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Café: colheita poderá ser antecipada???

Shutterstock

Williams Ferreira

Pesquisador da Embrapa Café/EPAMIG Sudeste na área de Agrometeorologia e Climatologia, atua principalmente em pesquisas voltadas para o tema Mudanças Climáticas Globais e cafeicultura. – williams.ferreira@embrapa.br .

Marcelo Ribeiro

Pesquisador da EPAMIG na área de Fitotecnia, atua em pesquisas com a cultura do café. mribeiro@epamig.br.

Nos últimos 30 dias o acumulado de chuva superou os 200 mm nos estados do Amazonas, Roraima, Pará, Maranhão, Amapá, Tocantins e Mato Grosso. Em Minas Gerais, o acumulado variou desde 25 mm, no extremo Norte do Estado, até valores superiores a 150 mm na região da Zona da Mata Mineira. O calor, típico da estação, esteve presente mesmo nos dias de chuva.

O fenômeno ENOS

Considerando-se que os ventos alísios mantiveram-se acima do normal em fevereiro e as atividades convectivas abaixo do normal na região equatorial do Pacífico, próximo a 180º (linha de data), e que em março as anomalias negativas do calor (entre 0 e 300 metros de profundidade – Figura 1), persistem a Oeste entre 110 º e 170º, as condições de La Niña devem continuar até o final do outono com possibilidade de uma condição ENOS-neutro no inverno.

agua
Figura 1. Variação,
longitudinal e temporal,
das anomalias (em
relação as temperaturas
médias calculadas no
período de 1991 a 2020)
que ocorrem nas
temperaturas dos
primeiros 300 metros de
profundidade dos oceanos
ao longo do equador.
Realizada em 09 de
março de 2022.
Fonte: Centro de Previsão
Climática do NOAA.
https://www.cpc.ncep.noa

O equinócio de outono

O outono teve início às 12h33m do dia  20 de março e terá duração de 92 dias, 17 horas, 40 minutos. Nesta data do equinócio de outono o dia e a noite têm, aproximadamente, 12 horas de duração. Apesar de que, na maior parte da Terra, no equinócio, a duração da luz solar é um pouco maior que 12 horas. De fato, a data em que o dia e a noite têm a mesma duração em número de horas ocorre um pouco depois do equinócio de outono e um pouco antes do equinócio de primavera, é o chamado Equilux. Nesta data tem início a “queda astronômica”, ou seja, a redução das horas de luz solar ao longo do dia, passando os dias a serem mais curtos do que a noite durante essa estação. 

O clima de outono

A estação de transição entre o verão e o inverno que ocorre nos meses de abril, maio e junho, tem como característica, principalmente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, a chegada de frentes frias que passam a derrubar a temperatura do ar causando a redução gradual da temperatura e das chuvas e, consequentemente, da umidade relativa ao longo da estação. Nessa estação os nevoeiros passam a ser mais presentes, principalmente em regiões montanhosas.

As chuvas nos próximos meses

Em abril, há a probabilidade de que as chuvas ocorram acima da média na área verde do mapa (Figura 2) a partir das mesorregiões do Sul da Bahia, Vale do Jequitinhonha e Norte de Minas, Leste Goiano, Nordeste e Norte Mato-grossense. Chuvas abaixo da média são esperadas no Marajó e no Nordeste Paraense, bem como em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, especialmente nas mesorregiões Sudeste e Sudoeste desse estado.

Abril
Figura 2. Resumo da
categoria mais provável
da chuva para o mês de
abril. Criada a partir dos
dados de previsão
sazonal do Centro
Europeu para Previsões
Meteorológicas de Médio
Prazo.
Fonte:
https://www.ecmwf.int/
Verde: Acima da média
Marrom: Abaixo da média
Branco: Dentro da média

Em maio, a probabilidade de chuvas acima da média abrange a área verde (Figura 3) demarcada por uma faixa envolvendo as mesorregiões desde o Nordeste Baiano, passando pelo Sul Cearense, Centro Norte Piauiense, Centro Maranhense, Sudoeste Paraense e a porção oriental do Sul Amazonense até o Norte do Amazonas. Já chuvas abaixo da média, demarcada pela área em marrom, devem ocorrer em quase todo o estado de São Paulo e todo o Sul do Brasil, com exceção da mesorregião Sudeste Rio-grandense.

Maio
Figura 3. Resumo da
categoria mais provável
da chuva para o mês de
maio. Criada a partir dos
dados de previsão
sazonal do Centro
Europeu para Previsões
Meteorológicas de Médio
Prazo.
Fonte:
https://www.ecmwf.int/
Verde: Acima da média
Marrom: Abaixo da média
Branco: Dentro da média

Em junho somente nas áreas em verde (Figura 4) que abrangem a mesorregião do Marajó e do Nordeste Paraense, uma parte do Amazonas e Baixo Amazonas bem como em uma faixa mais litorânea do Nordeste do Brasil são esperadas chuvas acima da média. Nas demais regiões brasileiras é esperado que as chuvas ocorram dentro da média do mês.

Junho

Figura 4. Resumo da
categoria mais provável
da chuva para o mês de
junho. Criada a partir dos
dados de previsão
sazonal do Centro
Europeu para Previsões
Meteorológicas de Médio
Prazo.
Fonte:
https://www.ecmwf.int/
Verde: Acima da média
Branco: Dentro da média

Umidade no solo em Minas Gerais

As microrregiões com maior disponibilidade de água no solo acima de 90%, são: Uberlândia, Patrocínio, Patos de Minas, Araxá e Manhuaçu; entre 80 e 90% estão as mesorregiões do Campo das Vertentes e das Matas de Minas, com exceção nessa última da microrregião de Cataguases, e as microrregiões de Pirapora, Paracatu e Unaí. As demais regiões do Estado variam com solo com umidade desde 30 a 60%, sendo que os municípios mais secos são: Três Pontas, Carmo da Cachoeira e Varginha, na microrregião de Varginha, e Senhora do Porto, na microrregião de Guanhães. 

As temperaturas no próximo trimestre

Temperaturas mais amenas (pouco abaixo da média) no trimestre abril a junho são esperadas na área destacada em azul nas mesorregiões do Vale São-Franciscano da Bahia, São Francisco e Sertão Pernambucano, Sul Cearense, Sertão Paraibano, Central Mineira, Oeste de Minas, Metropolitana de Belo Horizonte, Campo das Vertentes, Zona da Mata e Sul/Sudoeste de Minas. E temperaturas pouco acima da média são esperadas nas mesorregiões do Pantanal Sul e Centro Sul Mato-grossense. 

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