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Como cultivar pitaia

Leila Aparecida Salles Pio Engenheira agrônoma, mestra e doutora em Fitotecnia, professora de Fruticultura Tropical – UFLA e sócia colaboradora da Agroaki leila.pio@ufla.br

Mudas de pitaia – Crédito: Ellison Oliveira

Os métodos de propagação de plantas garantem sua multiplicação e perpetuação. A propagação é dividida em duas classes: propagação sexuada (sementes) e assexuada (vegetativa). É importante ressaltar que um bom método de propagação deve ser de baixo custo e fácil execução, além de proporcionar um elevado percentual de mudas.

A propagação sexuada é aquela em que as sementes são utilizadas para conceber novos indivíduos. Quando se utiliza sementes no plantio de pitaia, as plantas têm crescimento inicial lento, com um maior tempo entre o plantio e a frutificação e apresentam desuniformidade de produção, assim esses fatores tornam as sementes uma forma economicamente inviável de propagação.

Do ponto de vista agronômico, visando à multiplicação comercial de espécies frutíferas, ressalta-se a importância da propagação assexuada, por proporcionar precocidade e uniformidade fenotípica dos pomares e ainda manutenção das características genéticas desejáveis da planta matriz.

Meios de propagação

A maioria das mudas de pitaia hoje utilizadas são produzidas por meio de propagação vegetativa e obtidas pela técnica de estaquia, que é um método de propagação em que segmentos removidos de uma planta (denominados cladódios) sob condições adequadas emitem raízes, gerando uma nova planta com características idênticas àquela que lhe originou.

O uso de estacas é o método mais barato e fácil de propagação vegetativa para a cultura, pois apresenta elevado percentual de estacas enraizadas e de sobrevivência, precocidade de produção e garante características desejáveis.

As plantas oriundas de estacas possuem precocidade na produção, iniciando o florescimento após um ou dois anos do transplantio. Além disso, a propagação por estaquia é a forma mais prática para se obter um pitaial uniforme, com frutos de qualidade e características fenológicas padronizadas para o mercado que tem sido exigente nesse aspecto.

Exigências do cultivo

Certas condições como a época de coleta de estacas, condições climáticas, temperatura e disponibilidade de água estão relacionadas à capacidade de enraizamento. Estacas coletadas nos meses de julho a setembro desenvolvem melhor na região de Lavras.

Plantas que estão em processo de florescimento no verão têm baixo potencial de enraizamento, assim um bom período para se obter as estacas é após a frutificação e antes do novo florescimento em meses de crescimento vegetativo intenso.

As estacas são confeccionadas a partir dos cladódios (ramos) e têm cerca de 25 a 50 cm e as raízes geradas nessas estacas são denominadas adventícias, ou seja, são raízes que se originam na parte aérea.

O processo de enraizamento de pitaia é bastante simples. Quando a muda possui um nó na base, essa estaca pode ser plantada sem nenhuma preparação. No entanto, quando não tiver o nó é importante fazer um corte na base de forma que se exponha o lenho que fica no centro do cladódio em cerca de 3,0 a 5,0 cm. 

Recomenda-se aguardar cerca de cinco dias para a cicatrização das mudas. Esse processo de cicatrização é importante para que a ferida aberta não sirva como porta de entrada para fungos e bactérias.

Enxertia

Além da propagação por estacas, há a propagação por enxertia, que consiste na união de características favoráveis por meio da junção de duas plantas de variedades diferentes. Assim, a nova planta enxertada será formada pelo enxerto que irá crescer e produzir, sendo responsável pela parte aérea e também pelo porta-enxerto, encarregado por produzir um sistema radicular vigoroso, controlar o crescimento vegetativo, além de incrementar a produtividade nas plantas enxertadas e preservar ou aperfeiçoar os atributos de qualidade dos frutos produzidos.

Portanto, por meio desse método de propagação assexuada pode existir a transferência de características favoráveis, como a tolerância aos fatores bióticos e abióticos, aumento de vigor e produtividade.

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Qual escolher?

Os principais tipos de enxertia são borbulhia, encostia, garfagem em fenda cheia, garfagem inglesa simples e substituição de brotos. Em todos os tipos de enxerto é interessante fixar o enxerto no porta-enxerto com fita adesiva até o pegamento, para melhor fixação.

Além disso, após o pegamento dos enxertos (aproximadamente duas semanas), recomenda-se a retirada de todas as gemas do porta-enxerto, para ter certeza que somente as gemas do porta-enxerto brotarão.

A estrutura para a produção de mudas é muito simples, podendo ser coberta por sombrites, sendo que as mudas podem ser colocadas em saquinhos ou leito de areia, para que cheguem ao campo enraizadas e brotadas, acelerando assim sua adaptação e desenvolvimento.

Há produtores que cicatrizam suas mudas e já as colocam direto no campo para avançar uma etapa. Essa operação tem prós e contras – a vantagem é não ter que investir em um telado e a mão de obra é menor, porém, essa operação é de risco, pois pode ser que essas mudas tenham um atraso no seu desenvolvimento em razão das condições adversas encontradas no campo.

Substratos

Estacas de pitaia são responsivas a diversos tipos de substratos, no entanto, é preciso analisar qual o ideal, de acordo com as condições e objetivos do produtor. Embora a areia possua baixa retenção de água, esse tipo de substrato proporciona grande quantidade de raízes, dada sua excelente porosidade, que promove alta concentração de oxigênio para o sistema radicular. 

A mistura de areia e matéria orgânica (esterco bovino curtido) gera mudas vigorosas e de boa qualidade. Esse substrato é fundamental no enraizamento de estacas e cada espécie tem suas necessidades, porém, deve sempre se considerar a disponibilidade hídrica e aeração. 

Por outro lado, não se recomenda a utilização de solos muito argilosos, pois, em épocas mais chuvosas, pode-se ocorrer excesso de umidade do substrato favorecendo o desenvolvimento de patógenos. Dessa forma, é importante se atentar ao teor de umidade do substrato e à profundidade de plantio das estacas. O excesso de água causa apodrecimento na base dos cladódios, assim sendo, plantios profundos não são recomendados, pois retardam a formação da muda devido a um menor desenvolvimento do sistema radicular e pequeno número de brotações emitidas.

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