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Como controlar doenças do girassol

Conhecer e controlar as doenças do girassol é fundamental para garantir uma safra saudável e produtiva.

Mariana Thereza Rodrigues Viana
Engenheira agrônoma e doutora em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
marianatrv@gmail.com

Harianna Paula Alves de Azevedo
Doutora em Fitotecnia – UFLA e professora Adjunta – Faculdade de Ciências e Tecnologias de Campos Gerais (Facica)
harianna_tp@hotmail.com

O girassol é uma cultura que apresenta ampla capacidade de adaptação às diversas condições de latitude, longitude e fotoperíodo. Nos últimos anos, tem se apresentado como excelente opção de rotação e sucessão de culturas nas regiões produtoras de grãos.

Seu sistema radicular é profundo, explorando grande volume de solo e, consequentemente, absorvendo maior quantidade de água e nutrientes. Dessa forma, apresenta importantes características que o tornam mais tolerante à seca, se tornando uma alternativa economicamente viável nos sistemas de produção.

Entretanto, o cultivo de girassol deve, preferencialmente, ser destinado às áreas que adotem práticas de manejo melhoradoras das características físicas do solo, pois o girassol é fisicamente sensível à compactação de solo e quimicamente à acidez.

As medidas de manejo mais eficientes são os controles preventivos
Crédito: Caio Coutinho

Demanda

A produção de girassol é destinada a atender a indústria de óleo comestível ou agroindústria, mercado de pássaros e alimentação animal, como silagem e produção de biodiesel.

Apresenta ciclo curto, podendo ser uma explorado em grandes e pequenas propriedades. O girassol pode ser cultivado antecipando-se à cultura principal em algumas condições e, em outras, pode ser semeado na safrinha, substituindo, parcialmente, o milho ou o sorgo.

Devido à maior tolerância ao estresse hídrico, o girassol apresenta-se como opção de safrinha para o Centro-Oeste brasileiro, abrindo nova perspectiva de cultivo e renda ao agricultor.

Atualmente, ele é cultivado comercialmente principalmente nos Estados de Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Paraná, Bahia e Ceará, principalmente na safrinha, em semeadura direta, especialmente após a cultura da soja.

Doenças

Várias doenças são relatadas na cultura do girassol no Brasil, como: mosaico, mancha e crestamento bacterianos, podridão da medula da haste, mancha de alternária, podridão branca, míldio, ferrugem, oídio, mancha cinzenta da haste, mancha preta da haste, tombamento, podridões radiculares e podridões de capítulo.

Algumas têm importância significativa, sendo a mancha de alternária, a podridão branca e a podridão do capítulo as mais severas.

A mancha de alternária, causada por Alternaria helianthi, tem sido a principal doença na cultura do girassol no Brasil, ocorrendo em praticamente todas as regiões e em todas as épocas de semeadura.

Danos

Os danos causados por ela podem ser atribuídos à diminuição da área fotossintética da planta. Os sintomas iniciais típicos nas folhas são pequenas pontuações necróticas, de coloração variável de castanho a negro, de formato arredondado a angular, com halo clorótico.

Essas lesões podem coalescer, formando áreas extensas de tecido necrosado, provocando a desfolha precoce das plantas. O fungo também coloniza a haste, as brácteas e o receptáculo floral.

A principal fonte de inóculo primário é constituída por restos de cultura infectados pelo fungo. As condições ótimas para a infecção de A. helianthi são duração do período de molhamento foliar de 24 h e temperatura de 25°C.

Em condições favoráveis, a doença avança rapidamente das folhas mais baixas para as do ponteiro. As infecções mais severas ocorrem em estádios mais adiantados de desenvolvimento, após o florescimento.

Podridão branca

A podridão branca pode causar a queda de aquênios ou do capítulo, resultando em perda total da produção. Além de causar esses prejuízos, o fungo persiste durante muitos anos no solo, na forma de estruturas de resistência denominadas escleródios, tornando-se um problema permanente para o girassol e para outras espécies suscetíveis cultivadas na mesma área.

Sclerotinia sclerotiorum é o nome do fungo causador da podridão branca, podendo causar sintomas nos diferentes órgãos da planta de girassol.

A podridão de capítulo é causada por Botrytis cinerea, que se manifesta como uma lesão marrom, no verso, no centro e nas bordas do capítulo, bem como nas brácteas. Umidade elevada, especialmente próximo à colheita, faz com que o fungo se dissemine pela lavoura de girassol, com multiplicação das suas estruturas, atacando o verso do capítulo.

Sendo assim, capítulos com verso muito côncavo, que retêm facilmente a água de chuva, favorecem o desenvolvimento do fungo. Por esse motivo, os produtores devem evitar o plantio de cultivares de girassol com essa característica específica.

Manejo eficiente

O método mais eficiente de controle das doenças do girassol é não permitir que elas se instalem na cultura, pois, uma vez presentes no girassol, são de difícil controle. Os poucos produtos registrados para a cultura no País, bem como a dinâmica de crescimento das plantas, obstruindo a entrada de máquinas na área, faz com que o controle químico das doenças seja difícil.

Crédito: Cecília Czepak

Dessa forma, as medidas de manejo mais eficientes são os controles preventivos, que não devem ser utilizados de forma isolada. Assim, o controle efetivo baseia-se num programa integrado de medidas que incluem diversas práticas culturais.

O uso de cultivares resistentes é um dos métodos mais seguros e desejáveis na prevenção de doenças na cultura do girassol. Estudos sobre o comportamento de genótipos e trabalhos de melhoramento, visando à resistência, têm sido realizados para diferentes doenças e devem ser feitos de forma contínua.

Além disso, o produtor deve se atentar à correta escolha da área para a semeadura, optar por solos sem problemas de drenagem, profundos e com pH adequado. A correção do solo e as adubações devem ser sempre feitas com base em análises de solo e em critérios técnicos agronômicos.

Evitar adubações excessivas, principalmente de nitrogênio, que, além de aumentar os custos de produção, podem tornar os tecidos mais suscetíveis às doenças.

Alerta!

Uma medida fundamental para minimizar a ocorrência e a severidade de doenças é a escolha da época de semeadura. Considerando as diferentes doenças e as exigências da planta, a época indicada para a semeadura do girassol varia de acordo com as diferentes regiões edafoclimáticas.

O controle da água de irrigação também se faz necessário para minimizar os danos causados por doenças de parte aérea ou de raiz, em áreas irrigadas. Outro aspecto importante é a utilização de densidade de semeadura, considerando um estande de plantas de 40 mil a 45 mil plantas por hectare.

Como vários patógenos do girassol são transmitidos por sementes, é imprescindível a utilização de sementes sadias. Além dessas medidas, salienta-se que o girassol deve ser incluído dentro de um sistema de rotação de culturas.

A favor do produtor

As pragas observadas na cultura do girassol já são conhecidas em outras culturas, fazendo com que o manejo e o controle se tornem mais fáceis. As espécies de pragas mais importantes do girassol variam de acordo com a fase de desenvolvimento da cultura.

O controle é mais problemático durante a floração, pois, além da dificuldade para a entrada de máquinas devido ao porte alto das plantas, deve-se evitar o uso de inseticidas prejudiciais aos polinizadores, especialmente as abelhas e os inimigos naturais.

Na fase inicial da cultura, as pragas mais importantes são o percevejo castanho, a lagarta-rosca e alguns besouros, como a vaquinha e o besouro do capítulo. Depois de estabelecida a cultura, até a floração, os maiores danos são causados por lagartas desfolhadoras, como a lagarta do girassol, a falsa-medideira, lagarta da soja e lagarta do algodão, além de besouros.

Na fase de frutificação, os percevejos e o besouro do capítulo são as pragas mais importantes.

Destaque para a lagarta do girassol, que ataca folhas e caule e pode causar a destruição da lavoura. O controle pode ser feito com inseticidas biológicos e pulverizações com inseticidas à base de piretroides.

A vaquinha é uma das várias espécies de pequenos besouros pertencentes à família Chrysomelidae, que são pragas importantes, tanto nas fases de larva como adulta. Para o girassol, os adultos são os mais importantes. Eles atacam folhas, caule e capítulos.

O método de controle mais usado no Brasil é o emprego de inseticidas químicos do grupo dos organofosforados, aplicados via tratamento de sementes, granulados, e pulverização no sulco de plantio.

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