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Bioativador vegetal: indução de resistência a pragas e doenças

Créditos Shutterstock

Alisson André Vicente Campos
alissonavcampos@yahoo.com.br
Giovani Belutti Voltolini
Engenheiros agrônomos, doutorandos em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA) e pesquisadores – Fronterra
giovanibelutti77@hotmail.com
Caio Eduardo Lazarini Garcia
caiolazarini@fronterra.com.br
Luiz Gustavo Rabelo
luizgustavo@fronterra.com.br
Engenheiros agrônomos e consultores – Fronterra e Educampo

O bioativador vegetal é um produto de origem orgânica, extraído de matéria-prima vegetal rica em ácido fítico, caracterizado por ser uma forma de fósforo orgânico. O fitato ou ácido fítico é uma molécula bastante presente na natureza e que apresenta diversas funções fisiológicas nas plantas, como o armazenamento de fósforo em grãos, nas fabaceaes e sementes oleaginosas.

O ácido fítico também fornece minerais para a formação da parede celular após a germinação das sementes. É obtido de fontes como o farelo de arroz, além de aminoácidos retirados do farelo de soja convencional.

Nas sementes de leguminosas, o ácido fítico contém aproximadamente 70% do conteúdo de fosfato, sendo estruturalmente integrado com proteínas e/ou minerais na forma de complexos. São originários do metabolismo secundário das plantas.

Sua ação antioxidante ajuda na assimilação de nutrientes, combate o envelhecimento da planta, auxilia na germinação, aumenta o volume de raízes e contribui para a manutenção de microrganismos.

Ação no café

O fósforo orgânico representa até 80% do total de P presente nos solos, dos quais 50% estão na forma de fitato. Esta forma de P parece ser usada ligeiramente apenas pelas plantas. A hidrólise do fitato é mediada especificamente pela fitase, enzima cuja contribuição para a nutrição das plantas ainda é pouco explorada.

Combinado com isso, ele pode auxiliar na absorção de nutrientes pelo cafeeiro. Ainda, em função da propriedade antioxidativa, o ácido fítico pode ser usado como conservante natural muito versátil, indicando um potencial uso na manutenção da qualidade sensorial dos frutos de café.

Aplicação

O correto posicionamento dos produtos foliares, no timing exato, é uma condição imprescindível para o sucesso do manejo. As aplicações de bioativadores vegetais para amenizar o efeito de estresses é recomendada de forma preventiva ou sequencial, uma vez que a planta em condições de estresse severo tem o efeito do aminoácido reduzido drasticamente.

A aplicação de bioativadores vegetais após o transplantio das mudas de café auxilia na aclimatação das mudas a pleno sol, amenizando a peroxidação lipídica, reduzindo o número de morte das plantas e aumentando o crescimento radicular.

A aplicação foliar de bioativadores vegetais é uma alternativa para a recuperação de plantas estressadas por ataques de pragas, doenças, toxicidade de defensivos, geadas ou déficit hídrico, estimulando o metabolismo secundário.

A metabolismo secundário ocorre pela atividade de enzimas como a catalase e peroxidase, que tem gasto energético extra para a planta. Os bioativadores vegetais podem ser aplicados com pulverizadores durante o manejo fitossanitário associados a outros produtos para otimizar a operação.

A quantidade de aplicações é variável, sendo indicada para as plantas que estiverem sobre condições estressantes, auxiliando na indução da resistência da planta a patógenos e pragas.

Créditos Shutterstock

Assimilação de nutrientes do café

O ácido fítico tem um alto poder quelatizante a aminoácidos e cátions, em especial aos nutrientes potássio, cálcio, magnésio, zinco, cobre e ferro, facilitando a absorção desses nutrientes em aplicações foliares.

O ácido fítico constitui uma forma de P orgânico no solo que pode ser mineralizado pela ação de fitases. Várias espécies de plantas estressadas em função da deficiência de P tendem a ter maior liberação de fitases na rizosfera dessas plantas.

Porém, as plantas realmente têm capacidade competitiva pelas formas orgânicas de P com os microrganismos da rizosfera. Assim, as fosfatases recuperaram o P perdido na forma orgânica pelas rizodeposições.

Antienvelhecimento

A habilidade do fitato em ligar-se a metais, particularmente ao ferro, pode explicar sua ação antioxidante nas plantas. O fitato é um poderoso inibidor da produção de radical hidroxila (-OH) mediada pelo ferro, devido a sua capacidade de formar quelato com o ferro, tornando-o cataliticamente inativo.

Além disso, o ácido fítico altera o potencial redox do ferro, mantendo-o na forma férrica (Fe3+). Este efeito oferece proteção contra danos oxidativos, visto que o Fe2+ causa produção de oxirradicais e peroxidação de lipídios, enquanto o Fe3+ é relativamente inerte.

Essa característica dos bioativadores vegetais permite, além de maior longevidade das folhas, uma maior retenção foliar em períodos mais críticos nas lavouras de café.

Outras vantagens

O bioativador com base de ácido fítico apresenta uma série de benefícios, como potencializador de crescimento vegetal, quelatizante orgânico, auxilia na assimilação de nutrientes, podendo ser carreado juntamente com as moléculas do ácido fítico.

O P pode afetar diretamente a desintoxicação por Zn nas plantas pelo sequestro do Zn pelo ácido fítico, ou ainda indiretamente, por propiciar energia metabólica (ATP) para a compartimentalização do Zn nos vacúolos.

A glomalina, uma glicoproteína produzida pelos fungos micorrízicos, tem ação quelante sobre metais, diminuindo sua disponibilidade.

Outra maneira pela qual as plantas obtêm nutrientes da região rizosférica é pela produção de enzimas extracelulares. No caso do fósforo, as formas orgânicas no solo estão contidas na biomassa microbiana e como fosfatos de inositol e fitatos.

A baixa concentração de P nas raízes decorrente de sua deficiência induz a síntese de fosfatases ácidas intra e extracelulares, seguido por aumento da liberação de fosfatases extracelulares nos exsudatos radiculares.

A importância da atividade dessas enzimas está na disponibilidade de P às plantas, em que plantas de tremoço sob deficiência de P exsudaram cerca de 20 vezes mais fosfatase ácida de suas raízes em comparação com plantas cultivadas em níveis adequados de P.

Um importante benefício do ácido fítico foi observado em trabalho de Zambiasi et al. 2022 com soja no Mato Grosso, indicando que o uso do ácido orgânico em três aplicações, com doses de 0,4 L ha-1 promoveu a redução de ovos de nematoides do solo, além de incrementos de 4,85 sacas ha-1 na produtividade.

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