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quinta-feira, maio 16, 2024
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Bicudo: principal praga do algodoeiro

Crédito: Depositphotos

Gabriel Carvalho Ribeiro de Oliveira
Graduando de Engenharia Agronômica – Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU)
gabrielribeiro230600@gmail.com
Saulo Strazeio Cardoso
Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia/Produção Vegetal e professor – FAZU e Faculdade Doutor Francisco Maeda (FAFRAM)
saulo.cardoso@fazu.br

A cultura do algodão é considerada de suma importância para a economia agropecuária brasileira, sendo uma das dez maiores do País. Desde meados de 1980 seu cultivo vem sofrendo sérios problemas ocasionados por diversos fatores que vieram a prejudicar sua produção.

O tal bicudo-do-algodoeiro

Atualmente, entre os principais fatores de queda de produção do algodoeiro está o bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis – Boheman, 1843 – Coleoptera: Curculionidae), sendo uma praga-chave para a cultura.

Este inseto-praga pode ocasionar danos por meio de perfurações realizadas por seu aparelho bucal mastigador ligado ao rostro ou bico nas estruturas reprodutivas da planta do algodoeiro, seja para alimentação ou oviposição.

Ciclo

O bicudo se caracteriza como holometábolo, ou seja, possui ciclo de vida completo, obtendo um ciclo biológico (ovo; larva; pupa; adulto), em média, de 21 dias. Logo após acasalarem, as fêmeas colocam seus ovos depois do período de pré-oviposição, geralmente na chamada maçã-do-algodoeiro (fruto não maduro), podendo ovipositar de 100 a 300 ovos.

Os ovos têm cerca de 1,0 mm de comprimento, e após eclodirem as larvas se desenvolvem, se alimentando da estrutura reprodutiva da planta, levando a danos irreparáveis a ela. Transformam-se em pupas, e após sete dias, aproximadamente, emergem os adultos, que irão se alimentar, reproduzir e assim sucessivamente, dando continuidade ao ciclo da praga.

Prejuízos

Principal praga da cultura do algodoeiro e com alto potencial destrutivo, o bicudo é responsável por perdas superiores a 200 dólares por hectare, o que equivale a quase 10% do custo total de produção.

Somente o custo do bicudo, devido aos gastos com controle e as perdas ocasionadas, ultrapassam US$ 200 por hectare. Por estes números, considerando um custo médio de produção de algodão da ordem de cerca de US$ 2.300 por hectare, calcula-se que o impacto econômico da presença do bicudo nos algodoais brasileiros corresponde a quase 10% do custo de produção da cultura.

Desafios

Pulverizações com inseticidas são a principal ferramenta de controle do inseto, sendo utilizadas entre 18 e 23 vezes por safra e, mesmo assim, perdas ainda são registradas.

Porque mesmo com tanto esforço o bicudo continua sendo tamanho problema? Apesar do grande número de pulverizações feitas a cada safra, com seu enorme impacto econômico e ambiental, os dados apresentados demonstram a fragilidade do manejo dessa praga.

Somente os adultos do inseto podem ser atingidos pelos inseticidas; ovos, larvas e pupas ficam protegidos no interior dos botões florais do algodoeiro. Se o monitoramento falhar, a detecção tardia da praga na lavoura dará tempo suficiente para que as fêmeas ovipositem seus ovos nas estruturas da planta de algodão, antes que o inseticida a controle.

Crédito: Sebastião de Araújo

Mesmo que o controle químico dos adultos seja efetivo, uma nova geração da praga estará se formando e um novo surto da praga na lavoura fatidicamente ocorrerá cerca de duas semanas depois.

Assim, seu controle e manejo se tornam, de certa forma, difíceis, pois muitas vezes ela está localizada no terço médio das plantas.

Além disso, estes insetos tendem a ter uma maior exposição aos horários mais quentes do dia, dificultando as aplicações para manejo da praga.

Com isso, o controle efetivo deve ser realizado por meio de inseticidas sintéticos, juntamente com métodos de controle culturais e comportamentais, além do manejo químico, que é imprescindível, pelo seu difícil controle.

Controle

Para efetuar o manejo integrado de pragas (MIP) do bicudo-do-algodoeiro deve-se adotar um nível tolerável de injúria econômica de 5% das estruturas reprodutivas atacadas, seja ataques de alimentação ou oviposição.

Geralmente, quando ocorrem infestações, são encontrados adultos, ovos e larvas nas plantas e larvas, pupas e adultos sobre o solo. Por este motivo, deve-se realizar a aplicação sequencial de três a quatro pulverizações de inseticidas, se tornando uma das principais estratégias para que não haja progresso desta praga e, consequentemente, leve à redução populacional dele.

Existem diversas pesquisas que demonstram a eficiência de inseticidas químicos aplicados sequencialmente para o controle de bicudo, sendo uma estratégia bastante eficaz. Além disso, deve-se variar os modos de ação dos inseticidas utilizados no controle, evitando assim a resistência da praga.

Monitoramento

Para realizar o monitoramento desta praga existem diversas armadilhas, como Tubo de Atração e Controle do Bicudo (BWACT), Grandlure-and-glue tube (GGT), ou tubo mata-bicudo, entre outras que, em sua maioria, utilizam feromônios sintéticos para este monitoramento.

Para o uso do tubo mata-bicudo, armadilha de maior utilização, usa-se um tubo de papelão de aproximadamente 90 cm tratado com malathion (30% aproximadamente), atrativos alimentares, coloração amarela e feromônio sintético.

Estes tubos devem ser colocados no perímetro da lavoura com distância de 50 m entre eles, sendo implantados 10 dias antes do plantio.

Pesquisas

Os produtos que se tem mais utilizado para o controle do bicudo-do-algodoeiro são compostos pelos ingredientes ativos malathion, fipronil, bifentrina, alfa-cipermetrina, lambda- cialotrina ou etofenproxi, sendo estes inseticidas neurotóxicos, ou seja, atuam no sistema nervoso ou musculatura do inseto.

Trabalho realizado pela Embrapa Algodão Núcleo Cerrado – GO, em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG), teve como objetivo avaliar a eficiência e o efeito residual de inseticidas usados no controle bicudo em condições de ausência e presença de chuva no período do tratamento.

Os inseticidas mais utilizados para o controle do inseto-praga foram: Malathion na dose de 1,0 L p.c.ha-1 (1.000 g i.a.ha-1), Fipronil 800 na dose de 100 g p.c.ha-1 (80 g i.a.ha-1), Bifentrina na dose de 500 mL p.c ha-1 (50 g i.a.ha-1), Alfa-cipermetrina na dose de 300 mL p.c.ha-1 (30 g i.a.ha-1), Etofenproxi na dose de 500 mL p.c.ha-1 (150 g i.a.ha-1) e Lambda-cialotrina na dose de 60 mL p.c.ha-1 (15 g i.a.ha-1).

Crédito: Paulo César Melo

Neste trabalho foi observado que dos inseticidas testados, os que apresentaram maior taxa de eficiência no controle de Anthonomus grandis foram Malathion e Fipronil, porém, seu efeito residual se manteve por até 10 dias após aplicação.

Opções

Atualmente, há cerca de 100 produtos comerciais registrados como inseticidas para o controle do bicudo-do-algodoeiro, os quais possuem oito diferentes modos de ação, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e o Comitê de Ação à Resistência a Inseticidas (IRAC-BR).

A determinação do produto se relaciona ao fator econômico e a sua taxa de eficiência, sendo recomendado somente por um engenheiro agrônomo.

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