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Broca-da-cana exige novas medidas de controle

Luiz Carlos de Almeida

Engenheiro agrônomo da Entomol Consultoria, especialista em Tecnologia Agroindustrial

 

Crédito José Antônio Júnior
Crédito José Antônio Júnior

No Brasil, a cana-de-açúcar ocupa cerca de nove milhões de hectares, sendo a terceira cultura em área cultivada. Na safra 2016/17, estima-se que serão moídas 691 milhões de toneladas de cana, com produção de 30,3 bilhões de litros de álcool e 37,5 milhões de toneladas de açúcar. O setor sucroalcooleiro ocupa posição de destaque no cenário socioeconômico brasileiro, dada sua importância na geração de renda, empregos e divisas para o País.

Mas poderíamos estar produzindo muito mais, e sem aumento da área cultivada.  Dentre as diversas pragas que ocorrem nas diferentes regiões produtoras de cana-de-açúcar, e que em conjunto causam perdas econômicas bilionárias ao setor, destaca-se como principal a broca-da-cana Diatraeasaccharalis (Lepidoptera: Crambidae).

Esta ocorre em todo o território nacional e em diversos países da América do Sul, Central e do Norte. Outras espécies pertencentes ao mesmo gênero são citadas e ocorrem esporadicamente em algumas regiões do País.

Danos

A broca-da-cana causa danos à cana-planta a partir do terceiro mês após o plantio, quando ocorre a formação dos primeiros internódios basais. Inicialmente os danos são observados em brotos ou perfilhos novos que têm sua região de crescimento afetada pelas larvas da praga, resultando na morte da gema apical, secamento das folhas mais novas e morte do broto ou perfilho atacado.

Este sintoma é conhecido como “coração morto“ e permite visualizar a condição inicial de infestação de um canavial. A morte da gema apical também pode ocorrer em colmos em desenvolvimento, causando o secamento das folhas e induzindo a brotação das gemas laterais e o enraizamento aéreo, fatos que comprometem negativamente a produção e a qualidade da matéria-prima.

Outro tipo de dano é causado pela praga no interior do colmo, escavando galerias e alimentando-se dos tecidos. As galerias longitudinais nos colmos provocam a perda em açúcar, porém, as galerias circulares escavadas nos colmos causam a quebra das canas, o que interfere, de maneira mais significativa, na produção de cana e no teor de açúcar.

Através dos orifícios abertos pelas larvas ocorre a penetração de fungos dos gêneros Fusarium e Colletotrichum, que causam a podridão vermelha e provocam a inversão da sacarose, com a consequente redução nos teores de açúcar.

Sintomas da broca na cana - Crédito José Francisco Garcia
Sintomas da broca na cana – Crédito José Francisco Garcia

Controle

Para controlar uma praga nativa como a broca-da-cana, deve-se lembrar que ela já existe no local há dezenas de milhões de anos, e seu monitoramento é o primeiro passo para que a unidade produtora possa acertar na decisão do controle e garantir a sustentabilidade da cultura.

Um dos componentes do monitoramento da broca é o levantamento da Intensidade de Infestação (I.I.) da praga. Os levantamentos são realizados por ocasião da colheita, analisando-se ao acaso 20 canas por hectare. Em seguida é feita a contagem dos entrenós totais, e rachando-se longitudinalmente os colmos efetua-se a contagem daqueles danificados pela broca, calculando-se então a Intensidade de Infestação percentual (I.I.%), que é a porcentagem dos entrenós brocados em relação ao total examinado.

Atualmente, as ferramentas de controle de broca-da-cana são os inseticidas químicos e o controle biológico, sendo que este último é a principal tática do manejo integrado de pragas por apresentar características fortemente ecológicas para manter e aumentar os inimigos naturais no agroecossistema, e é comparável aos melhores sistemas biológicos implantados no mundo.

No entanto, estas ferramentas estão sendo suficientes para se minimizar as perdas econômicas na cultura?  E, afinal, como quantificar estas perdas?

Sintomas da broca na cana - Crédito José Francisco Garcia
Sintomas da broca na cana – Crédito José Francisco Garcia

Faça as contas

Os primeiros parâmetros de perdas agrícola e industrial por I.I.% de broca foram obtidos na década de 90 em testes de resistência de clones e variedades conduzidos em condições de telado, em função da impossibilidade de se obterem parcelas em condições de campo com infestações nulas ou próximas de 1,0% de entrenós brocados, que seriam a base de comparação com as parcelas de maior I.I.%.

Estes testes em telados foram bem sucedidos neste aspecto, porém, verificou-se que as canas apresentavam perfilhos e que o sombreamento provocado pela tela provocava o estiolamento das plantas, impedindo que as canas atingissem o ponto de maturação.

Mesmo assim, os experimentos conduzidos em telado e campo possibilitaram determinar, ainda que com parcial precisão, que para cada 1% de intensidade de infestação da cana pela broca ocorreriam perdas de 0,77% na produção de colmos, acrescidas de 0,25% na produção de açúcar ou 0,20% na produção de etanol.

 As ferramentas de controle de broca-da-cana são os inseticidas químicos e o controle biológico - Crédito Shutterstock
As ferramentas de controle de broca-da-cana são os inseticidas químicos e o controle biológico – Crédito Shutterstock

Em função disso, visando uma melhoria na obtenção dos índices de perdas por broca, foram esquematizados estudos com delineamentos experimentais estatísticos em condições de campo, com quatro níveis de infestação de larvas da broca e seis repetições nos anos 2000, 2002, 2004, 2005, 2007, 2009 e 2011, para três clones, 15 variedades SP e 25 variedades CTC (CTC1 a CTC24 e CTC9004), no total de 1.152 parcelas analisadas em cana-planta e soca, e assim puderam ser estabelecidos novos índices de perdas mais ajustados ao manejo da cultura a campo.

Essa matéria completa você encontra na edição de fevereiro 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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