César Augusto Santos
Stefani Silva Bustamonte
Graduandos em Engenharia Agronômica – UNESP/FCAT
Pâmela Gomes Nakada Freitas
Engenheira agrônoma e professora assistente – UNESP/ FCAT
Antonio Ismael Inácio Cardoso
Engenheiro agrônomo e professor titular – UNESP/ FCA
O melhoramento genético pode ser aplicado às sementes, produzindo assim cultivares híbridas, sendo um material mais homogêneo e proporcionando maior uniformidade. Em geral, estas são mais produtivas, entretanto, deve-se ter um cuidado especial, pois expressa todo seu potencial sob ótimas condições, ou seja, um agricultor com pouca tecnologia não terá as mesmas respostas daquele de alta tecnologia.
Outra grande vantagem dos híbridos é a uniformidade de coloração, tanto externa quanto interna e quase nenhuma presença de anéis descoloridos ao se cortar as raízes.
A temida cercóspora
A cercosporiose é uma doença muito destrutiva, causando necrose foliar intensa, enfraquecimento das plantas e redução dos rendimentos. É um patógeno que destrói o interior da célula para alimentar-se dos nutrientes.
Inicialmente formam pequenas manchas rodeadas por uma pigmentação arroxeada nas faces superior e inferior da folha, principalmente nas folhas mais velhas, como também pode ocorrer nos pecíolos.
A planta, sob ataque, diminui a sua capacidade fotossintética, devido ao grande número de lesões, as quais coalescem, ocasionando o crestamento (definhamento) da folha, resultando em perda significativa.
Os danos causados pela cercóspora são classificados como indireto, ou seja, a destruição ocorre em nível foliar, afetando a produção de fotoassimiladostranslocados para as raízes e, consequentemente, baixando o potencial produtivo da cultura.Portanto, é um fator que influencia significativamente no tamanho das raízes e, logo, na produtividade.
Alguns comerciantes e produtores comercializam a beterraba em maço, juntamente às suas folhas, conferindo um atrativo, no entanto, quando a cercóspora está presente, esta deprecia a aparência do produto, impossibilitando esta estratégia.
Atualmente, a beterraba tem se expandido mais um nicho de mercado, apesar de estreito. O consumo de baby leaf (folhas jovens) tem ocupado lugar principalmente nas gôndolas de boutiques de hortifúuti. No entanto, este segmento é gravemente afetado quando a cercóspora está presente, pois deprecia a aparência do produto.Além do mais, devido ao menor ciclo da cultura, não permite o uso de defensivo agrícola para o controle da doença.
Opções em beterrabas
Segundo os catálogos das empresas que comercializam as sementes, duas são as cultivares de beterraba no mercado apontadas como tolerantes ao fungo Cercospora beticola, enquanto quatro são resistentes ou moderadamente resistentes.
Entre os híbridos, dois estão classificados como tolerantes. Já os resistentes somam três. Todas estas informações são encontradas nos catálogos das empresas detentoras dos materiais, cabendo ressaltar que a tolerância e/ou resistência pode depender das raças do patógeno e das condições ambientais.
Manejo
Produtores no Estado de São Paulo vêm utilizando a produção de mudas em bandejas de poliestireno expandido (“isopor“), ou de plástico rígido, nos meses de dezembro a março, devido às altas precipitações pluviais, pois as mudas são produzidas em estufas agrícolas que as protegem das chuvas.
Estas apresentam alguns benefícios para a beterraba cultivada no verão, como redução do ciclo da planta no campo, fazendo com que a mesma fique menos tempo exposta às condições de temperatura e precipitações elevadas.
Além disso, possui outras vantagens, como: melhor aproveitamento das sementes híbridas, facilidade para realização dos tratos culturais iniciais (irrigações e pulverizações), melhor população (estande), com menos falhas, aumento da homogeneidade das plantas e menor dano à raiz no ato do transplante.
Podem ser produzidas na propriedade pelo próprio agricultor ou adquiridas de viveiristas especializados. Na cultura da beterraba, as mudas estão sendo produzidas geralmente em bandejas de 288 células.
Outro ponto fundamental é a escolha da variedade ou híbrido. Antigamente, a maioria desses materiais eram cultivares oriundas principalmente da região europeia, o que tornava a época de cultivo restrita aos meses de temperaturas mais amenas. Com a chegada dos híbridos, no final da década de 80, e do desenvolvimento de materiais aqui no Brasil, hoje tornou-se possível cultivar beterraba ao longo de todo o ano, desde que o material seja escolhido corretamente em função da época de cultivo.