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sexta-feira, abril 19, 2024
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As vantagens do espaçamento adensado do algodão

Autor

Luís Paulo Benetti Mantoan
Doutorando em Ciências Biológicas/Fisiologia Vegetal – UNESP-Botucatu
Carla Verônica Corrêa
Doutoranda em Agronomia/Fisiologia Vegetal e Metabolismo Mineral – UNESP-Botucatu
cvcorrea1509@gmail.com

O espaçamento ideal para o algodoeiro dependerá de vários fatores, como a cultivar utilizada, fertilidade do solo, manejo empregado, sistema de cultivo e tipo de colheita. Em sistemas predominantemente mecanizados o espaçamento dependerá do espaçamento da “boca da colheitadeira”, com média de 08 a 12 plantas por metro linear.

Atualmente, com a produção mecanizada de algodão em todas as etapas, o espaçamento utilizado é aquele exigido pelas colheitadeiras de algodão. A predominância destas máquinas de fusos é por espaçamentos entre 0,90 a 0,76 cm entrelinhas.

Espaçamento adensado

O conceito de algodão adensado é uma realidade de muitos anos, mas viabilizou-se recentemente com o surgimento de herbicidas pós-emergentes para folhas largas. Foi muito beneficiado também pelo lançamento de cultivares transgênicas resistentes a herbicidas, assim como pelo avanço no conhecimento sobre o correto emprego precoce de reguladores de crescimento e, ainda, pela evolução no desenvolvimento/adaptação de colheitadeiras do tipo “stripper”.

O adensamento do algodão vem ganhando cada vez mais espaço, uma vez que permite a redução dos custos de produção, a qual é convertida em lucro para o produtor e, por isso, esse manejo tende a adquirir cada vez mais força nos campos de produção. O plantio adensado mais utilizado é o que emprega espaçamento de 45 a 50 cm, utilizando semeadora de soja para seu plantio.

Produtividade

Façamos um comparativo entre o sistema de adensamento de plantas, ou seja, 0,45 m de espaçamento, resultando em estande de 300.000 plantas/ha e o plantio convencional, ou seja, 0,90 m de espaçamento e estande de 100.000 plantas/ha.

Assim, no espaçamento convencional a produtividade pode ser em torno de 90 @/ha. Já no espaçamento adensado, a produtividade pode ser em torno de 100 @/ha. No entanto, essa produção é bastante variável e depende muito do manejo e do material genético empregado.

Assim, o espaçamento ultra-adensado (0,38 m) pode apresentar produções em torno de 4.200 kg ha-1 de algodão em caroço. Já o espaçamento considerado adensado (0,76 m) pode apresentar produções em torno de 3.300 kg ha-1, enquanto o espaçamento convencional (0,95 m) atinge produções em torno de 3.200 kg ha-1.

Vantagens para o algodoeiro

O algodão cultivado de forma tradicional apresenta uma janela que vai de dezembro a julho (plantio/colheita). Já no sistema adensado, este ciclo ocorre entre fevereiro e julho.

Além disso, como o número de plantas por hectare é maior, o uso de recursos como hídricos, nutricionais e fitossanitários acabam sendo otimizados. No entanto, o produtor deve levar em consideração que no sistema adensado o manejo deve ser diferenciado e o produtor precisa dar mais atenção ao monitoramento de doenças e pragas.

Isso se deve ao fato de o maior número de plantas na mesma área proporcionar condições microclimáticas que favorecem o desenvolvimento de doenças e pragas. A maior vantagem para o produtor, além do aumento de produção, é a possibilidade de plantio de uma safra de soja antes de cultivar o algodão.

Mudanças

São várias as mudanças que devem ser executadas pelos produtores para que se obtenham elevadas produtividades. Tudo começa pela escolha das cultivares. Os produtores devem optar pelas cultivares mais precoces ou as de ciclos médios e que apresentem melhores adaptações para a região produtora.

Além disso, deve realizar controle eficiente de plantas daninhas por meio de herbicidas pós-emergentes, pois com o maior adensamento o controle de plantas daninhas é mais complicado. Outro cuidado crucial é o controle de pragas e doenças. Assim, as vistorias de campo devem ser intensificadas em sistema de cultivo adensado.

Resultados de campo

_ Rendimento de fibra: enquanto o algodão convencional tem taxas de rendimento de até 40% de fibra, no adensando este índice gira em torno de 33%;

_ Custo de produção: o sistema adensado é menos oneroso pelo fato do ciclo deste tipo de algodão ser menor que o do convencional (redução em torno de 40 a 60 dias), resultando em despesas menores com tratamento químico das plantas, adubações e irrigações;

_ Produtividade: por apresentar maior densidade populacional, observa-se aumento da produtividade. Assim, o produtor aumenta seu lucro tanto pela redução dos custos de produção, como pela maior produtividade por área.

Erros

Em muitas regiões, é comum observar redução da qualidade da fibra do algodão adensado em relação ao plantio convencional. Isso se deve ao fato de o algodão adensado apresentar situações desfavoráveis como microclima com maior potencial de doenças, como por exemplo, o mofo branco.

Assim, os cuidados com monitoramento e controle de doenças devem ser intensificados. Também deve-se ter muito critério na escolha das variedades, bem como ao manejo adequado para o espaçamento empregado. A atenção também deve ser redobrada em relação à colheita.

A colheita em sistemas adensados demanda o uso de plataforma do tipo “Stripper” ou “Sistema de Pente” similar aos empregados na colheita de cereais, que aumentam as possibilidades de sujeiras no algodão.

BOX

Desviando-se dos erros

Como toda “nova técnica”, o produtor deve realizar a transição do antigo para o novo de forma gradativa. Isso permite ao produtor ganhar experiência com a nova técnica de forma a contornar com eficiência todos os imprevistos que surgirem. Assim, entre os cuidados para se evitar perdas, podem-se citar:

– Bom manejo da lavoura em relação as plantas daninhas, com dessecação das áreas e uso de pré e pós-emergentes;

– Cuidados com a colheita, para evitar perdas de qualidade e de produtividades.

Custos

Os custos de produção são inferiores no sistema adensado. Essa redução pode ser em torno de 35%. Assim, o produtor pode contabilizar essa redução de custo no aumento do lucro. No entanto, essa redução de custo só será possível quando o manejo da cultura adensada for realizada de forma adequada. Caso contrário, o produtor pode ter perdas de produtividades altamente significativas, ao ponto de inviabilizar essa redução de custos.

Por fim, vale lembrar que o sistema adensado pode baixar os custos de 30 a 40%, em média. Isso se deve ao fato de reduzir os gastos com adubação, maquinário, combustível e mão de obra, porque o ciclo da cultura é reduzido e também pelo fato de se ter maiores números de plantas por área.

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