta com parte aérea melhor estruturada, que produz mais auxinas, estimulando sempre a produção de novas raízes.

Aplicação e manejo dos enraizadores

Todo fertilizante ou regulador de crescimento utilizado como enraizador deve ser aplicado, preferencialmente, via tratamento de sementes, tendo assim a sua melhor performance e resultado. Quando em contato com a semente, o enraizador participa do processo de germinação desde o início, além de ser absorvido em maior concentração junto com a solução do solo na fase de embebição.

Como tendência, geralmente os agricultores produtores de soja e milho adquirem as sementes com tratamento químico industrial para controle de pragas iniciais e fungos de solo. Por isso, é comum aos que utilizam enraizadores em seu manejo retratar as sementes na fazenda antes da semeadura, ou fazer a pulverização do enraizador via barra em fase inicial do desenvolvimento da planta.

Porém, neste segundo caso, normalmente o desempenho em produção de raiz é inferior quando comparado ao uso do produto em tratamento de sementes.

Produtividade vs. enraizadores

O fator produtividade é o de maior peso quando se insere uma técnica no manejo da soja e do milho. Em se tratando da utilização de enraizadores com aminoácidos, existe uma variação muito grande nos resultados de produtividade, porém, geralmente positivas em relação às áreas não tratadas.

Para milho, no período da segunda safra, após a colheita da soja, a probabilidade de haver veranicos durante o ciclo da cultura é maior, por isso o investimento em raízes, tanto em volume quanto em aprofundamento das mesmas, pode acarretar em diferenças significativas e lucrativas de produtividade, justificando o uso dos enraizadores e da formação de perfil mais profundo de solo agricultável.

No período da primeira safra, na região do cerrado, tanto para soja quanto para milho, normalmente espera-se chuva. Contudo, na realidade, ano após ano, a agricultura é surpreendida por períodos que chegam a até 30 dias sem chuva. Nestes casos, as maiores produtividades se mantêm em áreas onde existe o investimento em enraizadores e na formação do perfil do solo.

Vale a pena?

Embora exista essa grande variação em resultados de produtividade quando se analisa o uso de enraizadores com aminoácidos no milho e na soja, normalmente a relação custo-benefício é positiva.

É comum encontrar áreas de cultivo onde se tem incremento de duas a três sacas de soja ou de quatro a oito sacas de milho, apenas com a inserção de um bom enraizador no tratamento das sementes.

Apesar de exigir uma etapa a mais no operacional da preparação das sementes para semeadura, o custo dos enraizadores dificilmente ultrapassa a linha dos R$ 30,00 por hectare, em se tratando de produtos desenvolvidos por companhias consideradas idôneas, que desenvolvem, testam e geram resultados em pesquisas válidas. Por uma maior produtividade, vale a pena investir em mais raízes.

Evitando erros no manejo com enraizadores

Os erros relacionados ao tratamento das sementes com enraizador estão mais ligados à operação do que à utilização dos produtos em si. As doses devem seguir as recomendações das companhias, pois são embasadas em pesquisas de campo.

Os fertilizantes com aminoácidos em sua composição são mais tolerantes à superdosagem do que os reguladores de crescimentos e produtos compostos por hormônios, podendo estes ocasionar desequilíbrios fisiológicos, interferindo negativamente no desenvolvimento vegetal.

A distribuição do produto deve ser bem feita para que todas as sementes do lote tratado levem uma carga de aminoácido para absorver no processo de germinação. Aos que optam por pulverizar os enraizadores com aminoácidos no início do desenvolvimento das plantas, as doses também devem seguir as recomendações e a tecnologia de aplicação deve ser favorável ao contato e absorção do produto pela planta para que tenha o efeito desejado.

A recomendação técnica e acompanhamento de um agrônomo minimiza os possíveis erros.

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