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Aquecimento global reduz produtividade cafeeira

O aquecimento global está impactando a produtividade cafeeira, desafiando os cafeicultores a se adaptarem às mudanças climáticas.

Samuel Henrique Braga da Cunha
samuelhbraga@gmail.com

Antônio Augusto Rezende Reis 
Doutorandos em Fitotecnia – Universidade Federal e Lavras (UFLA)

As principais mudanças climáticas relacionadas ao aquecimento global e que afetam diretamente o crescimento das plantas de café referem-se ao aumento da temperatura e da concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, e também a redução na disponibilidade hídrica, aspectos que alteram o comportamento dos estômatos e, de maneira geral, a fotossíntese.

Esses fatores que causam o envelhecimento das árvores afetam de forma direta na eficiência fotossintética das plantas. A concentração de CO2 atmosférico deve se manter em um nível entre 300 ppm e 1.000 ppm, pois acima desses valores causa fitotoxidade, e abaixo é insatisfatório.

Foto: Shutterstock

Nesse intervalo, o aumento da concentração de CO2 promove maior crescimento das plantas, pois permite maior atividade biológica dos estômatos. As temperaturas também atuam de forma semelhante, tendo uma faixa ótima para eficiência fotossintética.

Causa e consequência

Quando essa temperatura do ar é elevada e associada à deficiência hídrica, as plantas, para evitar a perda de água, fecham seus estômatos e, consequentemente, reduzem a fixação de CO2, diminuindo, portanto, as taxas fotossintéticas.

Impactos

O envelhecimento precoce das árvores do cafeeiro por causa dos efeitos do aquecimento global, além de refletir em grande impacto na eficiência fotossintética das plantas, normalmente tem seus efeitos acentuados no período com maiores temperaturas e menor disponibilidade hídrica.

Isso é observado, principalmente, no florescimento das plantas, reduzindo drasticamente o pegamento de flores e afetando diretamente a produtividade da cultura. Além disso, o metabolismo da planta é afetado quando ocorre esse envelhecimento precoce.

Assim, a lavoura deve requerer maiores esforços e demandar maior atividade metabólica e gasto de energia, reduzindo as demandas para o suprimento das plantas quanto à produção.

Pesquisas

Atualmente, no Brasil e no mundo, busca-se estudar técnicas que visam reduzir os efeitos das mudanças climáticas e adaptar à cultura à nova realidade climática em que o planeta se encontra.

Tais estudos têm focado em técnicas de manejo principalmente do solo, buscando proporcionar um microclima favorável ao desenvolvimento da cultura. Normalmente, são técnicas que aumentam os teores de matéria orgânica no solo e a retenção de água no mesmo.

Um exemplo de sucesso, nesse efeito de mitigação, é o uso da braquiária na entrelinha com manejo da roçada ecológica, que permite o aumento nos teores de matéria orgânica, proporcionando o efeito de retenção de água.

Outros estudos pertinentes que vêm sendo realizados são o zoneamento climático das regiões com maior aptidão ao crescimento da cultura.

Medidas imediatas

A curto prazo, com intuito de amenizar os prejuízos causados pelas mudanças climáticas, os produtores devem manter suas lavouras bem nutridas, fornecendo os nutrientes necessários e de forma balanceada; plantas sadias, com baixa incidência de pragas e doenças, abaixo dos níveis aceitáveis, que não prejudicam a produção.

Outra recomendação é o bom controle de plantas daninhas, evitando a competição por água, luz e nutriente. São práticas simples, porém essenciais, para manter as lavouras produtivas e economicamente viáveis.

A falta de água devido às mudanças nos regimes hídricos e ocorrência de altas temperaturas, com eventos de baixas temperaturas, como ocorrência de geadas, vem causando prejuízos aos cultivos de café nos últimos anos, dificultando a manutenção e viabilidade financeira dos cafeicultores.

O envelhecimento precoce das plantas e a senescência das folhas em menor período de tempo fazem com que as plantas necessitem agilizar os processos de formação de novas folhas, afim de continuar os processos de fotossíntese, gastando assim mais energia, que poderia ser direcionada para formação de flores e frutos.

Tal situação pode afetar a estrutura dos cafezais, sua produção, diminuir sua vida útil, encurtar os períodos de realização de podas e até mesmo de renovação das lavouras. Esses acontecimentos podem afetar a economia cafeeira devido à queda de produtividade, associada ao aumento do custo de produção para manutenção das lavouras, fazendo-se necessário, cada vez mais, a tecnificação dos produtores, para se tornarem resilientes às mudanças que podem vir a acontecer nos sistemas produtivos. 

Técnicas que podem amenizar o efeito climático

– Uso da irrigação, mitigando o efeito da má distribuição ou falta de chuvas;

– Utilização de plantas de cobertura, a fim de manter a umidade no solo, enriquecer a biodiversidade da lavoura, favorecer o aparecimento de inimigos naturais de pragas e oferecer matéria orgânica durante seu manejo;

– Adoção de novas cultivares, resistentes, mais produtivas e resilientes;

– Cultivo sombreado, utilizando espécies arbóreas que forneçam sombra e diminuam a temperatura da lavoura, recomendado para locais muito quentes e com incidência de insolação;

– Enriquecimento do solo com produtos biológicos que favoreçam a ocorrência de micorrizas e relações simbióticas;

– Monitoramento de pragas e doenças para realizar um controle mais efetivo com produtos biológicos.

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