Luciano Brito
Engenheiro agrônomo e gerente da Agrícola Wehrmann
O míldio vem se tornando uma doença de grande importância nos sistemas de produção, trazendo enormes prejuízos por se tratar de um fungo que ataca principalmente as folhas das diversas culturas. Essa perda de folhas pode comprometer significativamente a produtividade da cebola.
A doença tem preferência por regiões de clima frio, como São Paulo, Alto ParanaÃba e Sul do País. Nessa safra, em Cristalina (GO), estamos com condições climáticas favoráveis ao ataque da doença, pois as temperaturas estão baixas, com máxima de 25°C e mÃnima de 12°C. Mas, mesmo com essa situação não tivemos relatos do patógeno nos campos de cebola da região.
No momento os campos se encontram em condições de sanidade muito boa, o que permitirá uma boa produção no restante da safra.
Culturas atacadas
A maioria das espécies do gênero Allium (cebolinha, alho-poró e outras) é afetada pelo fungo. O patógeno sobrevive nos restos culturais, nos bulbos utilizados no plantio e nas sementes.
A disseminação é feita por meio de bulbos infectados, sementes, água e vento. As condições climáticas favoráveis são temperaturas amenas e umidade relativa elevada, com presença de água de orvalho, de chuva ou de irrigação, na superfície das folhas.
Danos à cebola
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O principal dano causado à cebola é a redução acentuada da capacidade fotossintética, em função do ataque de míldio às folhas, as quais podem ser completamente destruÃdas. Como consequência, há comprometimento do desenvolvimento da planta e da formação do bulbo.
Alerta para os sintomas
A infecção nas folhas e haste floral mostra, de início, sintomas com mancha grande, ovalada, de tonalidade verde-clara no sentido longitudinal das folhas, com mofo violeta acinzentado a escuro facilmente observado nas primeiras horas da manhã.
Com a evolução da doença ocorre descoloração do tecido afetado, que adquire tonalidades verdes mais claras do que as regiões sadias das folhas. Ao aumentarem de tamanho, as manchas se alongam no sentido das nervuras e, em seguida, tornam-se necróticas.
Importância do monitoramento
O monitoramento dos campos de cebola é de extrema importância, pois se trata de um patógeno que pode causar danos muito severos à produção. Outro fator a ser observado é quanto ao momento do controle, ou seja, a hora certa para realizar as pulverizações.
Quando agir
É preciso estar sempre atento a fatores como o clima, aparecimento da doença no campo, e utilizar métodos preventivos de controle.As medidas de controle do míldio serão mais efetivas se adotadas de forma integrada. Inicialmente, recomenda-se o plantio de bulbos e sementes comprovadamente sadias, evitando-se que a doença se instale na área.
O local do plantio deve possuir boa drenagem e ser pouco sujeito a neblinas. O espaçamento utilizado deve permitir boa ventilação, de forma a propiciar um rápido secamento das folhas após a ocorrência de chuvas, orvalho ou irrigação.
Dentre as medidas de controle existentes, a utilização de produtos anti-oomicetos é a mais empregada pelos agricultores. No entanto, a eficiência do controle químico está condicionada ao respeito às características técnicas de cada produto.
Produtos dos grupos químicos das estrobirulinas, ditiocarbamatos, dicarboximida, acetamida, isoftalonitrila, acilalaninato ecarbamato são ótimas opções para o controle do míldio na cultura da cebola.
Novidades
Além dos já citados, produtos do grupo químico das morfolinas estão mostrando grande desempenho no controle do patógeno.Além disso, cultivares tolerantes e com certa resistência são importantes, pois podem garantir uma boa produtividade e a diminuição no uso de defensivos e, consequentemente, trazer redução nos custos de produção.