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Cultivo em campo aberto ou hidroponia: qual o melhor para o cultivo de folhosas?

Gustavo Hacimoto
Desenvolvimento de Produtos – Enza Zaden Brasil

Quando se trata de comparar os métodos de produção de folhosas, seja no solo em campo aberto ou na hidroponia em cultivo protegido, é necessário considerar os prós e contras de cada sistema. Essa análise detalhada é crucial para que produtores possam tomar as suas decisões para que ao final tenham êxito em seus negócios.

Analisando friamente, pode-se afirmar que o cultivo hidropônico se destaca como a opção mais “eficiente”. Nesse sistema, os alimentos são produzidos de maneira mais limpa, já que não há contato direto com o solo.

A eficiência no uso de adubos é superior, pois os nutrientes requeridos pela planta são dissolvidos em água, ficando prontamente disponíveis para absorção. Além disso, o ciclo de crescimento das plantas é mais curto do que no cultivo em campo aberto, o que permite uma colheita mais rápida.

Outro ponto forte da hidroponia é a capacidade de cultivar mais plantas por metro quadrado, o que resulta em maior rendimento por área. Com ajustes na estrutura e na adubação, é possível cultivar uma ampla variedade de itens ao longo de todo o ano, garantindo oferta constante para os clientes finais, uma vantagem significativa em termos de mercado.

O outro lado da moeda

Por outro lado, há desvantagens na hidroponia que não podem ser ignoradas. O investimento inicial é substancialmente alto, exigindo estufas, plásticos, perfis ou calhas para condução das plantas, bombas, reservatórios de água e solução nutritiva, entre outros.

A vantagem do fornecimento direto de nutrientes pode se transformar em desvantagem caso ocorra algum erro no preparo da solução nutritiva, seja por quantidade ou incompatibilidade entre os adubos, levando a desequilíbrios nutricionais que prejudicam o desenvolvimento das plantas.

Além disso, as mudanças ambientais bruscas podem exigir ajustes imediatos na adubação. Por exemplo, dias nublados e de temperaturas mais baixas seguidos de um aumento repentino na temperatura podem causar deficiência de cálcio, resultando na “queima de borda” ou “tipburn”.

Outro ponto crítico é a dependência constante de energia elétrica para o funcionamento do sistema, o que exige planos alternativos para possíveis interrupções no fornecimento, especialmente em regiões mais quentes.

Quanto a pragas e doenças, o cultivo protegido não está imune a esses problemas, que apenas mudam de natureza e podem causar danos equivalentes aos observados no campo aberto, seja diretamente às plantas ou indiretamente como vetores de doenças.

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O campo aberto

Por sua vez, o cultivo no solo em campo aberto apresenta suas próprias vantagens. O investimento inicial em infraestrutura é consideravelmente menor do que na hidroponia. O solo atua como um efeito tampão em relação à adubação, mascarando erros e mitigando impactos negativos no desenvolvimento das plantas.

A vasta e rica biodiversidade do solo, com milhões de microrganismos, pode ser uma aliada no combate a fitopatógenos e pragas, além de auxiliar no crescimento das plantas por meio da produção de compostos benéficos ou no fornecimento de nutrientes.

No entanto, a biodiversidade do solo pode ser comprometida em cultivos comerciais sucessivos em uma mesma área, facilitando o estabelecimento de fitopatógenos de forma mais agressiva, causando danos às plantas e consequentemente à produção final.

Por isso, é essencial cuidar do solo, adotando práticas como rotação de culturas e incrementando a matéria orgânica através de uma adubação verde para preservar a saúde do solo e garantir a sustentabilidade a longo prazo.

É preciso organizar bem a área que se possui para o cultivo de modo que se tenha sempre lotes em produção e lotes em rotação.

Desafios

No entanto, o cultivo em campo aberto enfrenta desafios significativos durante períodos chuvosos e de altas temperaturas, como maior incidência de pragas e doenças, além de dificuldades operacionais no preparo do solo e dos canteiros.

Essas condições podem impactar negativamente a disponibilidade e qualidade dos produtos ao longo do ano, um fator crucial para atender às expectativas dos consumidores.

Comparativo

Considerando a parte prática de ambos os cultivos, para ter uma alta escala de produção a demanda por mão de obra é alta em ambos os casos, especialmente nas operações de plantio e colheita, que são predominantemente manuais.

Em alguns casos, como na hidroponia, há a necessidade adicional de operações como o transplante em fases de berçário, o que aumenta ainda mais a necessidade de pessoas.

Em termos de sabor, há quem defenda que rúcula ou agrião cultivados em campo aberto têm mais sabor e intensidade do que os cultivados em hidroponia. Isso pode ser atribuído à diferença na nutrição das plantas em cada sistema.

Na hidroponia os nutrientes são dissolvidos em água e disponibilizados à planta como se fosse uma injeção na veia. Com isso o desenvolvimento é mais acelerado e esse controle de qual nutriente aumentar ou diminuir pode ser feito diariamente, de acordo com a demanda da planta.

Em campo aberto, além desse processo de nutrição ser feito de outras formas, há interação da planta com o próprio solo, com a matéria orgânica e todos os microrganismos presentes nele. Na comparação com injeção na veia e hidroponia, no cultivo em solo estaríamos nos alimentando de uma dieta diversificada, com arroz, feijão, salada e proteína.

Em resumo, a intenção não é apontar qual sistema é superior, mas sim destacar que, de acordo com a realidade de cada produtor e região do Brasil, uma opção pode ser mais viável do que a outra.

É essencial considerar os recursos disponíveis e trabalhar para mitigar os pontos negativos, visando ao sucesso na produção.

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