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Aumentar produtividade agropecuária sem desmatar Amazônia é possível e necessário

Foto de arquivo

Quando se fala em reduzir o desmatamento na Amazônia, é comum ouvir o falso argumento de que isso seria uma barreira para o agronegócio, setor que respondeu por 47,6% das exportações brasileiras em 2022, segundo o Ministério da Agricultura. No entanto, estudos e exemplos práticos demonstram que a conservação da floresta amazônica e a produtividade do setor não só podem, como devem caminhar juntas.

“A ciência vem mostrando que a expansão da agricultura na Amazônia está acontecendo em áreas que, em termos de solo e clima, não são boas para a produtividade. Se continuarmos a substituir a floresta em pé — que confere resiliência e estabilidade climática — por pé de lavoura, o sistema biofísico terá um fim em si mesmo”, alerta Ludmilla Rattis, pesquisadora do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), no terceiro episódio do Amazoniar. “A nossa riqueza está em conseguir conciliar todas essas coisas e, atualmente, não há necessidade de substituir áreas de vegetação nativa por agricultura ou pasto.”

Dados do MapBiomas mostram que a pecuária bovina de baixa produtividade ocupa 73% das áreas já desmatadas na Amazônia, o que representa 63 milhões de hectares. Porém, este cenário pode ser drasticamente alterado. Segundo pesquisa do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), é possível triplicar a produtividade média da criação de gado sem desmatar, adotando técnicas já existentes na região, como rotação de pastagens e integração lavoura-pecuária-floresta.

Assista ao terceiro episódio do Amazoniar aqui.

Diversificação é mais lucrativa e sustentável

Um ponto chave para o aumento da produtividade agropecuária é a diversificação. “Pequenas propriedades que focam somente em pecuária não são lucrativas, mas elas passam a ser a partir do momento em que o produtor investe em diversificação de produtos, em algum sistema agroflorestal ou na criação de outros pequenos animais”, diz Rattis. “Tudo que é mais diverso é mais sustentável e lucrativo.”

Um exemplo disso é a agricultura familiar. Os dados mais recentes do Censo Agropecuário, de 2017, apontaram que a agricultura familiar ocupava na época cerca de 80 milhões de hectares no país — ou 23% da área total usada para agropecuária. Apesar disso, o segmento tem grande participação no fornecimento dos alimentos consumidos nacionalmente, como 80% da mandioca, 48% do café e da banana e 42% do feijão. “A agricultura familiar produz tanto e tão bem porque é diversa. O pequeno produtor sabe que a diversidade traz mais lucro, traz mais saúde para o solo, para a natureza”, explica a pesquisadora.

Vale lembrar que diversificar não significa apenas cultivar produtos da floresta. Esse é um dos pontos de discussão da bioeconomia. Num seminário promovido no ano passado pelo OCAA (Observatório de Comércio e Ambiente da Amazônia), iniciativa do IPAM junto ao Imazon, Cindes e Instituto Clima e Sociedade, especialistas ilustraram a situação usando como exemplo o açaí. O fruto, que pode ser uma boa alternativa para diversificação em alguns locais, tem sido motivo de alerta para algumas regiões onde é a principal fonte de renda. Isso porque a necessidade de suprir a crescente demanda tem pressionado por monoculturas de açaí, a fim de aumentar a produção e aproveitar os bons preços internacionais.

No entanto, o que parece vantajoso inclusive para as comunidades da região, acaba diminuindo a biodiversidade, não apenas ao priorizar um produto em detrimento de outros cultivos, mas ao colaborar com o empobrecimento florestal como um todo pelo efeito cascata de uma monocultura. Para o IPAM, uma bioeconomia da Amazônia, que leva em consideração as complexidades territoriais, culturas e conhecimentos ancestrais da região, concilia desmatamento zero; diversificação dos métodos de produção em resposta ao sistema de monocultura; fortalecimento de práticas milenares amazônidas; e repartição justa dos benefícios.

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