Diego Tolentino de Lima
Daniel Lucas Magalhães Machado
danielmagalhaes_agro@yahoo.com.br
Engenheiros agrônomos e doutorandos em Produção Vegetal – ICIAG-UFU
Ernane Miranda Lemes
Roberta Camargos de Oliveira
Engenheiros agrônomos e doutores em Produção Vegetal
Túlio Vieira Machado
Engenheiro agrônomo e mestrando em Fitotecnia – ICIAG-UFU
A mosca-branca (Bemisia spp.) é um inseto sugador de seiva, polÃfago e já foi observado reproduzindo-se em várias espécies de plantas anuais e herbáceas, pertencentes a muitas famílias botânicas.
É considerada atualmente uma das principais pragas de muitas culturas. São hospedeiros preferenciais da mosca-branca: algodão, brássicas (brócolis, couve-flor, repolho), cucurbitáceas (abobrinha, melão, chuchu, melancia, pepino), leguminosas (feijão, feijão-de-vagem, soja), solanáceas (berinjela, fumo, pimenta, tomate, pimentão), uva e algumas plantas ornamentais. Tem sido detectada também em plantas daninhas como o picão, joá-de-capote, amendoim-bravo e leiteiro.
Essa praga suga a seiva do floema, causando debilidade nas plantas. Os danos diretos causados pela retirada de seiva do floema e inoculação de toxinas provocam alterações no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da planta, e podem reduzir a produtividade.
Também, ao expelir uma substância açucarada nas folhas, ramos e frutos, favorece o aparecimento de fungos saprófitas que interferem no processo fotossintético. Além disso, como danos indiretos, atuam como vetores de vírus, principalmente geminivírus, apresentando como sintoma caracterÃstico o amarelecimento total da planta, o nanismo acentuado e o enrugamento severo das folhas terminais.
PerÃodos secos e quentes favorecem o desenvolvimento e a dispersão da praga, sendo, por isso, observados maiores picos populacionais na estação seca.
Medidas de controle da mosca-branca
Como medida curativa, pode-se adotar o controle químico, porém, deve ser considerado dentro de um programa de manejo integrado de pragas (MIP), pois o uso exclusivo, não criterioso e contÃnuo de inseticidas, não é a solução permanente para o controle da mosca-branca.
Os produtos a serem utilizados no controle químico devem ser aqueles registrados no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) para cada cultura, respeitando-se as doses indicadas e o período de carência de cada produto.
Os inseticidas químicos, quando não bem utilizados no controle da mosca-branca, podem causar intoxicações em aplicadores e contaminação do meio ambiente, além de deixarem, na maioria das vezes, resíduos nos alimentos, pondo em risco a saúde dos consumidores.
Por isso, deve-se reduzir ao máximo o uso desses produtos no campo, buscando alternativas viáveis e ecologicamente corretas que não agridam o meio ambiente, protejam os inimigos naturais e os aplicadores, assim como a saúde dos consumidores. Recomenda-se, ainda, o manejo baseado em medidas preventivas.
As medidas preventivas visam dificultar ou retardar a entrada do inseto na área, bem como eliminar focos de abrigo, de alimento e de reprodução. Medidas que favoreçam o equilíbrio biológico no agroecossistema também devem ser consideradas antes e após a implantação da cultura.
As principais medidas preventivas para o controle ou convivência com a mosca-branca são: a) fazer plantios isolados; b) eliminar focos de inóculo, como maxixe, abóbora ou ervas daninhas hospedeiras da praga que estejam ao redor da área a ser plantada; c) iniciar o preparo do solo, mantendo a área limpa, pelo menos 30 dias antes do plantio; d) rotação de culturas com plantas não hospedeiras; e) após o plantio, manter a área isenta de plantas hospedeiras da praga, no interior e ao redor da cultura; f) não permitir cultivos abandonados nas proximidades da área cultivada; g) eliminar os restos culturais imediatamente após a colheita; h) utilizar mudas sadias, isentas da praga; i) usar barreiras vivas como sorgo, milho e outras plantas similares para impedir ou retardar a entrada de adultos de mosca-branca na lavoura; j) usar armadilhas para atrair e reduzir a população da praga; l) usar coberturas protetoras, pois a mosca-branca é atraÃda pela cor amarela, enquanto que o preto e o prateado provocam repelência.
Plástico preto ou prateado, palha de arroz e restos vegetais têm sido utilizados, pois provavelmente repelem a praga pelo reflexo da luz ou por mudanças de temperatura. Se encaixam nessa categoria o uso de mulching e TNT.
Utilização de mulching e TNT
Denomina-se mulching a aplicação de qualquer cobertura na superfície do solo que constitua uma barreira física à transferência de energia e vapor d’água entre o solo e atmosfera. Esta técnica é apresentada com vantagem por vários autores por ser de fácil aplicação e apresentar excelentes resultados, na maior parte das culturas, promovendo assim incrementos no rendimento, uma vez que reduz o consumo de água de irrigação, faz o controle de ervas daninhas, reduz o ataque de insetos, sobretudo os que utilizam o solo em seu ciclo de vida e tornam o ambiente desfavorável a alguns fitopatógenos do solo.
Existem vários tipos de materiais utilizados na técnica do mulching, e entre os orgânicos têm-se os diferentes tipos de resíduos culturais (palhas e/ou folhas secas, compostos, serragens e materiais similares) ou inorgânicos (pedras, cascalhos, plásticos, etc.).
Com o surgimento da indústria petroquímica, a partir da década de 1950, materiais mais baratos, como o filme de polietileno preto, foram propostos para utilização como mulching.
Recomendações
A utilização do mulching com filme plástico é indicada para controle de mosca-branca. A maior repelência é obtida com a utilização de plástico da cor preta, seguida por prateada, azul, branco e palha de arroz. O efeito da repelência é eficiente apenas nas primeiras quatro a seis semanas depois do transplante, dependendo da cultura. Após esse período, se a folhagem cobrir completamente a lona plástica, o efeito de repelência é anulado.