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Bacillus aryabhattai é excelente opção contra estresses

Fábio Olivieri de Nobile Professor titular do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (UNIFEB) fabio.nobile@unifeb.edu.br

Maria Gabriela Anunciação Engenheira agrônoma – UNIFEB

Foto: Luize Hess

Os microrganismos utilizados na agricultura estão se tornando insumos de sucesso que auxiliam produtores de culturas diversas em diferentes vertentes. Temos, no mercado, produtos que auxiliam a nutrição das plantas, controle de insetos, nematoides e fitopatógenos.

Hoje, além da inoculação de soja, temos muitas outras aplicações de microrganismos na agricultura que vêm ganhando produtores pelo Brasil todo. Portanto, a pesquisa acerca desse tema tem ganhado cada vez mais espaço.

Sustentabilidade

É preciso lembrar que a agricultura moderna está embasada nos pilares da sustentabilidade e busca integrar aumentos produtivos com responsabilidade socioambiental. Uma ferramenta utilizada atualmente que garante incrementos expressivos de produtividade e diminui os impactos ambientais causados por resíduos de insumos químicos é a implementação de produtos biológicos no sistema de cultivo.

Com o aumento da população, é urgente que a produção de alimentos se correlacione positivamente, de forma que é necessário contornar os estresses bióticos e abióticos, de maneira a não agredir o solo e torná-lo mais positivo.

O setor privado tem procurado até mesmo no banco de microrganismos de universidades e agências de pesquisa, de forma a estabelecer parcerias de sucesso que trazem muitos benefícios paras as plantas. Os produtos retornados dessas parcerias apresentam benefícios para a agricultura, tanto no aspecto econômico quanto produtivo.

Ao enriquecer a microbiota do solo estamos cuidando para que a rizosfera das plantas cultivadas trabalhe positivamente e as culturas consigam expressar seu máximo potencial produtivo. As tecnologias microbiológicas se apresentam como uma ferramenta promissora, que vem ganhando destaque mundial e sendo cada vez mais aceita por produtos de diversos tamanhos e níveis tecnológicos.

Bacillus aryabhattai

Uma dessas tecnologias que vem ganhando espaço, especialmente na cultura do milho, é resultado de mais de uma década de pesquisa da Embrapa. O microrganismo capaz de mitigar o estresse hídrico, Bacillus aryabhattai, é um marco na agricultura tropical, que sofre muito com os impactos do estresse hídrico, este que é de causa quedas na produtividade de importantes culturas em diversas regiões do País.

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O microrganismo tem a capacidade de promover o crescimento das plantas mesmo em solos secos e, por conta disso, atenuar o efeito do estresse hídrico no desenvolvimento da cultura. A bactéria foi encontrada em uma planta da caatinga conhecida como mandacaru.

A pesquisa da Embrapa consistiu no isolamento de bactérias com mecanismos de ação muito diversos. Os microrganismos tinham capacidade enzimática, promoção de crescimento e solubilização de fosfatos.

No entanto, de maneira simplista, as bactérias que apresentam capacidade de aumentar a tolerância das plantas à seca produzem exopolissacarídeos, que são produzidos em situação de estresse e hidratam as raízes.

Custo irrisório

A expectativa é que o produto possa salvar da seca entre seis e oito sacas por hectare, de forma a aumentar a produtividade de maneira muito expressiva. Se considerarmos os valores crescentes do preço da saca do milho, facilmente chegaremos à conclusão de que o bioproduto é uma excelente ferramenta, cujo custo se torna irrisório frente ao ganho causado pela utilização nas lavouras.

Momento de aplicar

O microrganismo já chegou ao mercado, no sudoeste goiano, na safrinha de milho deste ano. Muitos produtores adeptos ao uso de microrganismos da região de Rio Verde utilizaram o microrganismo no tratamento de sementes, alguns dos quais apresentaram ganhos em produtividade mesmo em um período conturbado, em que o milho foi castigado por seca e geadas.

Isso levanta um ponto importante relacionado ao modo de aplicação deste microrganismo nas culturas. Usualmente é utilizado no tratamento de sementes com dose recomendada de 4 mL.kg-1 de semente.

O bioproduto, fonte da parceria da Embrapa com uma empresa mineira, tem um custo de, aproximadamente, R$ 800,00, podendo variar conforme a região e canal de venda.

Apesar da recomendação em tratamento de sementes, outros produtores podem optar pela aplicação em sulco de semeadura, utilizando doses em torno de 150 e 200 mL.

Porém, vale ressaltar que, independente da forma de aplicação, é necessário fazer um balanço dos produtos que estão sendo aplicados, pois microrganismos podem competir ou serem inibidos por alguns princípios químicos específicos. Sendo assim, é sempre importante que o responsável pela lavoura faça um bom balanço da quantidade de produtos e doses.

Sem errar

O principal erro dos agricultores frente ao uso de bioprodutos está, justamente, na aplicação. É preciso entender que os microrganismos, apesar de apresentarem certa resistência a algumas situações, são seres vivos.

E, portanto, devem ser oferecidas condições para que possam sobreviver. Dessa forma, o armazenamento, a tecnologia de aplicação e as condições pré-plantio devem favorecer a sobrevivência da bactéria.

Um dos principais pontos é justamente a temperatura, portanto, a semente deve ser bem armazenada e deve ser respeitado um prazo de plantio após o tratamento, em caso de TSI (tratamento industrial de sementes) e o horário de aplicação em junção com a umidade do solo, em caso de aplicação direto no sulco de semeadura.

Pesquisas

Pesquisas complexas e recentes apontaram para o lançamento de novos bioprodutos. Ultimamente, a engenharia genética está estudando o microbioma e a capacidade das plantas de recrutar microrganismos para sobreviver.

Se notarmos, o ser humano interfere no ciclo das plantas na atualidade, como elas sobreviviam no passado sem fertilizantes e defensivos? Pesquisas apontam que as plantas conseguem recrutar microrganismos capazes de melhorar seus aspectos da vida, assim como o mandacaru, uma planta da caatinga, constantemente em períodos de seca e estresse hídrico.

Tudo indica que o retorno da pesquisa trará novos bioprodutos e cultivares que podem ser lançadas, ressaltando a importância da pesquisa para a agricultura moderna.

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