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Cultivo do endro

Atração a inimigos naturais de pragas

Franscinely Aparecida de AssisDoutora em Entomologia e professora do Curso de Agronomia – Centro Universitário de Goiatuba (UniCerrado)franscinelyassis@unicerrado.edu.br

Vanessa AndalóDoutora em Entomologia e professora do Curso de Agronomia – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)vanessaandalo@ufu.br

Endro – Créditos: Pixabay

A espécie Anethum graveolens L., popularmente conhecida como aneto, endro ou dill, apresenta origem controversa, sendo a mesma atribuída ao Sul da Europa ou Oeste da Ásia. Trata-se de uma planta da família Apiaceae, de ciclo anual e herbácea, de porte ereto, que pode alcançar 1,20 m de altura. Na aparência, é semelhante ao funcho Foeniculum vulgare Mill., por pertencerem à mesma família botânica.

O endro é uma planta glabra, ramificada, com haste sulcada e entrenós ocos. As folhas são finas, alternadas, pecioladas, verde brilhantes e filiformes, semelhantes às do funcho, porém menores. As flores são amarelas, dispostas em quatro a oito umbelas, sendo visitadas por abelhas e moscas, enquanto o fruto apresenta uma semente marrom.

Características

Pode ser utilizado para fins medicinais, aromáticos e como condimento. Apresenta sabor levemente amargo e picante, sendo as sementes e as folhas as partes da planta mais utilizadas. Para preparo de molhos, saladas e sopas são usadas folhas (frescas ou secas) e inflorescências.

Conservas podem ser saborizadas mediante o uso das inflorescências e dos frutos maduros. Também é possível obter óleos essenciais por meio das partes verdes (óleo da erva de endro) e dos frutos (óleo da semente do endro), sendo utilizados, respectivamente, como aromatizante e tempero na indústria alimentícia e como medicinal, no alívio de problemas digestivos. Em geral, o endro apresenta propriedade carminativa, estimulante e diurética, além de aumentar a produção de leite materno.

Atratividade aos inimigos naturais

Além da importância medicinal, aromática e condimentar, o endro fornece recursos alimentares importantes para os inimigos naturais, como pólen e presas, pois a cultura hospeda insetos fitófagos; e atua como substrato para acasalamento e oviposição, o que favorece a manutenção de insetos predadores na área de cultivo e auxilia na redução da densidade populacional dos insetos-praga.

Na tabela a seguir são apresentados alguns predadores que foram relatados na cultura do endro (Tabela 1).

Tabela 1. Predadores associados à cultura do endro Anethum graveolens L.

Nome comum Espécie Ordem (Família)
Aranha Misumenops sp.1 e 2 Araneae: Thomisidae
Crisopídeo Chrysoperla externa Neuroptera: Chrysopidae
Cycloneda sanguinea
Joaninhas Hippodamia convergens Coleoptera: Coccinellidae
Harmonia axyridis
Eriopsis connexa
Percevejo Orius insidiosus Hemiptera: Anthocoridae
Tesourinha Doru luteipes Dermaptera: Forficulidae
Tripes Franklinothrips vespiformis Thysanoptera: Aeolothripidae

Fonte: Lixa et al., 2010; Resende et al., 2012; Resende et al., 2017.

Cultivares

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Dentre as cultivares de endro que apresentam registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, têm-se as seguintes: Aneto-Endro, Dill Bouquet, Dill Fernleaf, Dill Plain, Dukai-Dilo, Endro Dill ou Aneto (MAPA/CultivarWeb, 2022).

Propagação e cultivo

O plantio do endro pode ocorrer durante todo o ano, principalmente no início da primavera, sendo sua propagação realizada por sementes. Inicialmente, deve-se eliminar torrões dos canteiros até 20 cm de profundidade, a fim de favorecer o desenvolvimento do sistema radicular.

O solo deve apresentar pH variando de 5,5 a 6,5. Quanto à adubação, pode ser utilizado esterco e 300 g de adubo mineral formulado (NPK) para cada 10 m2 de canteiro. No que diz respeito à umidade, o solo deve ser úmido, pois solo seco e alta temperatura do ar contribuem negativamente para florescimento precoce, o que faz com que a planta apresente menor teor de óleo essencial, o que não é desejável.

A semeadura pode ser direta ou realizada em sementeira, com a semente colocada de 0,5 a 1,0 cm de profundidade. A germinação ocorre de sete a 21 dias, sendo que no caso da sementeira o transplantio das mudas deve ocorrer de 25 a 30 dias após a germinação. O espaçamento praticado para a cultura varia de 0,30 m x 0,30 m ou 0,40 m x 0,30 m, entre linhas e plantas, respectivamente.

Durante a condução da cultura, é necessário eliminar as plantas daninhas por competirem com o endro por água, luz e nutrientes. É importante salientar que a cultura é sensível a ventos, devendo o cultivo ser protegido dos mesmos. Também não é recomendável fazer o cultivo do endro próximo ao funcho, em função do cruzamento interespecífico.

Colheita e comercialização

O ciclo da cultura varia de 90 (verão) a 120 dias (inverno), sendo que a incidência direta de luz solar durante todo o dia favorece o crescimento e desenvolvimento das plantas. Na colheita do endro, pode-se optar por colher somente as folhas, até a floração, ou a planta inteira.

Para obtenção das sementes, o ideal é não colher as folhas, para não prejudicar a produção. Frutos de coloração amarronzada são um indicativo de que as sementes estão prontas para serem colhidas.

No que diz respeito à comercialização, nos hortifrútis o endro é encontrado para venda na forma de maço com valores entre R$ 7,99 a R$ 9,95. No entanto, esses preços podem sofrer grande variação, dependendo da região.

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