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terça-feira, abril 23, 2024
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Construção do potencial produtivo

Marco Túlio Gonçalves de Paula
Engenheiro agrônomo e mestre em Qualidade Ambiental – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
mtulio.agro@gmail.com

O potencial produtivo de uma planta é construído durante todo o seu período vegetativo, mas os cuidados nos estágios iniciais são essenciais para que o teto produtivo real seja o mais próximo possível do limite genético de cada cultivar, híbrido ou variedade. Um blend poderoso e equilibrado de nutrição de plantas é a solução para a construção do potencial produtivo com maior arranque inicial e desenvolvimento radicular mais vigoroso.
A raiz é o órgão vegetal responsável pela absorção de água e nutrientes, matérias-primas necessárias para a formação de todas as proteínas que compõem as estruturas morfológicas das plantas.
Por isso, devemos manter o ambiente rizosférico o mais afável para que o desenvolvimento radicular seja garantido. Para o crescimento das raízes, o ideal é um ambiente físico, químico e biologicamente equilibrado. Uma das questões a serem observadas é o índice salino causado pelos fertilizantes, que afeta negativamente na microbiota do solo e causa danos às raízes, reduzindo o poder de absorção delas.
Em se tratando dos fertilizantes comumente utilizados, como o fosfato monoamônico (MAP), cloreto de potássio, ureia e formulados em geral, tendo estes como base, recomenda-se que, ao aplicar no sulco de semeadura, a soma dos pontos de nitrogênio e potássio por hectare, não ultrapasse 80 kg.
De forma prática, se a recomendação é de 300 kg.ha-1 do formulado 03-21-21 em soja, o sulco de semeadura ficará com 9 kg.ha-1 de nitrogênio e 63 kg.ha-1 de potássio, somando 72 kg dos dois nutrientes. Como está abaixo de 80 pontos, é uma recomendação segura quanto ao ambiente radicular, lembrando sempre que a exigência nutricional de cada elemento deve ser seguida.

Inovações

Com baixo teor de cloro, as inovações favorecem a emergência das plantas e o estabelecimento da microbiota do solo. Aumento da fotossíntese e tolerância das plantas ao estresse são as apostas dos novos fertilizantes disponíveis no mercado que fazem a diferença em nutrição de plantas.
A nutrição, além de ser responsável por limitar o potencial produtivo da cultura, é muito mais que uma boa adubação de base. Ela exige uma correção da acidez do solo e uma boa saturação com cálcio, magnésio e potássio de forma equilibrada.
A suplementação dos nutrientes essenciais para cada cultura, tanto no sulco de semeadura como em cobertura, e a disponibilização de macronutrientes ativadores fisiológicos, micronutrientes e estimulantes da atividade fotossintética das plantas durante todo o ciclo demanda enorme atenção.
Com o uso de fertilizantes modernos, com baixos teores de cloro e índices salinos menores, o desenvolvimento da microbiota do solo aumenta, favorecendo a simbiose com o sistema radicular, uma troca lucrativa para ambos – planta e microrganismo.
Com o aumento da atividade microbiológica no solo, nutrientes como o fósforo, altamente adsorvidos, ficam disponibilizados em maiores quantidades para as raízes absorverem. Como plus, grande parte desses microrganismos são inimigos naturais de fungos fitopatogênicos de solo, nematoides parasitas de plantas, entre outros seres prejudiciais ao cultivo, reduzindo suas populações, às vezes até abaixo do nível de dano.

Alternativas

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O tratamento das sementes também contribui para formação do potencial produtivo. Atualmente, defensivos biológicos no controle de nematoides e fungos patogênicos, fertilizantes compostos por ativadores fisiológicos que atuam na germinação e micronutrientes que nutrem a plântula, garantem maior vigor e estande inicial mais uniforme.
Por isso, ao fazer o tratamento de sementes, tecnologias modernas vão além do conceito de que apenas inseticidas e fungicidas garantem uma lavoura bem estabelecida.
Com uma boa correção de solo, adubação de base completa e tratamento de semente atendendo todos os pilares, a adubação de cobertura também deve ser bem direcionada. Fertilizantes à base de nitrogênio podem ser muito mal aproveitados quando aplicados em cobertura. Por isso, a formação de palhada é de extrema importância na proteção destes insumos, que podem ser perdidos por lixiviação e volatilização.

Hora de aplicar

O momento de aplicação também deve ser mais favorável ao adubo, antecedendo chuvas ou períodos nublados. Como boa opção já oferecida pelo mercado, a escolha de fertilizantes protegidos, com tecnologias de liberação gradual, ajuda muito no aproveitamento do nutriente, principalmente na redução das perdas por volatilização e lixiviação. Essas tecnologias e técnicas de manejo se pagam em aumento de produtividade.
Complementando o tema de construção do potencial produtivo, é importante ressaltar que cada técnica e conhecimento aplicado durante o manejo da lavoura, seja ela perene ou anual, deve ser acompanhada de uma manutenção.
Não adianta construir uma ótima base produtiva com nutrição e perder parte desse potencial com um controle ruim ou intermediário de pragas e doenças. Um solo bem adubado para o cultivo também é bem adubado para as plantas infestantes, por isso, o manejo de herbicidas deve ser feito de forma preventiva, para que não haja competição com outras espécies não desejadas.
As pulverizações de defensivos devem ser feitas com boa tecnologia de aplicação e atendendo os momentos ideais para cada defensivo e alvo em questão. A mecanização deve ser adequada à área, e a semeadura deve ser feita com baixo coeficiente de variação para população e profundidade.
A colheita deve ser feita para que a quantidade de grãos não captados pela colhedora seja mínima e a lavoura deve ser conduzida para que todo potencial produtivo construído seja, de fato, aproveitado.

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