Aldeir Ronaldo Silva – Engenheiro agrônomo, aluno de doutorado em Fisiologia e Bioquímica de Plantas – ESALQ/USP – aldeironaldo@usp.br
João Pedro Ramos da Silva – Engenheiro agrônomo e mestrando em Fisiologia e Bioquímica de Plantas – ESALQ/USP – joaopedror@usp.br
O tomate é amplamente produzido em várias regiões do mundo, com uma grande diversificação com relação ao uso para consumo na forma industrializada ou tomate de mesa. Segundo dados da FAO 2016 (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), a China ocupa a posição de maior produtor de tomate, com uma produção anual de 56 milhões de toneladas, seguidos por Índia e Estados Unidos.
No ranking, o Brasil ocupa a 9ª posição, com uma produção em torno de 4,1 milhões de toneladas, produção essa concentrada nos Estados de Goiás, São Paulo e Minas Gerais, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Todavia, um diferencial da cadeia produtiva de tomate é a promoção da geração de uma grande quantidade de empregos, desenvolvendo não somente um papel econômico, mas também social. Além disso, os frutos apresentam um alto valor nutricional, sendo ricos em composto antioxidante, sais minerais como cálcio, potássio e magnésio, além de alta concentração de vitamina C, B9 e D, o que resulta em alto valor econômico do fruto no mercado nacional e internacional.
Entretanto, os cultivos de tomate possuem entraves quanto aos efeitos do estresse (abiótico e biótico) durante o cultivo, como regime irregular pluviométrico, altas temperaturas e aumento na incidência de pragas e doenças. Dessa forma, se tem necessidade de aplicação de produtos que diminuam os efeitos dessas condições adversas ambientais, para garantias de elevadas produtividades.
Aminoácidos recuperam o tomateiro
O uso de aminoácidos na agricultura, em destaque no cultivo do tomateiro, auxilia no aumento da produtividade e na qualidade do fruto do tomate. Dessa forma, os aminoácidos são componentes de várias moléculas, e também interagem diretamente com várias reações enzimáticas nos mais variados processos fisiológicos, como por exemplo, na atividade fotossintética e processo respiratório.
Pode-se destacar o papel da glicina na síntese das moléculas de clorofila, ou também o triptofano, que está envolvido na biossíntese de auxina, que por sua vez é importante para o crescimento e desenvolvimento das plantas de tomateiro.
Já a metionina participa também do processo de biossíntese do etileno. Além desses supracitados acima, aminoácidos como prolina e glicina contribuem para a manutenção do potencial osmótico dentro da células de plantas em condição e estresse hídrico.
Suplementação nutricional
Em geral, culturas hortícolas apresentam ciclo rápido de produção, e nisto se faz necessária uma suplementação por nutriente mineral ou por moléculas, que são rapidamente incorporadas ao metabolismo, como no caso dos aminoácidos, que contribuem para o aumento do metabolismo do nitrogênio na planta.
Tudo isso resulta em ganho em crescimento, desenvolvimento e plantas mais resistentes aos estresses biótico e abiótico, além de todas as funções nas plantas. Outra finalidade no uso dos aminoácidos trata-se da interação com cátions na forma de quelatos, por meio de ligação com zinco, cobre, manganês, cálcio, potássio e ferro, quando aplicado via foliar ou em fertirrigação.
Em geral, os benefícios apresentados na utilização de aminoácidos são: maior desenvolvimento de raízes; maior tolerância ao estresse térmico, irradiação e hídrico; aumento na absorção de nutrientes; maior resistência a doenças e pragas; e aumento da fauna microbiológica do solo.
Manejo
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Para implementação da técnica é necessário um estudo prévio para escolha da formulação, produto, dosagem e época de aplicação, com o intuito principal de obter a maior eficiência da técnica na cultura do tomateiro. Dessa forma, é recomendável o acompanhamento de um profissional qualificado para o sucesso.
No mercado brasileiro há uma diversidade de formulações, podendo resultar na escolha de um produto inadequado, por ocasionar em perda de produtividade e toxicidade na planta. Nisto, é recomendável, se possível, a realização de diagnose nutricional da planta, bem como análise de fertilidade do solo, com o objetivo de identificar as carências nutricionais das plantas.
Em geral, a aplicação de aminoácidos ocorre via foliar, sendo aplicado em associação com macro ou micronutrientes. No tomate, a época de aplicação pode variar dos 40 aos 60 dias após a semeadura, com intervalo de aplicação de 15 dias.
No tomateiro, as doses de aplicação podem variar de 0,5 a 2,0 litro/hectare, de acordo com a formulação e dosagem recomendada pelo fabricante. Além da aplicação via foliar, os aminoácidos podem também ser aplicados via fertirrigação, sendo que tal técnica irá depender da formulação do produto.
Mais produtividade
O cultivo do tomateiro com a aplicação de aminoácidos apresenta melhor produtividade em comparação ao cultivo sem aplicação. Entre os motivos para esse efeito, estão: efeito atenuador do estresse abiótico ou diminuição da incidência de pragas e doenças, bem como uma suplementação nutricional.
Tais motivos possibilitam um maior ganho em fotossíntese, produção de fotoassimilados e um menor gasto energético, possibilitando a produção de maior quantidade de fruto por planta, além de frutos com maiores ganhos de massa, resultando assim em maior rentabilidade, pois, em geral, os frutos são comercializados por quilogramas.
Resultados em campo
A aplicação dos aminoácidos osmorreguladores promoveu a manutenção da produtividade em plantas de tomateiro submetidas ao déficit hídrico, apresentando um incremento de 14% da produtividade em comparação às plantas sem aplicação, ambas em situação de déficit hídrico no Estado de Goiás (Gomes et al., 2019).
Outro ensaio realizado em ambiente protegido no interior de São Paulo demonstrou o aumento de 22,1% com aplicação de arginina, além do aumento da qualidade nutricional do fruto em destaque, a concentração de sólidos solúveis dos frutos (Conceição, 2018). Há estudos que indicam que esse aumento pode chegar em torno de 50% em comparação com a ausência de aminoácidos.
Investimento x retorno
No mercado nacional os produtos são comercializados a partir de embalagens líquidas de 1,0 a 20 L, com uma variação de preço de R$ 36,00 a R$ 880,00. Todavia, como supracitado no texto, a aplicação de aminoácidos pode aumentar de 15 a 20% a produtividade do tomateiro, além de promover frutos com maior qualidade nutricional, o que possibilita uma agregação de valor comercial.
Portanto, apesar de ter um custo elevado, a aplicação de aminoácidos, em destaque na cultura do tomateiro, possibilita um retorno rápido.