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sexta-feira, abril 26, 2024
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As respostas que você procura sobre o Eucalipto

Autor

José Geraldo Mageste
Engenheiro florestal, PhD e professor – Universidade Federal de Uberlândia jgmageste@ufu.br
Emmerson Rodrigues de Moraes
Eng. Agrônomo, Doutor e professor do IFGoiano
  emmerson.moraes@ifgoano.edu.br
  Wedisson Oliveira Santos
Eng. Agrônomo, PhD e professor – Universidade Federal de Uberlândia  
wedisson.santos@ufu.br
  Fernando Simoni Bacilieri
Eng. Agrônomo, Doutor e pesquisador autônomo
ferbarcilieri@hotmail.
Créditos Shutterstock

A necessidade de adubo para um povoamento de eucalipto ou para qualquer cultura depende do solo que você vai cultivar. Por exemplo, se você vai cultivar soja, arroz, feijão, eucalipto, cana ou qualquer outro vegetal em um solo arenoso, você vai gastar mais fertilizante do que se fosse fazer o mesmo num solo argiloso.

Ainda existem inúmeras outras variações. Se for um solo argiloso pobre em matéria orgânica, gastará mais fertilizante que outro solo argiloso rico em matéria orgânica. Além dessas variações, existem variações das quantidades de nutrientes em diferentes solos. Por exemplo: para você instalar qualquer cultura perto de Capinópolis (entre Capinópolis e Canápolis), gastará menos quantidade de adubo fosfatado (fertilizante fósforo) do que instalar a mesma cultura aqui em Uberlândia (MG). E muito menos se fosse instalar esta cultura próximo à cidade do Prata (MG), onde existem solos mais pobres ainda em termos de fertilidade natural.

Se você comparar a necessidade total de todos nutrientes exigidos para a cultura de eucalipto com a maioria dos outros vegetais, o eucalipto exige muito menor quantidade de nutrientes. É fácil você entender: você planta soja, milho, feijão, quiabo, etc., todos os anos.

Todo novo plantio exige colocação de fertilizante. Você planta eucalipto de sete em sete anos ou até menos (pode ser de cinco em cinco anos também). Você não tem respostas se adubar o eucalipto após o segundo ano.

Somando as quantidades de nutrientes para estas culturas, você terá um total muito maior para estas culturas quando comparado para o eucalipto nas mesmas condições. Para se determinarem quais fertilizantes e a quantidade a se aplicar devem ser feitas análises de solos.

Solos

O cerrado é famoso por ter o solo ácido. Normalmente o pH do solo é de 5,8 a 6,2. A acidez desse solo pode prejudicar a planta por dificultar a absorção de muitos nutrientes. O que fazer para resolver esse problema?

Um pH nesta faixa é até considerado ideal para a maioria das culturas agrícolas. Fora desta faixa pode ser prejudicial para absorção de alguns nutrientes para culturas agrícolas, por exemplo.

Quando o solo é ácido, faz-se aplicação de calcário pelo menos três a quatro meses antes do plantio. O calcário eleva o pH numa profundidade de pelo menos 30 cm. A elevação faz com que haja precipitação do alumínio, que é tóxico para as plantas e facilita a absorção dos nutrientes que são primordiais para o crescimento e produção da maioria dos vegetais.

Muitos macronutrientes (fósforo, potássio, cálcio e magnésio) aumentam sua disponibilidade, com elevação do pH. Até mesmo o nitrogênio é absorvido em maior quantidade, com elevação do pH. Por outro lado, o pH mais elevado facilita a disponibilidade e a absorção de muitos micronutrientes (boro, cobre, zinco, manganês, ferro, etc.).

É comum as pessoas perguntarem se existe aumento do pH com aplicação de gesso. Isto não é verdade. O gesso não tem propriedade para aumentar o pH do solo. Ele pode aumentar a disponibilidade de cálcio e carrear os nutrientes-bases para maiores profundidades. Isto é muito desejável, porque aprofunda o sistema radicular e torna as plantas mais resistentes à seca. Ou melhor, faz com que elas possam atravessar veranicos sem muitos prejuízos de desenvolvimento.

Opções

Basicamente, existem dois tipos de calcário: o dolomítico (com cálcio e magnésio) e o calcítico (somente cálcio). O primeiro custa em torno de R$ 50,00/tonelada e o segundo em torno de R$ 35,00. O mais caro é transportar e aplicar. Eucaliptos não são exigentes em pH elevado (próximo a 7,0). Eles conseguem absorver muitos nutrientes em condições de acidez do solo (pH baixo).

Espaçamentos

O espaçamento depende da finalidade do povoamento. Se você deseja produzir madeira para energia (na forma de cavacos para alimentar caldeiras) ou torinhas (na forma de lenha) e possui um solo naturalmente fértil (bom Índice de sítie), o ideal é plantar em torno de 3,0 x 2,5 ou 3,0 x 3,0 metros (entrelinhas e entre plantas).

Se você deseja obter toras para serrar, aí deve ser aumentado o espaçamento para 5,0 x 3,0, (linhas e plantas) ou em filas duplas ou triplas (5,0 x 5,0) x 9,0 metros. Assim você terá em torno de 450 plantas por hectare.

Você pode também plantar mais denso inicialmente e depois de 5,0 anos retirar uma fila, deixando maior espaçamento para as árvores engrossarem e produzirem madeira para serraria ou para postes.

Você também pode variar os espaçamentos entre as diferentes espécies de eucalipto. Eucalyptus cloeziana pode ter menor espaçamento entre plantas do que E. urophylla, por exemplo. Para acertar na variação de espaçamento entre espécies é melhor consultar um Engenheiro Florestal. Existem muitos outros fatores que estão associados ao espaçamento que influenciam a qualidade da madeira de eucalipto.

Rendimento

Geralmente você tem em torno de 550 metros de madeira (metros estéreos) após sete anos. Em plantações descuidadas, você tem em média menos de 250 metros estéreo. ha-1. Aqui na região do Triângulo Mineiro existem muitas plantações com até 650 metros estéreo. ha-1. Isto porque temos povoamentos em solos bons, que fornecem a nutrição adequada para o eucalipto, associado à uma boa disponibilidade de água.

Custo

Geralmente, o custo de implantação até o final do segundo ando fica em torno de R$ 4.500,00 a R$ 5.000,00 por hectare. Mas, os custos são muito variáveis entre propriedades. Mudas custam em torno de R$ 350,00 o milheiro. O mais difícil e caro é manter a coroa em torno da muda ou as linhas limpas até o final segundo ano de plantio.

O custo de manutenção representa quase 35% do total gasto na implantação. Manter a área livre de formigas cortadeiras é primordial, porque elas podem inviabilizar um cultivo de eucalipto.

Madeiras para serraria valem até três vezes mais que madeira para lenha. Hoje em dia, na região do Pará, o produtor vende a madeira em torno de R$ 65,00 mst (metro estéreo) e o custo deve ser de R$ 25,00.

A maioria das espécies de eucalipto permite fazer até três colheitas (três cortes), mas o rendimento vai caindo. Muitos estudos indicam que se houver brotação menor do que 60% da população original, não vale a pena conduzir. É melhor plantar de novo.

Pragas

A principal praga das florestas é a formiga. Não se permite, em hipótese alguma, que haja formiga cortadeira por ocasião do plantio. Se uma muda de eucalipto for cortada completamente duas vezes durante o primeiro ano de plantio, ela não brota mais e morre. Aí a área fica ocupada por uma muda perdida (7,5 m2 se o espaçamento foi 3 x 2,5 metros), sem produzir nada, até colher as demais plantas.

Também pode haver ataques de cupins de solo. Eles matam as plantas com até cinco metros de altura. O ataque tem que ser prevenido no momento da implantação da muda, que deve ser banhada com um cupinicida (matador de cupim).

Existem, ainda, algumas lagartas desfolhadoras. Geralmente elas não chegam a matar as plantas, mas causam danos à produção, porque reduzem o crescimento das plantas.

Temos que entender que as pragas são uma realidade e precisam existir. Mais importante é determinar o nível de dano. Talvez o produtor possa conviver com certa quantidade de praga, e não precise eliminá-las completamente. Plantas de eucalipto de maior tamanho podem conviver com formigas, por exemplo. 

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