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Brasil cresce como fornecedor de pimenta

Pimenta – Créditos: shurtterstock

O Boletim da ANBA sobre a produção e a exportação brasileira de pimenta.

O País é o segundo maior fornecedor internacional de pimenta-do-reino, atrás apenas do Vietnã, e vem crescendo nos embarques do produto ao mercado árabe. O consumo de pimenta do Brasil na região está aumentando acima da média dos demais importadores.

A recuperação econômica ganha força nos Emirados Árabes Unidos impulsionada por medidas rápidas adotadas pelo governo local nas áreas econômicas e da saúde para conter os efeitos da pandemia de covid-19. 

O Brasil tem se tornado cada vez mais conhecido no mundo por suas pimentas e vem ganhando espaço como fornecedor do mercado árabe. Graças à diversificação de solos, o País desenvolve, de Norte a Sul, diferentes tipos do produto. As pimentas do gênero Piper e Capsicum são as principais produzidas, mas a pimenta-do-reino (Piper Nigrum) é a campeã nas vendas internacionais. No ano passado, ela foi responsável por 98% da exportação brasileira de pimenta, segundo o sistema de dados de comércio exterior do governo brasileiro, o Comex Stat.

Pimenta-do-reino é campeã de exportações

As exportações das pimentas brasileiras para os países da Liga Árabe têm crescido acima da média. De 2017 a 2021, as vendas da pimenta-do-reino aumentaram expressivamente para esse mercado, tanto em toneladas, média de 47,5% ao ano, quanto em valor exportado, 41,7% ao ano. O avanço das vendas para outros importadores do mundo foi bem menor. O crescimento anual médio exportado foi de 11,6% em toneladas e de 2,8% em valor.

Para o gerente de Inteligência de Mercado da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Igor Celeste, o crescimento acentuado das exportações para os países árabes está relacionado com uma maior divulgação do produto brasileiro no mercado oriental, além da consolidação de novas relações comerciais entre as empresas nacionais e os compradores da região.

“Entre os fatores que ajudam a compreender o forte crescimento das vendas de pimenta-do-reino para países árabes, pode ser destacado o choque de oferta provocado pela pandemia, que afetou mais fortemente outros produtores, e a participação de empresas brasileiras em grandes eventos internacionais do setor de alimentos”, disse Celeste.

O segundo maior

Em 2020, o Brasil conquistou a segunda colocação entre os maiores exportadores de pimenta-do-reino do mundo, representando 15% do total das vendas do produto. O país só ficou atrás do Vietnã, responsável por mais 41,5% da comercialização global.

Brasil pode ganhar espaço como exportador

Para o presidente da Associação Capixaba dos Exportadores de Pimentas e Especiarias (Acepe), Rolando Martin, o mercado brasileiro de pimenta-do-reino pode crescer ainda mais. “Estamos vendo o mercado do Vietnã, maior produtor do gênero de pimentas Piper, diminuir a quantidade de produção e esse vácuo poderá ser preenchido pelo Brasil, o segundo maior produtor. Estamos prevendo um incremento (nas vendas) não só dos países árabes, mas para o mundo inteiro da pimenta brasileira em 2022 e 2023”, disse.

Chegar a um bom lugar no ranking mundial só foi possível porque o País tem mantido um crescimento exponencial na produção e no valor exportado. De 2012 para 2021, o número das exportações de pimenta-do-reino saltou de US$ 191 milhões para US$ 306 milhões.

Para atender a demanda, em um ano a produção aumentou em 31 toneladas. Em 2021, o cultivo de pimenta-do-reino atingiu a marca de 145 mil toneladas e exportação de quase 92 mil toneladas. Alemanha, Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos e Egito estão entre os países que dividem as principais posições entre os importadores do produto brasileiro. O mercado árabe, com Emirados e Egito à frente, foi responsável pela importação de 26,5 mil toneladas de pimenta-do-reino no ano passado.

“De 2012 a 2021, as vendas para os Emirados Árabes cresceram 57% e no mesmo período, a comercialização com o Egito aumentou 21%”, afirmou Celeste.  Outros países árabes, como o Marrocos, também têm apresentado demanda maior nos últimos anos. “Em 2012, o Brasil exportava US$ 663 mil para os países árabes, já em 2021 o valor já aumentou para US$ 39 milhões”, disse o gerente de Inteligência de Mercado da ApexBrasil.

Espírito Santo

O Espírito Santo é o estado que mais se destaca como exportador de pimenta-do-reino no Brasil, em razão das terras e clima serem próprios para o plantio desse tipo de cultura. De acordo com Rolando Martin, o estado foi responsável por quase 55% do total de exportações feitas do produto em 2021.

“No Espírito Santo a produção é predominante de agricultura familiar. Segundo o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), existem 11,5 mil produtores de pimenta-do-reino no estado. Os produtores desenvolvem o plantio com propriedades entre cinco a 15 hectares”, falou Martin.

O Pará e Bahia vêm na sequência dos maiores estados exportadores de pimenta-do-reino do Brasil com, respectivamente 34% e cerca de 8,8% de participação.

 Pimentas Capsicum

Apesar de serem a minoria na exportação, apenas 1,9 mil toneladas vendidas em 2021, a produção das Capsicum se concentra em importantes regiões produtoras do Brasil, como Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Sergipe. “O cultivo delas é feito por pequenos e médios produtores, com grande envolvimento de mão de obra familiar”, contou a pesquisadora de melhoramento genético de pimentas Capsicum da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Hortaliças, Cláudia Silva da Costa Ribeiro.

Segundo a pesquisadora, este tipo de pimenta se desenvolve bem no País pois é originária do continente americano. “Antes do descobrimento das Américas, os povos indígenas já usavam a pimenta Capsicum para realçar o sabor dos alimentos e preservá-los, uma vez que ainda não conheciam o sal. A partir das primeiras variedades de pimentas introduzidas na Europa, novos tipos de Capsicum, inclusive doces, foram selecionados, por exemplo, o próprio pimentão e a pimenta doce ou pimentão para páprica, produtos que hoje são exportados pelo Brasil.”

Além disso, as pimentas se desenvolvem o ano todo no Brasil e as produções estão espalhadas por todas as regiões, segundo Cláudia. Na região Norte, entre as preferidas estão as pimentas de cheiro murupi, cumari-do-Pará, peixe-boi, olho-de-ganso. Na região do Nordeste, a malagueta impera. No Sudeste, as mais comuns são pimentas dedo-de-moça, cambuci (chapéu-de-frade) e cumari verdadeira, também conhecida como pimenta-de-passarinho, pimenta americana (doce) e pimenta jalapeño (mexicana). No Centro-Oeste destacam-se as pimentas-de-cheiro com baixa picância: bode vermelha e amarela, cumari-do-Pará e fidalga. O Sul, por ser uma região mais fria, produz menos Capsicum. Entre os principais tipos estão pimenta dedo-de-moça, chifre-de-veado e pimenta jalapeño.

*Reportagem de Rebecca Vettore, especial para a ANBA

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