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Barriga d’água

Aplicação de água em estradas canavieiras com o equipamento barriga d’água

Barriga d’água é um equipamento composto por um semirreboque, um reservatório de água, um filtro e uma calha, tendo a função de umedecer o solo de estradas canavieiras. O umedecimento do solo é uma técnica utilizada para reduzir os danos nas estradas como erosão e diminuir a poeira. Esta técnica é importante para incrementar a viabilidade do empreendimento, uma vez que, as atividades de transporte de cana-de-açúcar e umedecimento do solo, são realizadas em conjunto, o que permite reduzir os custos destas operações.

INTRODUÇÃO

O processamento da cana-de-açúcar ocorre em indústrias sucroalcooleira, as quais comumente são localizadas em zonas rurais, onde o escoamento da matéria prima para a indústria frequentemente ocorre em estradas não pavimentadas (ENP’s) dentro do raio de ação da usina. As ENP’s, também conhecidas como estradas rurais ou vicinais, surgiram da necessidade de facilitar a logística de tráfego ou transporte em locais de difícil ou nenhum acesso, sendo construídas sem planejamento prévio, aproveitando a topografia do terreno e a estrutura disponível nas zonas rurais. Algumas dessas vias foram adaptadas e desenvolvidas por métodos intuitivos, estando sujeitas às irregularidades do tempo e ao desgaste contínuo.

Verifica-se que a vertente socioeconômica do Brasil depende fundamentalmente das estradas não pavimentadas em áreas canavieiras, portanto o caminho é realizar a conservação dessas estradas com agilidade e eficácia.

DEGRADAÇÃO DE ESTRADAS CANAVIEIRAS

A conservação e manutenção das vias de escoamento da cana-de-açúcar tem impactos socioeconômicos diretos para a indústria, bem como para a população que reside próximo às vias de escoamento. Os principais problemas são relacionados a danificação de máquinas e equipamentos usados para o transporte e pela nuvem de poeira formada pelo tráfego de caminhões, impactando na qualidade de vida da população. Portanto, os serviços de manutenção das estradas é uma atividade intensa realizada pela agroindústria canavieira, dependendo da intensidade de manutenção pode aumentar o custo de produção.

            Alguns dos problemas presentes nasENP’s é a presença de poeira no período da seca (Figura 1) e as erosões presentes no período das chuvas (Figura 2).

EQUIPAMENTO BARRIGA D’ÁGUA

O barriga d’água é um equipamento composto por um semirreboque, um reservatório de água, um filtro e uma calha para espalhar a água (Figura 3). O reservatório de água fica localizado na parte inferior do semirreboque, (entre o dolly e eixos traseiros). Para vedar o piso e as laterais do compartimento foram utilizadas chapa de aço ASTM A36 1/8″(3,25mm) X 1500mm X 3000mm, pois se trata de um aço estrutural próprio para aplicação em equipamentos (Figura 3). As chapas aplicadas para montagem da estrutura do reservatório foram unidas pelo processo de soldagem MIG (Metal Inert Gas).

Com intuito de minimizar o movimento do líquido durante o transporte, o mesmo tipo de chapa é utilizado como quebra ondas e tem a função adicional de reforço estrutural do reservatório. Na parte inferior, do lado esquerdo dianteiro, fica localizada a válvula wafer 6″ flangeada com atuador pneumático de dupla ação (fabricante Bray, modelo A536 CI65 150LBS) que faz a abertura para a vazão de água em uma canaleta metálica distribuindo o líquido de forma igualitária nos 2,6 metros de largura do semirreboque. A válvula pneumática é acionada manualmente por uma alavanca instalada dentro da cabine do caminhão, aproveitando o sistema de ar dos vagões, sendo o motorista o responsável por acionar ou desligar a válvula com o veículo em movimento sem causar atrasos no transporte de cana picada.

 Com o intuito de agregar ao transporte sem aumentar o tempo médio de viagem, o abastecimento do semirreboque deve acontecer antes de iniciar a viagem.  Para isso foi criado uma estrutura composta por uma caixa d’água com capacidade de 30000 litros, onde fica armazenada a água residuária (Figura 5). Acoplado a essa caixa d’agua é necessário um cano inox 8” com uma válvula pneumáticas de 8”, a qual tem a função de acionar a abertura no cano para passagem da água residuária até o semirreboque (Figura 2). Essa válvula é controlada por uma pessoa específica, que se encontra em uma cabine de controle. Após acionada, a válvula permanece ligada por exatamente 30 segundos. Neste período de tempo é colocado dentro do semirreboque em média 6 m3 de água. Após os 30 segundos a válvula automaticamente se desliga. 

VIABILIDADE DE OPERAÇÃO

A utilização deste equipamento é extremamente importante para a conservação das estradas (ambiental) e para as indústrias (economia).  Quando se tem tráfego de caminhões em estradas canavieiras más conservadas, eleva-se em 10% o custo de manutenção em balanças, molas, pneus e rodas, por cada caminhão utilizado para o transporte da cana picada da lavoura até a Usina, além de todo o impacto que é causado nas estradas, como erosões e poeira.

Porém, quando se opta por utilizar um caminhão com o reboque equipado com o barriga d’água, esse custo com manutenção de balanças, molas, pneus e rodas, diminui em 35% quando comparado ao sistema convencional em que se utiliza o caminhão pipa para umedecer as estradas não pavimentadas.

A utilização de caminhão pipa para umedecer as estradas não pavimentadas, aumenta o custo de manutenção e combustível das usinas com esse transporte específico (Figura 6-A). Já a utilização de um caminhão com o reboque equipado com o barriga d’água, permite reduzir tais custos, pois permite distribuir a água residuária para umedecer as estradas não pavimentadas no trajeto da Usina até a lavoura onde vai ser realizada a colheita; e retornar da lavoura até a Usina com o transporte da cana picada em uma estrada que está em condições adequadas para o tráfego de veículos (Figura 6-B), ou seja, economiza-se com o transporte, uma vez que se utiliza o caminhão adaptado que de toda forma iria ao campo para transporte da cana-de-açúcar colhida até a Usina para beneficiamento, e consequentemente economiza com combustível e mão de obra. Outro ponto importante é quanto ao aumento da uniformidade de aplicação de água na estrada não pavimentada, o que reduz problemas de escoamento superficial e desperdício de água.

João Paulo Almeida Lelis

Leonardo Nazário Silva de Sousa

Frederico Antonio Loureiro Soares

Marconi Batista Teixeira

Caroliny Fatima Chaves da Paixão

Jaqueline Aparecida Batista Soares

Luiz Fernando Gomes

Vitor Marques Vidal

Wilker Alves Moraes

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