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Dia do Campo: chá brasileiro também é agro e tem jornada de resiliência

Conheça as 4 empresas familiares produtoras de chá nacional; cultivo agroflorestal, ortodoxo, exportações e medalha em concurso marcam a história da Camellia sinensis no Brasil

Créditos Pixabay

Celebrado no dia 10 de maio, o Dia do Campo é um convite à valorização do pequeno agronegócio brasileiro. E, neste recorte, os produtores de chá nacionais – descendentes de japoneses – constroem uma impressionante história de resiliência e reverência a conhecimentos milenares de cultivo da Camellia sinensis, planta que origina a bebida.

Popularmente, no Brasil, costuma-se chamar de chá todas as bebidas infundidas a partir de plantas como hortelã, menta, cidreira e tantas outras. Porém, na Ásia, o nome chá é relacionado apenas com a Camellia Sinensis, planta da família Theaceae, também conhecida como planta do chá. De forma técnica, as outras plantas originam infusões.

No Brasil, apenas 3 famílias e uma multinacional japonesa são responsáveis pela produção de chá, em São Paulo. Conheça mais sobre estas empresas familiares,através da pesquisa para o livro História do Chá no Brasil, de Yuri Hayashi.

Amaya Chás (Registro – SP)

Família Amaya

Hoje, a família Amaya produz chá preto, oolong e chá verde no estilo não ortodoxo, além de blends e o chá verde em pó. Os chás são comercializados a granel em sacos zip pouch e algumas linhas em sachê, distribuídos em lojas espalhadas pelo país.

Área do campo – 87 hectares
Produção anual – 90 toneladas de chá
Atuação – 80 anos

A família Amaya chegou ao Brasil em 1919, formada por Shutekishi Amaya e Nao Amaya, juntamente com seus filhos Jorge, Hélio e Antonio, o primeiro médico japonês a se formar no Brasil e também apaixonado pela bebida. Foi Antônio de Mello Amaya o grande incentivador da produção de chá pela família, também se dedicando à pesquisa da cultura da planta.

Em 1936, a família lançou o Chá Ypiranga, comercializado principalmente no Rio de Janeiro. Sua venda era de cerca de 100 toneladas por ano.

Após esse primeiro envolvimento dos Amaya com o cultivo do chá, eles migraram a produção para o estilo não ortodoxo e, apesar de a fábrica ter sido modernizada para produzir milhares de toneladas de chá por ano, atualmente, ela produz apenas metade de sua totalidade, devido à demanda.

Sítio Shimada (Registro – SP)

O primeiro chá produzido pela família Shimada foi um chá preto artesanal em homenagem à senhora Ume, matriarca da família. A capacidade total do sítio pode atingir 1 tonelada/ano, mas conforme a procura do mercado, a produção gira em torno da metade do total. Hoje, eles também produzem o chá verde, chá branco, chá preto defumado e o Chá Dourado (um chá preto especial feito apenas de brotos). Destaque para a plantação de lichia ao lado do chazal, que confere um terroir diferenciado.

O Sítio tem certificação de orgânico pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), com chás comercializados a granel em sacos zip pouch, distribuídos em lojas especializadas e e-commerces.

Área do campo – 6 hectares
Produção anual – 500kg de chá

A senhora Ume Shimada, 97 anos, passou a vida trabalhando na colheita da planta do chá, cujas folhas eram levadas para serem processadas em fábricas. Quando o mercado não pôde mais comprar a sua colheita, a Sra. Ume não quis perder a produção do seu pequeno chazal familiar e resolveu instituir novamente a produção artesanal do chá, no ano de 2014.

Tomio Makiuchi, grande entusiasta de chás, foi quem auxiliou a senhora Ume a estabelecer uma pequena sala de produção de chá preto, recuperando todo o equipamento inicial da família. Já a filha da senhora Ume, Teresinha Shimada, aprendeu com Tomio a arte de processar o chá colhido na propriedade da família e hoje ela é a responsável por sua produção artesanal, contando com a ajuda de outros familiares nas demais áreas.

Sítio Yamamaru (Sete Barras – SP)

O Sítio Yamamaru produz chá verde feito 100% de forma manual (ortodoxo) e, mais recentemente, passaram a produzir o chá preto, que conquistou a medalha de ouro no Concurso Brasileiro de Chás em 2023. Os produtos são produzidos no sistema agroflorestal, comercializados a granel em sacos zip pouch e vendidos em lojas especializadas.

Área do campo – 20 hectares
Produção anual – 60kg de chá

Durante muitos anos, o Sítio Yamamaru ficou arrendado. Com o desejo da família em retornar os cultivos no local, um trabalho de recuperação do terreno se iniciou adotando o sistema de agrofloresta, caminhando de mãos dadas com a Mata Atlântica que ali crescera.

A parte do chazal abandonada por 25 anos, começou a ser recuperada em 2011 e foi no ano de 2017 que a família voltou a processar chás novamente.

Os irmãos Miriam e Kazutoshi, com o apoio da família, são os principais responsáveis pelo chá que está sendo produzido agora, em conjunto de outras culturas como a do palmito jussara.

Yamamotoyama do Brasil (São Miguel Arcanjo – SP)

A Yamamotoyama é uma empresa japonesa criada em 1690 e que chegou ao Brasil em 1970, atraídos pelo mercado aberto na ocasião. Kuniichiro Yamamoto, presidente da nona geração da marca, tinha o sonho de fornecer chás de qualidade ao mundo e seguindo sua visão, encontrou em São Miguel Arcanjo (SP) as condições climáticas perfeitas para produzir chás no estilo tradicional japonês.

Área do campo – 104,25 hectares
Produção anual – 1.530 toneladas de folhas verdes / ano
Atuação – 334 anos

Os cultivares japoneses Yabukita e Yutakamidori, assim como o maquinário, foram trazidos do Japão. Eles possuem os chás verdes estilo japonês (sencha, bancha, genmaicha, hojicha). A maior parte desta produção é exportada para o Japão, Estados Unidos e Europa. Parte da produção orgânica leva selo do IBD – Associação de Certificação Instituto Biodinâmico.

Outros locais

No Brasil, existem outros locais em que a Camellia sinensis é cultivada, ainda que de forma experimental, como na Casa de Chá Marrege, em Caeté, Minas Gerais. que conta com aproximadamente 100 plantas e produção própria de chá preto. Outros chazais selvagens também existem na Serra da Mantiqueira e no Parque do Itacolomi (MG).

Evento celebra a cultura do chá

Os apaixonados por esta bebida milenar já podem se preparar, porque a 2ª Semana da Cultura do Chá no Brasil já tem data marcada: de 29 de julho a 4 de agosto de 2024.

Com mercado e público em constante expansão no Brasil, o chá tem conquistado cada vez mais espaço na preferência de quem busca por um estilo de vida mais saudável e também como ingrediente na gastronomia e na mixologia.

Para o evento estão previstas centenas de atividades, como workshops, promoções, encontros, degustações, webinares, e outros, que acontecerão online e presencial em vários estados, envolvendo a cultura em torno da bebida. Haverá também uma programação dedicada a empreendedores do ramo, tea blenders, gestores, proprietários de cafeterias, baristas, entre outros.

Em 2022, a primeira edição da Semana contou com 250 empresas convidadas, cerca de 400 atividades e mais de 2.600 participantes, com apoio de embaixadas internacionais.

Chá é tendência de consumo e mercado

Dados da pesquisa da Euromonitor International (Agosto/2021) indicam que o consumo de chá e infusões no Brasil cresceu 25% entre 2013 e 2020, quase o dobro da média mundial de 13%, comprovando o vasto interesse dos brasileiros pela bebida e um mercado promissor.

Já a Associação Brasileira de Chá (AbChá), apoiadora do evento, já abraça mais de 100 empresas dedicadas ao produto, incluindo produtores de chá nacionais, localizados no Vale do Ribeira, pólo brasileiro importante no cultivo da Camellia sinensis.

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