Giovana Cândida Marques
Engenheira agrônoma e laboratorista do Grupo JC
giovana-candida.marques@unesp.br
A tomaticultura brasileira encontra-se difundida em todo território nacional, sendo o estado de Goiás o principal centro de cultivo, com 13,6 mil hectares plantados (IBGE, 2023).
Essa cultura é altamente sensível às pragas e doenças. Uma das pragas polífagas que causa mais prejuízos nessa cultura são os pulgões.
O temido pulgão
A grande importância do pulgão na cultura do tomate é devido a sua capacidade de transmitir fitoviroses, como o Potyvírus e Luteovírus, causadores do topo amarelo e do amarelo-baixeiro-do-tomateiro, respectivamente.
Tabela 1 – Principais pulgões da cultura do tomate
Espécie | Nome comum | Nível de ação ou controle |
Myzus persicae | Pulgão | 10% de ponteiros atacados ou 1 adulto/ponteiro, em média |
Macrosiphum euphorbiae | Pulgão | 10% de ponteiros atacados ou 1 adulto/ponteiro, em média |
Aphis gossypii | Pulgão | 10% de ponteiros atacados ou 1 adulto/ponteiro, em média |
Características dos pulgões
Os pulgões possuem ciclo biológico dividido em duas fases, a fase de ninfa e a de adulto, com duração média de cinco a 15 dias.
Esses insetos são encontrados em grandes colônias na face inferior das folhas, brotações e flores. São capazes de reproduzir sem o acasalamento por meio da partenogênese.
As fêmeas não depositam ovos e sim ninfas, pois os pulgões são vivíparos. Cada fêmea é capaz de gerar até 80 indivíduos durante a vida.
Monitoramento de pulgões na cultura do tomate
O monitoramento de pulgões na cultura do tomate deve ser feito semanalmente e, nas épocas de maior incidência de pragas, duas vezes por semana. Para isso, é necessário utilizar armadilhas adesivas amarelas e vistoriar as folhas.
Os ponteiros da planta devem ser batidos em bandejas brancas para verificar a presença dos pulgões.
Condições que aumentam a população de pulgão
As condições favoráveis ao aumento populacional dos pulgões são o tempo nublado, quente e úmido e a ausência de inimigos naturais.
Os períodos de chuvas fortes, por outro lado, fazem reduzir o nível populacional, pelo controle físico causado pelas gotas de chuva sobre os pulgões.
Danos do pulgão no tomateiro
Os pulgões adultos e as ninfas sugam a seiva e injetam toxinas nas plantas. Outro dano é causado pela excreção, pois esses insetos favorecem a formação de fumagina nas folhas.
Além dos danos citados, os pulgões transmitem o vírus do topo amarelo do tomateiro (Tomato yellow top virus – ToYTV), o vírus do amarelo baixeiro (Tomato bottom leaf yellow virus – TBLYV) e o vírus Y da batata (Potato virus Y – PVY).
Uma picada de prova em uma planta infectada seguida de outra picada de prova em planta sadia possibilita a transmissão do vírus.
As altas infestações afetam drasticamente a produção e causam a morte das plantas atacadas. A sucção contínua da seiva em tecidos da planta e a injeção de toxinas provocam definhamento, além do encarquilhamento das folhas, brotos e ramos.
Outro sintoma é redução no número de frutos produzidos, devido ao abortamento de flores.
Inseticidas químicos utilizados contra os pulgões
O inseticida Mospilan WG proporciona maior controle e possui efeito de choque sobre o pulgão. Outros que podem ser utilizados são o Imidagold 700 WG, Actara 250 WG e o Sperto.
O acetamiprido + bifentrina nas doses de 150, 200 e 250 g pc ha-1 apresenta controle eficaz sobre o pulgão M. persicae por, no mínimo, 10 dias após a segunda aplicação.
A aplicação de inseticidas para o controle do pulgão deve evitar o desperdício de produtos. Para isso, é necessário conhecer a praga e a distribuição das gotas de pulverização no interior do dossel da planta.
Outras medidas de controle
Não realizar os plantios próximos a culturas como soja, feijoeiro e algodoeiro, que são hospedeiras de insetos sugadores, como os pulgões.
Essa medida visa reduzir a migração das pragas de outras culturas hospedeiras para a cultura do tomateiro e, com isso, reduz os prejuízos causados pelos pulgões à tomaticultura.
Manejo da nutrição
Outro tipo de manejo que se pode adotar é da nutrição, que visa a adubação química e orgânica mais equilibradas, conforme a análise de solo ou foliar e com base nos requerimentos da cultura.
Busca, com esse manejo, evitar a deficiência e/ou excesso de nutrientes, principalmente o N nas plantas, pois, geralmente, o excesso de nitrogênio via adubação proporciona maior conteúdo de aminoácidos livres e açúcares na planta.
O maior conteúdo de aminoácidos livres nas plantas favorece o ataque de insetos sugadores, tais como os pulgões, pois deixa os tecidos vegetais mais tenros, além de acelerar o desenvolvimento dos insetos e aumentar a taxa reprodutiva.
Os tecidos mais tenros são facilmente atacados e digeridos pelas pragas, o que resulta em maiores infestações e perdas na produção.
Cobertura do solo
A cobertura do solo com superfície refletora de raios ultravioletas, como a casca de arroz ou palha, dificulta a colonização dos pulgões.
Ainda, deve-se eliminar as plantas daninhas e silvestres que sejam hospedeiras alternativas de pragas do tomateiro e fontes de inóculo de viroses da cultura.
A eliminação dessas plantas contribui para a quebra do ciclo biológico das pragas e reduz a incidência das viroses, o que minimiza os prejuízos causados ao cultivo.
Destruição e incorporação de restos culturais
A destruição e incorporação de restos culturais e de cultivos abandonados ou com ciclo interrompido tem como objetivo eliminar a população remanescente de pragas na área e, assim, reduz o deslocamento dos insetos da lavoura mais velha para a mais nova.
A instrução Normativa do Estado de Goiás (IN nº 05, de 13/11/2007) torna obrigatória a eliminação de restos culturais até 10 dias após a colheita de cada talhão.