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Dosadores de Sementes, discos e anéis: hora de escolher

Aldir Carpes Marques Filho
aldir@ufla.br
Rafael de Oliveira Faria
rafael.faria@ufla.br
Doutores e professores – Departamento Engenharia Agrícola – Universidade Federal de Lavras (UFLA)

Divulgação

No momento da semeadura, uma das grandes dúvidas dos agricultores está relacionada à escolha correta dos mecanismos dosadores de sementes. Trata-se de um assunto simples, porém, requer alguns cuidados básicos de dimensionamento dos sistemas, de forma a evitar problemas futuros na lavoura, como a presença de falhas, duplas e altos coeficientes de variação no espaçamento entre sementes.

Os sistemas mais comuns de dosagem de sementes podem ser de dois tipos: pneumáticos ou mecânicos.

Cada sistema dosador exige cuidados específicos e apresenta recomendações distintas em relação ao desempenho e regulagens no momento da semeadura. Por exemplo, os dosadores pneumáticos são menos danosos à estrutura física das sementes, já que propiciam menor contato mecânico no processo de separação e dosagem.

Em contraponto, dosadores mecânicos horizontais podem ser mais agressivos e, a depender da velocidade operacional, podem prejudicar o vigor das sementes durante o processo de dosagem.

Nos dosadores pneumáticos, é importante verificar a integridade dos discos dosadores de sementes, normalmente fabricados em Poliacetal (plástico de alta resistência), ou mesmo em metal (aço inox). Estes discos sofrem desgaste ao longo de sua vida útil, portanto, alguns fabricantes recomendam a substituição em função do seu tempo de uso.

No entanto, muitos produtores não percebem esse desgaste, e isso pode causar desuniformidade na deposição de sementes, já que discos desgastados podem propiciar perdas na pressão do vácuo (fugas de ar) no dosador, ocasionando falhas na deposição.

O que você precisa saber

A seleção do tamanho dos orifícios em relação ao tamanho das sementes também é fator primordial para o bom funcionamento dos mecanismos dosadores, o que ocorre tanto para os dispositivos mecânicos quanto para os pneumáticos.

Orifícios muito grandes em relação às sementes certamente irão gerar maiores quantidades de plantas duplas (agrupadas). De outra forma, discos com orifícios pequenos podem não comportar sementes e gerar falhas na lavoura.

Nos dosadores pneumáticos, um mesmo tamanho de orifício possui maior versatilidade de aplicação em diversos tamanhos de sementes, já que a retenção das sementes ocorre pelo aumento da intensidade de pressão de vácuo e ajustes no seletor de sementes.

Maiores pressões de vácuo tendem a ocasionar passagens de sementes duplas pelos orifícios, enquanto as baixas pressões podem causar falhas, pela perda da força de retenção das sementes. Isso ocorre principalmente em unidades semeadoras com alta vibração em terrenos desuniformes.

Os discos

Divulgação

Altas populações exigem discos com maior quantidade de orifícios. Em média, para populações até 12 sementes por metro, pode-se utilizar discos com 40 orifícios. Para populações entre 12 e 30 sementes por metro de lavoura, são necessários discos de 60 a 120 orifícios, dispostos em fileiras duplas ou triplas.

A massa das sementes e o diâmetro dos orifícios devem ser considerados para a seleção da pressão de vácuo ideal em cada um dos modelos de discos dosadores. Normalmente, os fabricantes apresentam tabelas de seleção de vácuo em função da massa de mil sementes e, como regra geral, sementes mais pesadas exigem maiores pressões de vácuo. Portanto, a cada mudança de variedade do material propagativo, é importante ajustar discos e dosadores.

Nos dosadores mecânicos, a seleção de discos e anéis deve ser bastante criteriosa, já que, no caso de incompatibilidade entre o tamanho das sementes e os orifícios do disco, podem ocorrer quebras e danos nas sementes ao passarem pelos dispositivos raspadores e marteletes dispensadores de sementes.

Estes dispositivos possuem a função de selecionar e separar somente uma semente em cada alvéolo do disco, no entanto, em caso de sementes mal encaixadas, a ação mecânica dos dispositivos pode causar a quebra das sementes.

Ajustes fundamentais

Portanto, no momento da seleção do conjunto de disco e anel para semeadoras mecânicas, é fundamental encontrar o melhor ajuste entre o tamanho das sementes e os furos do disco.

Este fato deve ser observado também em relação à profundidade das sementes no orifício, de forma que estas não fiquem com a parte superior exposta, sob risco de danos durante a passagem pelo raspador.

Em caso de sementes com altura acentuada em relação ao diâmetro, pode-se lançar mão da seleção e uso de anéis rebaixados. Existem anéis com rebaixos de 1,0 até 3,0 mm e também discos de diferentes espessuras para comportar vários tamanhos de sementes.

O importante, nessa seleção, é o correto ajuste das sementes aos orifícios em profundidade e preenchimento interno, garantindo assim a impossibilidade de duas sementes ocuparem o mesmo espaço e evitando danos pelos raspadores e marteletes.

A utilização de um lubrificante em base seca como o grafite é importante para atenuar os impactos causados pelos mecanismos dosadores às sementes. Recomenda-se que a quantidade de grafite a ser utilizada, leve em consideração o formato das sementes.

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Avalie bem

O tratamento químico de sementes também pode afetar o desempenho dos dosadores, já que alguns produtos químicos possuem alta abrasividade. Nesses casos, é preciso avaliar a utilização do grafite em quantidades diferenciadas.

Recomenda-se que a aplicação do grafite seja realizada com as sementes secas e nunca concomitante ao tratamento de sementes, já que ambos os processos são antagônicos.

Muitos desafios são relacionados aos modelos de dosadores e seleção destes dispositivos durante a operação de semeadura. Uma boa seleção é de suma importância para garantir uma homogeneidade de distribuição longitudinal das sementes, isto é, o espaçamento exato entre uma semente e a outra.

Plantabilidade

Atualmente, no meio agrícola, é comum escutar o termo “plantabilidade”. Este começa com a correta seleção das sementes e fertilizantes, posteriormente passa pela qualidade de seleção dos mecanismos dosadores e por fim, pelos condutores desses insumos até o solo.

Modernos sistemas de semeadura incluem a condução das sementes até o solo, não mais pela ação gravitacional, como nos modelos tradicionais, mas sim com sistemas mecânicos de condução com correias ou escovas especiais, o que aprimora ainda mais a qualidade da operação e permite o trabalho com maior rendimento operacional.

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