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sexta-feira, maio 17, 2024
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Como melhorar a manutenção de máquinas agrícolas

Maximizando a eficiência agrícola através da otimização da manutenção de máquinas.

Arthur Gabriel Caldas Lopes
Doutor em Engenharia Agrícola – UNESP/Botucatu
arthur.gabriel@unesp.br

Aldir Carpes Marques Filho
Doutor e professor de Engenharia Agrícola – UFLA/Lavras
aldir@ufla.br

Após a colheita das lavouras, chega o momento em que a propriedade contabiliza seus rendimentos e inicia o planejamento para a safra seguinte, época propícia para realizar melhorias nos sistemas mecanizados e alcançar maior eficiência produtiva.

Durante o planejamento da entressafra, é de suma importância que a manutenção do maquinário esteja programada, sendo este um dos pontos críticos ao longo de todo o ciclo produtivo, desde o preparo do solo, plantio, distribuição de fertilizantes, aplicação de defensivos até a etapa final de colheita.

Manutenção

Tratando-se de manutenção, o fator humano é peça-chave no processo, pois os colaboradores e funcionários envolvidos com as máquinas da propriedade devem conhecer a fundo o funcionamento dos equipamentos e a manutenção, sendo capacitados de forma criteriosa para intervir no processo sempre que o padrão de qualidade for alterado.

De maneira geral, os cuidados com os tratores e colhedoras são maiores, pois as perdas em função da falha destes equipamentos são facilmente medidas e visíveis, portanto, os cuidados prévios e durante a operação tendem a ser maiores.

Contudo, o parâmetro geral para decisão de realizar a manutenção ou adiá-la é dado pelo mal funcionamento de algum componente, geralmente percebido por excesso de ruído ou de forma visual.

No tempo certo

As manutenções podem ser principalmente preventivas, corretivas ou preditivas. A preventiva possui a finalidade de “prevenir” um problema e atuar antecipadamente.

A corretiva ocorre após o sistema ou componente quebrar, enquanto a preditiva possui a finalidade de prever a falha antes que ela ocorra com um certo nível de certeza e com auxílio de informações prévias dos sistemas em bancos de dados.

O problema da manutenção preventiva é que ela se torna cara, visto que existe a intervenção nos sistemas antes que apresentem falhas. Na manutenção corretiva, o prejuízo pode ser maior, já que a manutenção ocorre somente após a falha no equipamento, parando o processo produtivo e aumentando o custo total.

A manutenção preditiva exige que a empresa possua dados prévios organizados e trace metas para intervenções nos sistemas mecanizados, mas, infelizmente, este tipo de manutenção é mais escasso no meio agrícola.

Tratores, distribuidores e pulverizadores

Os tratores exigem manutenção periódica em função das horas trabalhadas, realizadas em intervalos curtos (cada 10h) a longos (cada 5.000h). Estas intervenções precisam seguir o manual do fabricante para cada item de funcionamento da máquina, porém, muitas vezes são adiadas ou ignoradas pelos produtores.

A exemplo disso, temos a falta de trocas de óleos no período correto, lubrificação de peças móveis, calibração de pneus e lubrificação constante de pinos graxeiros, responsáveis por lubrificar componentes que são submetidos a altas temperaturas e atrito.

Os pinos exigem inspeção e lubrificação diária dos eixos dianteiros e traseiros, sistema de levante hidráulico de três pontos e tomada de potência. As revisões diárias, como lubrificação, pressão de inflação dos pneus, drenagem de água no combustível, conferência dos níveis de água e óleo do motor, verificação dos componentes hidráulicos são práticas por vezes ignoradas no processo de manutenção em muitas unidades produtivas.

Dica de ouro

Uma estratégia eficiente para superar os desafios da manutenção em tratores é o acompanhamento periódico. Da mesma forma como ocorre com as trocas de óleo, é preciso acompanhar diariamente os componentes de funcionamento da máquina e realizar registros semanais de avaliações visuais e possíveis pontos de atenção em cada máquina e componente.

Desta forma, adianta-se a percepção de falhas e evita-se a quebra da máquina durante a operação agrícola.

Sem desgaste

Resolver um problema de falha nas máquinas “durante” a operação agrícola pode aumentar significativamente o custo de manutenção, visto que as peças de reposição podem não estar disponíveis na região, e a mão de obra terceirizada, passível de contratação, fica mais cara quando o serviço é em regime de urgência.

Em relação ao fator calendário, é importante verificar que, se a máquina falhar fora do horário comercial, em um feriado ou final de semana, os valores de manutenção são acrescidos de taxas de serviço extras, em função da não adequação ao horário comercial.

A manutenção de máquinas de preparo do solo, distribuidores de corretivos e pulverizadores deve ser criteriosa e realizada constantemente, da mesma forma que ocorre nos tratores.

Quanto à qualidade da operação, deve-se ter critérios ainda maiores na inspeção dos componentes, pois nesta fase do processo quaisquer falhas operacionais irão resultar em deposição deficiente, alterando a quantidade de produto aplicado por hectare, gerando desperdícios e perdas produtivas, além de maior impacto ambiental.

O que fazer

As inspeções dos pulverizadores consistem em calibrações constantes da faixa de distribuição e volume aplicado/ha, aferição do funcionamento de esteiras, manômetros, integridades de pontas, agitadores de calda, mangueiras hidráulicas e subsistemas internos.

Após a operação, o cuidado principal deve ser tomado quanto à limpeza de reservatórios, visto que os produtos aplicados, sejam eles fertilizantes ou defensivos, têm elevado potencial corrosivo e de oxidação dos componentes.

Ao adiar a limpeza e descontaminação dos reservatórios, as próximas aplicações ficam comprometidas e a vida útil dos equipamentos é reduzida, principalmente os componentes móveis.

A falta de cuidado constante com os sistemas mecânicos e hidráulicos das máquinas reduz a vida útil destas e compromete a qualidade operacional das atividades agrícolas, incorrendo em prejuízos para os produtores.

Semeadoras de precisão e manutenção adequada

Desde o início do cultivo comercial de lavouras de grãos, especialmente com o advento do sistema de plantio direto, as semeadoras são consideradas máquinas de grande importância para o estabelecimento das lavouras e a qualidade do processo agrícola.

A manutenção destas máquinas normalmente é tratada como simples pela maioria das propriedades, porém, existem aspectos que precisam ser melhor investigados e serão demonstrados importantes pontos de manutenção para esta máquina.

Em sua composição mais simples, a semeadora-adubadora é composta por discos de corte, sulcadores e dosadores de adubo e sementes, rodas limitadoras de profundidade e rodas cobridoras. Visando maior qualidade para a semeadura, é importante verificar periodicamente todos os componentes, lubrificar e garantir que estão em bom funcionamento.

Discos de corte

Os mecanismos são responsáveis por receber os primeiros impactos durante a operação, sendo responsáveis por cortar a palha e iniciar a formação do sulco de plantio.

Sua checagem deve ser realizada via avaliação do diâmetro dos discos e comprimentos de mola (Figura 1). As molas controladoras de pressão dos discos devem ter o comprimento comparado umas com as outras, sendo que, aquelas com elevada deformação lateral ou redução de tamanho devem ser substituídas.

Figura 1. Discos de corte são responsáveis por receber os primeiros impactos durante a operação de semeadura.
Responsáveis por cortar a palha e iniciar a formação do sulco de plantio.

O sistema de transmissão é responsável pelo acionamento dos mecanismos dosadores de fertilizantes e sementes, ou seja, seu mau funcionamento compromete totalmente a qualidade operacional.

Na manutenção deve-se atentar para a calibragem dos rodados (padronização do diâmetro), conferência de correntes, cabos flexíveis, eixos cardã (semeadoras de acionamento mecânico), enquanto em semeadoras de acionamento eletro-hidráulico normalmente é realizada apenas a inspeção de cabos elétricos, mangueiras e motores.

Em casos de problemas nestes sistemas, a principal alternativa é a troca dos componentes. O sistema deve ser constantemente lubrificado, evitando excessos, que devido ao acúmulo de poeira gera endurecimento e falhas. 

Na inspeção dos sulcadores e dosadores de fertilizantes, as medições são realizadas pela comparação no tamanho das molas, assim como nos discos de corte e das helicoides, avaliando o comprimento e distância entre elos (Figura 2). É sugerido para essa aplicação o uso de um paquímetro.

Figura 2. Análise do comprimento das roscas helicoidais e distância entre elos.

Inspeção e limpeza

Em seguida, a inspeção é realizada nos sulcadores e dosadores de sementes. Neste momento, examinar o conjunto de disco e anel (semeadoras mecânicas), disco, ejetor, singulador e borracha de vedação (pneumáticas) é um ponto-chave.

Em semeadoras pneumáticas, ainda é necessário examinar as tubulações, conferindo se há presença de furos e vazamentos, e se não existe excesso de grafite e poeira no interior.

A limpeza dos reservatórios de adubo e semente deve ser realizada ao final da safra, evitando empedramento e danificação dos sistemas (Figura 3).

Figura 3. Falta de limpeza em reservatórios de adubo e sementes.

Cuidados extras

Finalizando os componentes da semeadora, é preciso atenção às rodas limitadoras e compactadoras. Os cuidados passam pela análise da banda de rodagem das rodas e medição de molas de pressão da compactadora (Figura 4).

Figura 4. Avaliação da banda de rodagem das rodas limitadoras e molas das rodas compactadoras.

Para facilitar o processo de verificação, análises visuais entre componentes novos e usados são uma excelente proposta para instrução dos colaboradores da propriedade, que aliados a valores de referência, determinados para as máquinas da propriedade, tornam o processo de troca e manutenção mais simplificados.

A capacitação e a adoção do conceito de “operador mantenedor” podem contribuir muito para a eficiência de manutenção nas propriedades rurais.

Os discos caem seu poder de corte quando perdem, em média, 10% do seu tamanho original. Ex: discos de 20”, ao atingir 18” ou menos, potencialmente requerem troca.

Além da inspeção no galpão de máquinas, analisar o funcionamento da máquina em simulações sob baixa velocidade, sobre a lavoura da safra anterior, verificando, na prática, a qualidade do corte, doses de fertilizantes e deposição de sementes linha a linha, além do desempenho de partes móveis. Isso exige apenas o caminhamento ao lado da máquina, tomando nota do que está em desacordo.

Normalmente, a avaliação da máquina é realizada somente no momento do plantio. Desta forma, é comum não existir tempo hábil para correções e intervenções nos sistemas em função do calendário agrícola estreito, que prejudica a qualidade da operação e leva prejuízo para os produtores.

Assim, a manutenção deve ser realizada com maior antecedência possível ao plantio, para que o produtor tenha tempo para realizar as devidas correções nos sistemas.

Agricultura digital

O processo de manutenção em máquinas agrícolas ainda é muito negligenciado em propriedades rurais, no entanto, a era da agricultura digital e telemetria podem mudar este cenário.

Porém, isso não é realidade ainda e, até sua total implementação nas propriedades, é necessário recorrer a métodos tradicionais, como: lubrificação de partes móveis e reaperto de peças nos intervalos recomendados (Figura 5), trocas preventivas de componentes críticos à realização das operações (antes da quebra) e treinamentos constantes para qualificação dos colaboradores.

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