Daniele Maria do Nascimento
daniele.nascimento@unesp.br
Marcos Roberto Ribeiro Junior
marcos.ribeiro@unesp.br
Engenheiros agrônomos e doutores em Agronomia/Proteção de Plantas – UNESP
Adriana Zanin Kronka
Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia/Fitopatologia e professora – UNESP
adriana.kronka@unesp.br
A chegada de um novo biofungicida ao mercado brasileiro promete revolucionar o controle de duas das mais devastadoras doenças que afetam as lavouras de batata, tomate e outras culturas: a requeima e o míldio.
A requeima, causada pelo patógeno Phytophthora infestans, é conhecida por sua agressividade e capacidade de levar à perda total da produção em pouco tempo. O míldio, causado por fungos do gênero Peronospora, também representa um desafio significativo para os produtores.
Em resposta a essas ameaças, um biofungicida inovador, formulado a partir de uma cepa exclusiva de Bacillus subtilis, foi recentemente lançado no Brasil, oferecendo uma alternativa eficaz e segura aos fungicidas químicos tradicionais.
Vantagens do uso de Bacillus subtilis
O uso de B. subtilis como biofungicida apresenta diversas vantagens em comparação aos fungicidas químicos tradicionais. Primeiramente, por ser um produto biológico, ele não apresenta os mesmos riscos de toxicidade para o meio ambiente, para os aplicadores ou para os consumidores dos alimentos tratados.
Fungicidas químicos podem deixar resíduos prejudiciais no solo e nos produtos agrícolas, além de promover o desenvolvimento de resistência nos patógenos. Em contraste, o B. subtilis atua de maneira natural, colonizando a superfície das folhas e criando uma barreira protetora contra os patógenos, sem promover resistência.
Outra vantagem significativa é que B. subtilis contribui para a promoção da saúde do solo. Diferentemente dos fungicidas químicos que podem impactar negativamente a microbiota do solo, o uso do biofungicida ajuda a manter o equilíbrio microbiano, favorecendo uma maior diversidade de organismos benéficos.
Além disso, como não possui período de carência, o biofungicida pode ser utilizado em qualquer fase do desenvolvimento das culturas, permitindo maior flexibilidade no manejo fitossanitário.
Mecanismo de ação e eficácia do biofungicida
O biofungicida atua de forma preventiva, inibindo o desenvolvimento dos patógenos responsáveis pela requeima e pelo míldio. B. subtilis se estabelece na superfície das plantas, competindo por espaço e nutrientes com os fungos patogênicos e produzindo compostos antimicrobianos que impedem o crescimento dos mesmos.
Em testes de campo, o biofungicida mostrou-se altamente eficaz, apresentando resultados comparáveis aos dos fungicidas químicos convencionais, mas com a vantagem de ser mais seguro para o ambiente e para a saúde humana.
Culturas recomendadas e cuidados na aplicação
Além das batatas e tomates, o novo biofungicida é recomendado para o controle da requeima e do míldio em outras culturas suscetíveis, como berinjela, pimentão, morango e algumas cucurbitáceas.
Cada cultura pode exigir cuidados específicos na aplicação do produto. Por exemplo, em culturas com folhagem densa, como a batata, é importante garantir uma cobertura completa e uniforme do produto para maximizar sua eficácia.
Em sistemas de cultivo protegido, como estufas, a umidade relativa deve ser controlada para evitar condições excessivamente favoráveis ao desenvolvimento de patógenos.
Transição para produtos biológicos
A transição do uso de fungicidas químicos para produtos biológicos representa um desafio significativo para muitos agricultores. A mudança de paradigma requer não apenas uma adaptação técnica, mas também uma mudança de mentalidade.
É comum que produtores se sintam inseguros sobre a eficácia dos produtos biológicos em comparação aos métodos tradicionais. Para superar esses desafios, é fundamental investir em treinamento e capacitação técnica, demonstrando, através de experimentos de campo e troca de experiências, a eficácia dos biofungicidas.
Além disso, políticas de incentivo e apoio técnico por parte de órgãos governamentais e associações de produtores podem facilitar essa transição.
Impacto na sustentabilidade e saúde do solo
O uso do biofungicida à base de B. subtilis tem um impacto positivo na sustentabilidade da produção agrícola, especialmente em sistemas de cultivo intensivo. Ao reduzir a dependência de produtos químicos, o biofungicida contribui para a preservação da biodiversidade do solo, essencial para a manutenção da fertilidade a longo prazo.
Além disso, a adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis promove a saúde do solo, aumentando a resiliência das plantas a doenças e estresses ambientais, o que pode resultar em uma redução geral na necessidade de insumos externos.